A indústria sucroenergética representa um grupo estratégico no processo de redução da emissão de carbono em virtude da produção de biocombustível e bioeletricidade, que posiciona o setor como o emissor com maior capacidade de geração de Créditos de Descarbonização (CBIO).
O Ministério de Minas e Energia, por meio do programa RenovaBio (Política Nacional de Biocombustíveis), estabeleceu promover uma redução de 10% na intensidade de carbono da matriz de combustíveis do Brasil até 2028. A meta representa a redução de 600 milhões de toneladas de carbono da atmosfera até 2020, o que equivale a dois anos de emissões da matriz de combustível.
Considerando que cada título de CBIO é emitido com base na retirada de uma tonelada de carbono, o volume representará a emissão de 6 bilhões de certificados com um valor inicial de US$ 10 (dólares) ou uma quantia estimada em torno de R$ 23 bilhões no período.
O governo federal, por meio das ações do RenovaBio, incentivará o crescimento da participação dos bicombustíveis dos atuais 20% para 28,6% na matriz de combustíveis.
Cultura da cana
De acordo com pesquisas apresentadas na tese de doutorado de Luciano Cunha de Souza, defendida na Universidade de Brasília (UnB), em 2015, o Brasil está na liderança da tecnologia para a cultura da cana.
O estudo demonstra que as etapas de produção de biocombustíveis – como a logística, fermentação, destilação, geração de vapor, geração de energia elétrica a partir do bagaço, entre outras – são de amplo domínio brasileiro e, para evoluírem, necessitariam de um esforço menor em relação a outros países.
O potencial de crescimento e a vantagem competitiva do setor também são reconhecidos pelo presidente-executivo da Associação Brasileira dos Comercializadores de Energia (Abraceel), Reginaldo Medeiros, que aponta boas perspectivas.
“As usinas deixam de produzir mais energia por razões econômicas. A perspectiva é boa para o reconhecimento da capacidade dos geradores de energia. A expansão da oferta e abertura do mercado viabilizará novos projetos no setor”, afirma.
RenovaBio Itinerante
As particularidades desse tema e os debates sobre aspectos da legislação e oportunidades do mercado serão tratados e esclarecidos no programa “RenovaBio Itinerante”, que será realizado durante a 27ª Fenasucro & Agrocana – Feira Internacional de Bioenergia, que será realizada entre os dias 20 e 23 de agosto, em Sertãozinho (SP).
O objetivo dessa ação é levar a Política Nacional de Biocombustíveis ao conhecimento dos produtores e importadores de biocombustíveis e dirimir dúvidas, estimulando a adesão ao processo de certificação eficiente de biocombustíveis.
Diretor do Departamento de Biocombustíveis do Ministério de Minas e Energia, o pesquisador e economista Miguel Ivan Lacerda de Oliveira reforça a importância do setor no processo de retenção de carbono e a posição estratégica do Brasil no mercado.
“O RenovaBio é um novo paradigma por conta da retenção de carbono. A eficiência do Brasil no setor sucroenergético e de energia de biomassa é o melhor do mundo. Estamos resolvendo um problema, a produção de etanol deve dobrar nos próximos 10 anos e isso é uma grande oportunidade para o Brasil”, afirma o executivo.
Já o gerente de bioeletricidade da União da Indústria de Cana-de-Açúcar (Unica), Zilmar José de Souza, aponta que, por meio da regulamentação, a indústria sucroenergética irá ganhar força e impulsionar todo mercado de bioenergia e biocombustível.
“A regulamentação do setor é fundamental e existem muitas oportunidades pela frente com o RenovaBio e o CBIO. A partir do crescimento da cana, as outras formas de cogeração serão impulsionadas e crescerão naturalmente. O setor sucroenergético possui muita força e muita competitividade”, diz Souza.
Impacto da Fenasucro & Agrocana
Durante os quatro dias da 27ª Fenasucro & Agrocana, o município de Sertãozinho, localizado na região metropolitana de Ribeirão Preto, a 21 quilômetros da capital São Paulo, ganha destaque como um dos principais polos nacionais da indústria de bioenergia e de produção de cana-de-açúcar com a realização da feira internacional que, neste ano, espera movimentar mais de R$ 4 bilhões em negócios.
De acordo com a organização do evento, o impacto gerado pela principal feira do mundo voltada ao setor de bioenergia beneficia, em larga escala, tanto a cidade que hospeda o evento como toda a região, pois aquece as áreas de hotelaria, gastronomia e entretenimento dos municípios, além da geração de empregos nas áreas de serviço e infraestrutura.
Presidente do Sindicato de Hotéis, Restaurantes, Bares e Similares de Ribeirão Preto e Região (SHRBS), Carlos Frederico Marques afirma que a Fenasucro & Agrocana fomenta a economia de toda a região.
“Temos a vocação do turismo de negócios proporcionado pelo setor agrário, o que traz inúmeros benefícios para os municípios”, diz ele, acrescentando que, “hoje, não podemos pensar apenas em Ribeirão e Sertãozinho, pois a feira abre uma janela de visibilidade para toda a região metropolitana, que engloba aproximadamente três milhões de habitantes”.
Segundo Marques, durante os quatro dias da feira é possível verificar um aumento de até 30% no movimento dos comércios, bares, restaurantes e hotéis: “É um número expressivo e que dá um suporte muito importante para os empresários do setor no segundo semestre, um período de descenso de ocupação hoteleira e de movimentação de bares e restaurantes”.
Para o presidente da Associação Comercial e Industrial de Sertãozinho (ACIS), Rodolfo Savegnago, o evento tem o poder de atrair pessoas do mundo todo para Sertãozinho: “E os participantes podem usufruir de todo potencial da cidade, no comércio e serviços oferecidos. Além, é claro, de ser uma importante fonte de geração de renda e empregos, fortalecendo ainda mais nossa economia”, comenta.
A organização da feira estima que cada visitante gaste, em média, R$ 1,5 mil durante o evento, injetando aproximadamente R$ 58,5 milhões na economia de Ribeirão Preto e região.
Geração de empregos
De acordo com a União da Indústria de Cana-de-Açúcar (Unica), de modo geral, o setor sucroenergético emprega em torno 2,4 milhões de pessoas, direta e indiretamente, na cadeia como um todo. Somente nos quatro dias de feira, em , estima-se a geração de cinco mil empregos, diretos e indiretos.
“Além de gerar negócios e proporcionar qualificação profissional, a Fenasucro & Agrocana tem como característica estimular a economia da região, com a criação de empregos diretos e indiretos durante a montagem e desmontagem da feira, englobando também o comércio e o turismo”, reforça o diretor da feira, Paulo Montabone.
A edição de 2019 da feira conta com representantes de 100% das usinas do Brasil e de outros 43 países, fora as mais de mil marcas expositoras que apresentarão em torno de três mil produtos.
A expectativa deste ano é receber aproximadamente 39 mil visitantes compradores no evento, que reunirá empresários do Brasil e do exterior que buscam projetos e soluções focadas nas oportunidades e perspectivas de negócios envolvendo a matriz energética sustentável.
O pré-credenciamento da 27ª Fenasucro & Agrocana, que mais uma vez conta com o apoio de mídia da revista A Lavoura e da Sociedade Nacional de Agricultura (SNA), está aberto pelo site oficial www.fenasucro.com.br.