Os esforços do setor público e da filantropia em torno da conservação da natureza não serão suficientes para assegurar a continuidade de 146 mil espécies de plantas e animais. É o que aponta o estudo com projeções da Global Canopy Programme & Crédit Suisse.
O documento indica que o investimento de instituições privadas seria a única alternativa para suprir a defasagem de cerca de 85% do montante necessário – o equivalente a cerca de US$ 250 bilhões –, para garantir a sobrevivência de ecossistemas e a provisão de recursos naturais.
Diante desse cenário, a Fundação Grupo Boticário de Proteção da Natureza acaba de lançar Rede de Investimentos de Impacto em Conservação da Natureza, iniciativa que pretende estimular e aumentar o investimento em negócios que geram receita e dividendos associados à conservação da biodiversidade.
Negócios de impacto com essa finalidade são modelos inovadores que aliam a geração de lucro, a sustentabilidade financeira e a criação de valor para a conservação da biodiversidade. Com a nova Rede, espera-se criar condições para que iniciativas – como o Araucária+ – passem a ser consideradas por players da economia como oportunidades de investimento.
Araucária+
Idealizado pelas fundações Grupo Boticário e Centro de Referências em Tecnologias Inovadores (CERTI), o Araucária+ atua na conservação da floresta com araucárias, por meio da inclusão socioeconômica de proprietários de terras com esse tipo de ecossistema.
Segundo o Grupo, aqueles que protegem e promovem melhorias em suas áreas passam a fazer parte de cadeias produtivas inovadoras que agregam valor a produtos nativos cultivados de forma sustentável, como a erva-mate e o pinhão.
De acordo com a Fundação, embora o Brasil tenha um grande potencial para negócios desse tipo, apenas seis investimentos de impacto em conservação da biodiversidade foram feitos no país entre 2016 e 2017, segundo levantamento realizado pela Aspen Network of Development Entrepreneurs (Ande) e pela Associação Latino-Americana de Private Equity & Venture Capital (LAVCA).
Somados, esses seis investimentos representam US$ 131 mil – menos de 1% do total de investimentos de impacto realizados no período.
“Mais investimentos de impacto geram mais conservação da natureza. O capital público e o filantrópico não serão suficientes. Se não tivermos mais investimento privado, o Brasil não conseguirá atingir metas de conservação da biodiversidade”, destaca Guilherme Karam, coordenador de Negócios e Biodiversidade da Fundação Grupo Boticário.
Outros cases de sucesso
Para mudar esse cenário, a Rede de Investimentos de Impacto em Conservação da Natureza pretende atuar na produção de outros cases de sucesso para mostrar que é possível gerar lucro a partir da conservação da natureza.
“Acreditamos que a conservação gera prosperidade econômica e bem-estar social. Por isso, temos procurado influenciar investidores e potenciais atores dos ecossistemas de investimento de impacto para incluir o cuidado com o meio ambiente em suas estratégias”, diz Karam.