O agronegócio nacional acaba de ganhar uma importante ferramenta de integração de dados do setor: o Observatório da Agropecuária Brasileira, inaugurado no dia 5 de setembro, em Brasília (DF), pelo presidente da República, Jair Bolsonaro, pela ministra da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), Tereza Cristina, entre outros representantes do segmento.
Desenvolvido em parceria com a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) e a Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), o Observatório dará suporte a gestores a partir do amplo acesso a informações estratégicas, que visam melhorar as tomadas de decisões e a elaboração de políticas públicas para o agro.
A iniciativa, segundo o Ministério da Agricultura, também permitirá o acompanhamento e gestão integrada dos dados produzidos por diferentes unidades do Mapa e de outros ministérios, que tenham projetos relacionados a diferentes cadeias produtivas e setores da agropecuária.
A ferramenta ainda integra o portfólio de 18 projetos estratégicos da atual gestão do Mapa, reunindo uma série de ações que visam ampliar a competitividade e produtividade da agropecuária brasileira, identificando os riscos de perda de mercados, desafios relacionados aos custos de produtores, exportadores e do Estado ou problemas sociais e ambientais no campo.
Inauguração
Na cerimônia de inauguração, a ministra destacou que o Observatório da Agropecuária Brasileira vai permitir a integração de vários dados, atualmente espalhados em diversos setores do Mapa, o que ajudará na elaboração e condução de políticas públicas mais eficientes, principalmente com foco no pequeno produtor.
“Podem ter certeza que será um marco da nossa administração essa integração, principalmente de todos esses cadastros para que a gente possa fazer políticas públicas e que possa ser cirúrgica [a aplicação dos recursos]”, disse Tereza Cristina, acrescentando que é preciso trabalhar com um orçamento menor.
Ela ainda informou que “os recursos devem ser encaminhados e colocados de maneira que sejam melhor aproveitados por todos os agricultores Brasil afora”.
O presidente Jair Bolsonaro elogiou a iniciativa do observatório e ressaltou que os ministérios da Agricultura e do Meio Ambiente devem trabalhar para “casamento entre o desenvolvimento e a preservação ambiental”.
João Martins, que preside a Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), uma das parceiras no projeto, destacou que a partir da integração dos dados, a agropecuária brasileira será melhor orientada e terá mais capacidade de conhecer o próprio setor.
“Estamos inaugurando uma nova era. Uma era na qual nós, produtores, estamos cientes de que vamos fazer uma agropecuária muito mais competitiva, muito mais atuante”, disse Martins.
Participaram da inauguração os ministros Marcos Pontes (Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações), Ricardo Salles (Meio Ambiente), Luiz Henrique Mandetta (Saúde) e Bento Albuquerque (Minas e Energia).
Estiveram presentes o secretário-executivo Marcos Montes e os secretários Fernando Camargo (Inovação, Desenvolvimento Rural e Irrigação), Eduardo Sampaio (Política Agrícola), Fernando Schwanke (Agricultura Familiar e Cooperativismo), Jorge Seif Junior (Aquicultura e Pesca), José Guillherme Leal (Defesa Agropecuária), Nabhan Garcia (Assuntos Fundiários) e Orlando Ribeiro (Comércio e Relações Internacionais).
Tecnologia de ponta
Ainda segundo o Ministério da Agricultura, o Observatório da Agropecuária Brasileira funcionará em uma sala de situação interativa instalada na Secretaria de Inovação, no edifício-sede do Mapa, de onde será possível fazer o cruzamento de diferentes bases de dados sobre agropecuária e que poderão ser visualizados em um painel avançado de inteligência (Business Intelligence).
O espaço conta com tecnologia de ponta, 12 telas de vídeos integradas, além de recursos de interligação de dispositivos móveis, computadores e videoconferência. Entre as informações disponibilizadas estão imagens de satélite, gráficos com dados econômicos, comerciais e de produção nacional e regional.
O objetivo é facilitar o acesso do gestor à base diversificada de dados agropecuários produzidos pelo Ministério, tornar as estatísticas mais qualificáveis e georreferenciadas, para deixar o processo de decisão mais dinâmico e prevenir situações de risco.
Durante a inauguração da sala, o secretário de Inovação, Desenvolvimento Rural e Irrigação do Mapa, Fernando Camargo, explicou aos presentes como ela vai funcionar. Na apresentação, ele destacou que o instrumento possibilitará, por exemplo, o cruzamento ágil de informações do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet) ou da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), com a Secretaria de Política Agrícola. Dados da Embrapa Territorial, do Plano da Agricultura de Baixo Carbono e do Cadastro Ambiental Rural (CAR) também poderão ser acessados de forma integrada pelos gestores.
Camargo avalia que o Observatório da Agropecuária Brasileira é um marco importante e um desafio para a gestão do Mapa, pois é a primeira vez que a pasta vai consolidar todos os dados da agropecuária nacional.
“É um desafio muito grande. O Brasil é um país de dimensão territorial, como nós sabemos, com muita diversidade regional, com inúmeros bancos de dados que não conversam. Esse é o nosso grande desafio”, declarou.
Segundo o secretário, a intenção é consolidar dados sobre produtividade, georreferenciamento territorial, questões fundiárias, agricultura familiar, enfim, todo o leque de atuações do Mapa.
“No curto e médio prazo, a gente vai ter um benefício interno de poder realizar a política pública baseada em dados consolidados pelo Observatório, e mais a longo prazo acreditamos que o cidadão também vai fazer bom uso desses dados”, diz Camargo.
Grupo de trabalho
Um grupo de trabalho foi formado com representantes de todas as secretarias e unidades do Ministério para identificar todos os sistemas e bases de informações já existentes. Inicialmente, o Observatório concentrará as informações produzidas pelo Mapa. Os dados serão organizados por uma equipe multidisciplinar formada por agrônomos, analistas ambientais, especialistas em georreferenciamento e assessoramento, entre outros.
A expectativa é que, em uma fase futura, o Observatório disponibilize dados públicos gerados por outras instituições, como Agência Nacional de Águas (ANA) e Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), e acesso do público externo à plataforma via web.
Embrapa
Uma sala semelhante a que foi inaugurada nessa quinta-feira já está em funcionamento na Embrapa Territorial, em Campinas (SP), desde maio. O local contribui para reunir dados que a Embrapa tem e, a partir disso, tirar as informações de inteligência estratégica necessárias para a agropecuária brasileira.
Nos últimos meses, por exemplo, a sala consolidou dados sobre a situação da Amazônia, como os que mostram que 84% do bioma estão preservados.