O agronegócio vem se consolidando cada vez mais como um setor essencial para a economia brasileira. Dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) mostram que essa parcela do mercado corresponde a 24% de todo o Produto Interno Bruto (PIB) do País e sua importância para o mercado nacional não para de crescer.
“Ainda assim, ocupamos o 64º lugar no Índice Global de Inovação, divulgado em 2018 pela Organização Mundial de Propriedade Intelectual, em parceria com a Confederação Nacional da Indústria (CNI). Nosso desafio é chegar à 25ª posição em 2025”, diz Álvaro Duarte, diretor presidente da Fundação de Desenvolvimento da Pesquisa do Agronegócio (Fundepag).
No conceito de trabalho da instituição – que tem como objetivo aproximar pesquisadores, institutos, hubs de inovação e de novos negócios em expansão e ecossistema de empreendedorismo –, essa parceria, que também inclui o segmento público/governamental, só tende a favorecer o setor agropecuário brasileiro.
Também pesquisador científico do Instituto de Tecnologia de Alimentos (Ital), vinculado à Agência Paulista dos Agronegócios (APTA) da Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo (SAA), Duarte acredita que seja “imprescindível a participação do setor privado na pesquisa, desenvolvimento e inovação no agro, principalmente no que diz respeito a iniciativas como implementação de testbeds [vitrines para aplicação dos conceitos da manufatura avançada ou Indústria 4.0], mentorias, aceleração e incentivo ao conhecimento e trabalho no setor”.
Vantagens para o agro
Nesse cenário, quais são as vantagens do investimento privado em pesquisas no agro? “Primeiramente, pelo potencial de crescimento dos players dessa cadeia, pois, segundo o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA, na sigla em inges), o Brasil é o país com maior capacidade de aumento de sua produção agrícola”, diz o diretor presidente da Fundepag.
“Enquanto outros países apresentam uma capacidade média de 20% de crescimento nesse setor, nós podemos expandir a produção agrícola em, pelo menos, o dobro desse valor, levando em consideração fatores como tecnologia, disponibilidade de terra e capacidade de pessoas”, acrescenta.
Smart agriculture
Em segundo lugar, conforme Duarte, “se bem explorado, trata-se de um negócio com capacidade para se tornar extremamente lucrativo”.
“O relatório Smart Agriculture Market – Global Industry Analysis, Size, Share, Growth, Trends, and Forecast (2016 – 2025), publicado pela Zion Market Research, indicou que o segmento de smart agriculture gerou mais de cinco bilhões de dólares para os Estados Unidos, com um potencial de crescimento de mais de 15 bilhões até o final de 2025, o que significa um crescimento de pelo menos 200% de receita apenas naquele país.”
Em sua análise, “mais do que isso, o investimento do setor privado em pesquisa, desenvolvimento e inovação para o agronegócio fortalece e estimula o crescimento do próprio setor”.
“Algumas ações podem gerar, por exemplo, incentivo para que os produtores tomem as melhores decisões e, dessa forma, cresçam de forma sustentável, melhorem a produtividade, eficiência e relacionamento com o cliente, além de otimizar a produção, reduzir custos e contribuir para que seus negócios se tornem ainda mais rentáveis”, afirma o diretor presidente da Fundepag.
Para ele, esse cenário pode funcionar especialmente para pequenos produtores, que são responsáveis por boa parte da agricultura nacional e por 55 milhões de dólares de faturamento anual, segundo o governo do Brasil. “Iniciativas como essas, podem melhorar o processo de vendas e aproximar a agricultura familiar do consumidor final.”
Na visão de Duarte, “para que esse caminho seja mais suave, precisamos evoluir juntamente a outros segmentos do setor público, principalmente no que diz respeito a questões como burocracia institucional, transparência nos processos e clareza”.
“Caminhamos a passos não tão velozes como gostaríamos, mas vale ficar de olho no que ainda há por vir no setor de pesquisas agrícolas. O Brasil irá surpreender.”