Pesquisadores do Brasil, Europa e Estados Unidos estiveram reunidos na Embrapa Trigo para discutir novas iniciativas no controle à doença
Conhecida pelos produtores de arroz há séculos, a brusone é uma doença relativamente recente no trigo, principalmente nos cultivos do Brasil Central. Ainda restrita às lavouras da América do Sul, a doença representa uma ameaça aos países produtores de trigo no mundo pelo potencial de dano e inexistência de cultivares com resistência.
A brusone no trigo é uma doença causada pelo fungo Magnaporthe oryzae, que ataca a ráquis da espiga, produzindo grãos deformados e com baixo peso específico, implicando em perdas no rendimento. A última epidemia de brusone no Brasil foi observada em 2012, quando danos acima de 40% comprometeram lavouras de trigo no norte PR, MS e sul de SP. “São estes locais que, principalmente durante o espigamento da cultura, têm as condições de temperatura e umidade favoráveis para o desenvolvimento da doença, com temperaturas variando de 25 a 28oC e ocorrência de períodos prolongados de chuva”, explica o pesquisador da Embrapa Trigo, João Leodato Nunes Maciel.
Problema agravado
O problema da brusone é agravado pela inexistência de cultivares resistentes à doença e o grande número de hospedeiros do fungo, que pode atacar mais de 50 espécies de gramíneas. O controle tem sido a aplicação de fungicidas (estrobilurina + triazol), mas o desempenho desta estratégia não tem se mantido uniforme ao longo dos anos, principalmente quando as condições ambientais são muito favoráveis à doença.
Para avaliar os avanços no conhecimento sobre o fungo, pesquisadores da Embrapa (Brasil), da UN ESP (Brasil), da Universidade Estadual do Kansas (EUA), da Universidade de Exeter (Inglaterra), do Instituto Federal de Tecnologia (Suíça) e do Centro Internacional de Melhoramento de Trigo e Milho – Cimmyt (México) estiveram reunidos, através de uma ação do projeto “Variação genética e de virulência de Magnaporthe oryzae do trigo e de poáceas invasoras”, que vem sendo executado pela Embrapa Trigo desde 2011. Entre os temas abordados no encontro destacam-se a avaliação da variabilidade do fungo por meio do sequenciamento genômico, a geração de cultivares resistentes à brusone e a variação da sensibilidade do fungo a fungicidas.
A expectativa é que, a partir desse encontro, seja estabelecido um projeto de cooperação internacional entre as instituições. “Atualmente, já estamos trabalhando com o Cimmyt na busca pela resistência genética à brusone. Nos experimentos conduzidos pela Embrapa Trigo no Brasil Central, estão sendo avaliados genótipos de trigo que deverão nos dar boas indicações nesse caminho que estamos percorrendo para gerar cultivares com maior nível de resistência à brusone”, conta o pesquisador João Leodato Nunes Maciel. Os experimentos contam com mais de mil genótipos de trigo localizados no Instituto Federal do Triangulo Mineiro — Campus Uberaba, MG, com supervisão da pesquisadora Edina Moresco.