Incremento na oferta de leite em 2019, segundo análise da Scot Consultoria, deve ser menor que a média com expectativa de queda de 1,7% em relação ao ano passado, totalizando 616,62 bilhões de litros
A produção mundial de leite cresceu em média 2% ao ano, na última década, segundo dados do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA, na sigla em inglês). Para 2019, o incremento na oferta deverá ser menor que a média, a expectativa é que a queda seja de 1,7% em relação a 2018, totalizando 616,62 bilhões de litros. É o que avalia a zootecnista Juliana Pila, analista de mercado da Scot Consultoria.
De acordo com a especialista, a produção vem crescendo – e, em alguns, decrescendo – nos principais países produtores, na ordem (2019 versus 2018): Índia (4,2%), China (2,3%), México (1,7%), Brasil (1,6%), Rússia (1,4%), Nova Zelândia (1,3%), União Europeia (0,9%), Estados Unidos (0,3%), Ucrânia (-1,7%) e Argentina (-0,3%),
O ritmo, no entanto, tem diminuído na Índia, EUA, Rússia, Nova Zelândia e Argentina, entre outros. “No Brasil, por exemplo, utilizando os dados da Pesquisa da Pecuária Municipal (PPM) do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a produção caiu nos três últimos anos (2016, 2017 e 2018).”
“Para 2019, porém, destacamos a retomada do crescimento da produção nacional. A melhoria da margem para o produtor no primeiro semestre deste ano, com a queda nos custos de produção, e o clima favorável, comparativamente com o ano passado, também pesaram no aumento da produção este ano. Lembrando que, em 2018, tivemos a greve dos caminhoneiros, que prejudicou a produção e a coleta do leite”, relata Juliana, em publicação “Carta Leite: O que 2019 pode nos antecipar para 2020 no mercado mundial de lácteos”.
Este ano, segundo a analista de mercado, “o incremento na oferta deverá ser menor que a média do período analisado, de 1,7% em relação a 2018, totalizando 616,62 bilhões de litros”.
Leite em pó
Conforme Juliana, a produção mundial de leite em pó (integral mais desnatado) também vem crescendo, mas em um ritmo menor que a produção de leite fluído. “A expectativa para 2019 é de incremento de 0,1% na produção mundial na comparação com 2018.”
“Nos últimos anos, a produção está praticamente estável, em um nível abaixo do registrado em 2015.”
Demanda por lácteos
A zootecnista destaca que a demanda mundial por lácteos vem aumentando de forma intensa. “Analisando as importações de leite em pó (principal produto comercializado), a expectativa para 2019 é de um crescimento de 4,5% frente a 2018.”
“A China, principal compradora, deverá reduzir as compras este ano. Estima-se que o volume importado de leite em pó (desnatado e integral) será 9,2% maior que em 2018, o crescimento no ano anterior foi de 11,7%. Lembrando que, recentemente, tivemos a habilitação de 24 laticínios brasileiros para exportar lácteos para os chineses, o que traz expectativas positivas para o setor em médio e longo prazos.”
Em sua análise, “a demanda firme e crescente versus a produção praticamente estagnada fizeram os preços do leite em pó se sustentarem no mercado internacional em 2019, mas a alta foi limitada pelo incremento na oferta de leite fluído nos principais produtores mundiais”.
Até novembro, de acordo com Juliana, os preços dos produtos lácteos na plataforma Global Dairy Trade (GDT), referência no mercado internacional, ficaram, em média, em 3.317 dólares por tonelada.
“Na comparação com igual período do ano passado, as cotações ficaram 1,5% maiores. A cotação do leite em pó integral, na parcial até novembro, ficou 3,1% maior que em igual período do ano anterior. Apesar do cenário, os preços estão bem abaixo dos
verificados em 2013 e 2014, quando os patamares alcançaram os cinco mil dólares por tonelada”, informa a analista de mercado da Scot Consultoria.
Expectativa para ano que vem
Para 2020, relata a zootecnista, “fica a expectativa de retomada do consumo interno, bem como a manutenção do apetite chinês, em especial pelo leite em pó”.
“Do lado da oferta, o ritmo de crescimento da produção mundial não deverá fugir da média dos últimos anos, ou seja, a expectativa é de mercado ajustado em termos de fundamento.”
Juliana comenta que a produção na Nova Zelândia, principal exportadora de lácteos, está crescente. “Mesmo assim, vemos um cenário de manutenção das cotações.”
“Para o primeiro trimestre de 2020, quando a produção no país começa a diminuir, os preços tendem a ficar firmes. Os contratos futuros de leite em pó mostram esse cenário de alta e depois a tendência de estabilidade, sendo esses os patamares esperados para o próximo ano.”
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