As algas marinhas são ricas em nutrientes como iodo, cálcio, fósforo, magnésio e ferro. Ajudam a fortalecer o sistema imunológico, atuam como anti-inflamatórios e antioxidantes, além de possuírem alto potencial antibacteriano e antiviral
Os oceanos compõem cerca de 70% do planeta, possuindo infinitos tesouros naturais, entre eles as algas marinhas, que absorvem nutrientes do fundo do mar. Fora dos oceanos, as algas estão por aí no cotidiano das pessoas: em volta do sushi, anunciadas por seus benefícios cosméticos em alguma embalagem na farmácia ou mesmo trazidas pelo mar para a areia da praia. Mas a aplicação delas pode ir muito além.
As algas marinhas pertencem ao grupo de plantas Thalophytas, são assexuadas e com sistema reprodutor unicelular. São consideradas organismos primitivos, por não conterem seiva, raízes, folhas, flores, sementes e frutos.
Elas também são importantes para a economia humana, pois são utilizadas como alimento, como matéria-prima para a indústria farmacêutica, cosmética e alimentícia e também como meios de cultura para produção de bactérias e fungos.
As algas marinhas são mais conhecidas por serem utilizadas na culinária chinesa, porém existem outras formas de consumi-las e seus poderes nutricionais são surpreendentes. Quem explica os diversos benefícios destes superalimentos é a nutricionista Thaylise Scotti, da Ocean Drops, primeira empresa brasileira especialista em subprodutos derivados das algas.
Benefícios das algas marinhas
“As algas marinhas são ricas em nutrientes como iodo, cálcio, fósforo, magnésio e ferro. Ajudam a fortalecer o sistema imunológico, a melhorar o funcionamento da tireoide, atuam como anti-inflamatórios e antioxidantes”, afirma Scotii.
A nutricionista ensina que, pelo alto teor de Iodo, as algas marinhas são capazes de proteger o organismo contra o envenenamento por radiação e, além disso, também é importante para a tireoide. Auxiliam na melhora do sistema imunológico e para mulheres, na regulação dos hormônios.
“O iodo ainda é essencial para o funcionamento saudável da glândula tireoide, pois os altos níveis de iodo ajudam a regular os hormônios da tireoide.Por conterem bastante magnésio, são excelentes para prevenir inflamações das artérias coronárias, previnem enxaquecas, sintomas da asma e ajudam a amenizar os sintomas da menopausa”, conta Thaylise Scotti.
Segundo ela, um estudo da Universidade de Berkeley, Estados Unidos, descobriu que dietas contendo algas marinhas, reduziram a ocorrência de câncer no ovário, mama e câncer do endométrio. Foi descoberto também, que as algas marinhas podem reduzir a significativamente a dor de mulheres com endometriose.
“Por conterem fucoidan, um carboidrato complexo, elas atuam ainda como anti-inflamatórias. E por fim, as algas marinhas contêm antioxidantes que não são encontrados em outros vegetais”, conclui.
Tipos de algas
Entre os tipos de algas marinhas que podemos consumir, podemos identificar as que nos trazem uma grande quantidade de nutrientes, vitaminas e minerais essenciais para uma alimentação balanceada. A nutricionista Thaylise Scotti lista algumas delas:
NORI – Conhecidas como algas vermelhas, apesar da cor verde escuro ou negra, possuem biliproteinas. São espécies ricas em vitaminas, minerais e com boas quantidades de proteínas. Talvez as mais conhecidas do brasileira, por serem usadas nos sushis e temakis.
AGAR-AGAR – O Agar é uma substância que estrutura as paredes das células de algas marinhas do Mar Vermelho. Ajuda na digestão e funciona como desintoxicante, eliminando toxinas ruins do organismo.
É composto por 94,8% de fibras que colaboram com o trânsito intestinal, auxiliando no tratamento de constipação, diarreia e doenças inflamatórias.
Ajuda a fortalecer unhas e cabelos. Estimula a síntese do colágeno, evitando o aparecimento de linhas de expressão, rugas e hidrata a pele. Muito utilizada para fazer gelatinas.
DULSE – Possui um sabor característico, caracteriza-se pela cor vermelha e é muito usado como tempero. É rico em minerais como ferro, potássio, magnésio, iodo e fósforo.
HIZIKI – É riquíssima em cálcio e ferro. Apresenta textura semelhante a do Arame, porém é mais espessa e possui um sabor mais forte.
IRISH MOSS – Utilizada para solidificar os alimentos, essa alga também é conhecida como “musgo da Irlanda”.
KELP – Utilizada em muitas preparações prontas, ela tem uma coloração que varia entre castanho claro e verde escuro.
KOMBU – De cor escura, pode ser cozida junto com feijão para tornar os grãos mais macios e fáceis de digerir. Também pode ser utilizado em sopas e caldos.
WAKAME – É rico em iodo, magnésio, ferro e proteínas. A alga é indicada para acompanhar sopas e legumes e tem sabor suave e adocicado.
LITHOTHAMNIUM CALCAREUM – Fonte de cálcio, essa alga traz inúmeros benefícios ao corpo humano, ajudando na manutenção dos tecidos musculares e na prevenção de doenças ósseas e nas articulações. Ainda é um nutriente importante para fortalecer a imunidade.
As algas Lithothamnium também contém magnésio que auxilia na fixação do cálcio nos ossos. Colabora com o controle da pressão arterial e atua na contração e relaxamento muscular.
Antiviral e antibacteriano
Estudo do Instituto de Biociências (IB) da Universidade de Sao Paulo (USP) constatou que algumas algas apresentam potencial para tratar doenças causadas por vírus, como o HIV, e também na conservação de alimentos e cosméticos.
Em sua dissertação de mestrado, a bióloga Ana Maria Pereira Amorim analisou o potencial bioativo de quatro espécies de algas pardas e de uma espécie de alga verde (Codium isthmocladum), abundantes na costa do Espírito Santo. O objetivo foi aprofundar o conhecimento que se tem sobre esses organismos.
Os resultados quanto à aplicação de algumas dessas espécies no combate de doenças virais e como conservantes para alimentos e cosméticos foram considerados promissores pela pesquisadora. Ana Maria ressalta que se trata de de um estudo de prospecção, que pode servir de base para pesquisas futuras: “Seria necessário aplicar estudos mais aprofundados para colocar esses potenciais em prática, seja como medicamentos, tratamentos terapêuticos ou conservantes naturais”, pondera.
Potencial bioativo
O potencial bioativo está ligado às atividades biológicas, processos em que o organismo reage a determinados compostos químicos. No caso do estudo, foram medidos os potenciais antioxidante, antiviral, antibacteriano e citotóxico dos extratos.
Para medir o potencial antioxidante foram realizados ensaios in vitro com cada uma das algas. Eram medidas a propriedade de “inativar” a ação de metais que catalisam reações de oxidação, conhecida como capacidade quelante de metal, e a capacidade de transferência de hidrogênio e elétrons, todos processos ligados à oxidação.
A alga parda Padina gymnospora apresentou os melhores resultados antioxidantes. Ana Maria explica que isso pode estar relacionado a essa ser a espécie que apresentou maior concentração de substâncias fenólicas: “Já existe na literatura relação entre os florotaninos [substância fenólica exclusiva das algas pardas] e uma maior atividade antioxidante”.
Quanto ao potencial antiviral, foi utilizado um teste de inibição da transcriptase reversa, uma enzima necessária para a replicação do vírus HIV, com resultados positivos para as algas Sargassum cymosum e Codium isthmocladum. Além disso, o teste de citotoxicidade também foi promissor: foram utilizadas linhagens de células tumorais, sugerindo uma possível aplicação contra o câncer.
O que são algas marinhas
As algas marinhas são consideradas o pulmão do mundo. Elas produzem mais oxigênio pela fotossíntese do que utilizam para respirar e este oxigênio que não é utilizado é liberado para o ambiente. O excedente é liberado na atmosfera, o que corresponde a quase 55% de todo oxigênio do planeta. As algas são subdivididas em microalgas e macroalgas.
As macroalgas são vísiceis a olho nu por serem maiores. Em sua maioria são encontradas fixadas em rochas, porém podem também serem encontradas em recifes de coral, pilares de portos, cascos de barcos e raízes de mangue. Sempre em ambientes com presença de nutrientes e luz. Já as microalgas pertencentes ao fitoplâncton são as algas azuis, as algas verdes, dinoflagelados, euglenofíceas, pirrofíceas e crisofíceas.
As algas marinhas ainda, são essenciais no ciclo de vida marinho visto que elas sustentam os animais herbívoros. Estes sustentam os carnívoros e assim por diante. Portanto, as principais funções das algas é a produção de oxigênio para toda a fauna e também por servirem de alimento para animais herbívoros, como caranguejos e peixes.
Elas são capazes de liberar mais oxigênio do que a Amazônia, pois a floresta consome grande parte do oxigênio que produz.