Planta nativa do Cerrado, o Pequi (Caryocar brasiliense), produz em média dois mil frutos por colheita, com início de produção após cinco anos do plantio. Mas, devido o atraso na estação chuvosa em 2011, que reduziu a floração, o produtor mato-grossense Duílio Maiolino Filho, que possui 40 árvores e esperava uma produção média de 20 mil frutos, não colheu mais que 2.000 frutos em todo o pomar, ou seja, apenas 10% do esperado. “Nunca vi nada igual”, queixa-se o produtor, que também amargou queda na produção de outras frutíferas.
A pesquisadora Lozenil Carvalho Frutuoso, da Empresa Matogrossense de Pesquisa Assistência e Extensão Rural (Empaer), que há 10 anos estuda o comportamento das frutíferas do Centro-Oeste, teme que a falta de chuvas possa ampliar a quebra de 90% na safra de pequi em todo o Estado. Utilizado para reflorestar áreas degradadas na Baixada Cuiabana, o fruto do pequizeiro tem difícil germinação, que pode acontecer entre entre 25 dias a 12 meses após cair no solo. Por isso, sua multiplicação é feita no viveiro de mudas nativas da Empaer. A planta floresce durante os meses de agosto a dezembro e a maturação do fruto em Mato Grosso é tardia, começando em janeiro e terminando em março.
Segundo Roberto Arcanjo, técnico agropecuário da Empaer, o plantio de sementes pode ser feito o ano todo. Após a colheita do fruto no chão é preciso retirar a polpa, deixar secar até remover a amêndoa e, depois de dez dias, fazer o plantio. Ele alerta que alguns cuidados devem ser tomados, como a escolha correta da semente, o preparo da terra, o plantio, a irrigação e o acompanhamento da evolução da planta. “A muda de pequi requer cuidados, pois é de difícil germinação e, em alguns casos, a semente pode ser tratada antes do plantio, garantindo ao produtor mudas mais produtivas”, explica Roberto Arcanjo.
Unidade demonstrativa (UD)
Em um hectare de terra do produtor Duílio Maiolino Filho foi implantada uma Unidade Demonstrativa (UD) com cinco espécies frutíferas: pequi, jenipapo, cagaita, cumbaru e jatobá. A opção de outros produtores pelo plantio do pequi, segundo Lozenil Carvalho Frutuoso, deve-se à sua capacidade de recuperar áreas degradadas, sua versatilidade e valor econômico. A madeira pode ser usada na construção civil, o fruto na culinária e a castanha para a produção de biodiesel. Pesquisas da Universidade de Brasília e na cidade de Cariri (CE) utilizam o fruto para produção de cicatrizantes, anti-inflamatórios, e gastroprotetores, além de preventivos de tumores e doenças cardiovasculares.
Muitas utilizações
Rico em Vitaminas A, C e E, o pequi é altamente calórico, proteico e perfumado, sendo muito utilizado pela indústria de cosméticos para fabricação de sabonetes, cremes etc e é também em usado como condimento por ter sabor adocicado e a polpa com boa quantidade de óleo comestível. Em Mato Grosso foram encontradas quatro variedades. As mudas são comercializadas pela Empaer a R$ 5,00 cada e podem ser encomendadas pelo telefone (65) 8118-7851.