As flores e folhas do pessegueiro já são usadas há muitos anos como remédio popular na China e na Coreia para a perda de peso
Pesquisadores de universidades da Coreia do Sul descobriram que o chá, feito com a flor da espécie prunus persica – nome científico do pessegueiro -, diminui a taxa de açúcar no sangue e o armazenamento de gordura no corpo.
“Nossos resultados demonstram que a flor do pêssego tem efeitos antiobesidade que acompanham a diminuição da hiperglicemia – alta taxa de açúcar no sangue -, induzida pela obesidade, e danos no fígado e no baço”, afirma o estudo publicado na revista científica de nutrição Nutrients.
“Esses efeitos benéficos podem ser medidos pela lipogênese reduzida, isto é, menor armazenamento de gordura, e aumento da oxidação de ácidos graxos no fígado, ou seja, a perda de gordura no órgão”, diz a pesquisa coordenada pelos cientistas Jungbin Song, Young-Sik Kim, Linae Kim e Hocheol Kim, da Escola de Medicina da Universidade de Kyung Hee, Hyo Jun Park, do Instituto Korea de Ciência e Tecnologia, e Donghun Lee, da Escola de Medicina da Universidade de Gachon.
A espécie
A prunus persica (L.) Batsch (família Rosaceae) é uma árvore frutífera que se originou na China e hoje é cultivada mundialmente por seus frutos, o pêssego. As sementes, flores e folhas da p. persica são usadas há muito tempo como remédio popular na China e na Coreia.
A flor do pêssego, culturalmente nestes países, tem sido usada como purgativo, diurético e cosmético. Estudos anteriores já tinham revelado vários efeitos farmacológicos da flor, incluindo a proteção da pele contra radiação ultravioleta, e a melhora na digestão, por meio da estimulação da motilidade intestinal e ação purgativa.
Atualmente, a flor da prunus persica é consumida como chá para perda de peso na China e na Coreia, entretanto, seus efeitos antiobesidade ainda não tinham sido comprovados.
“Nossas descobertas fornecem evidências para apoiar os potenciais benefícios à saúde provocados pela flor do pêssego no gerenciamento da obesidade e distúrbios metabólicos associados à doença”, afirma o estudo.
Propriedades
A flor da prunus persica é rica em flavonóides e fitoquímicos fenólicos, sendo os principais compostos o ácido clorogênico, o kaempferol e seus derivados (incluindo a multiflorina A e B, astragalin, afzelin e trifolin) e derivados de quercetina (como quercitrina, isoquercitrina, rutina, hiperosídeo, hiperina e multinósido A e B).
O estudo foi feito em camundongos, que foram alimentados por oito semanas com um extrato aquoso, uma espécie de chá, da flor do pêssego. Foi relatado que muitos destes compostos possuem propriedades antiobesidade.
O ácido clorogênico reduziu a adiposidade e melhorou o metabolismo lipídico em camundongos obesos induzidos por dieta. O astragalin, isoquercitrin, e hyperoside aumentaram a lipólise – quebra de gordura – no tecido adiposo dos animais. Além disso, a rutina inibiu a adiposidade, aumentou o gasto de energia e melhorou o equilíbrio da glicose em camundongos obesos. A multiflorina A e a hiperina mostraram atividades anti-hiperglicêmicas, isto é, contribuíram para a diminuição de glicose no sangue desses roedores.
Obesidade
A epidemia global de sobrepeso e obesidade se tornou um grande desafio para a saúde pública. A adiposidade excessiva causa consequências metabólicas adversas, incluindo resistência à insulina, inflamação crônica e metabolismo lipídico anormal, aumentando assim o risco de várias doenças, como doenças cardiovasculares e diabetes.
“Intervenções na dieta e no estilo de vida, como a restrição na ingestão de calorias e aumento na atividade física, são comumente recomendadas como uma estratégia ideal para combater o desenvolvimento da obesidade, mas a motivação e a adesão são um desafio”, explicam os pesquisadores.
Os medicamentos aprovados para o tratamento de sobrepeso e obesidade, em geral, destinam-se apenas a pacientes com índice de massa corporal muito elevada, acima de 30 ou 27 (IMC ≥ 30 ou IMC ≥ 27) com morbidades. Devido à alta incidência de efeitos colaterais, os medicamentos antiobesidade devem ser usados apenas se os benefícios esperados superarem os possíveis riscos.
Os cientistas contam que, “o estudo surgiu como uma abordagem alternativa, se concentrando nos efeitos antiobesidade de ingredientes naturais que são consumidos diariamente, porque esses ingredientes geralmente são considerados menos tóxicos que as drogas sintéticas”.