Reconhecimento na modalidade Denominação de Origem envolve seis municípios do Noroeste do Estado (Foto: Divulgação)
Produtores do café de Mandaguari, que cultivam o grão no noroeste do Paraná, comemoram uma conquista que eleva o patamar do produto e o torna mais competitivo. Nesta mês de julho, o Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI) concedeu ao café da localidade o registro de Indicação Geográfica (IG), na modalidade Denominação de Origem (DO).
A IG é conferida a produtos característicos do seu local de origem, o que lhes atribui reputação, valor intrínseco e identidade própria, além de os distinguir em relação a outros. Segundo o INPI, foi concedida porque a região reúne fatores naturais — relevo, altitude, clima e solo fértil e fatores humanos — tradição, sucessão familiar, técnicas de cultivo específicas, colheita seletiva e processamento cuidadoso que, juntos, criam um produto com identidade única.

Cafeicultores da associação já podem usar o selo de Indicação Geográfica, representando cerca de 200 propriedades. Foto: Divulgação Cafeman.
O conjunto dessas condições sociais, culturais, históricas, institucionais e ambientais resulta em um café com qualidades sensoriais especiais, diretamente ligadas ao local de origem, o que garante o reconhecimento e a proteção da DO. Entre as 20 IGs do Paraná, o café de Mandaguari é a segunda na modalidade de Denominação de Origem. A primeira foi o mel de Ortigueira.
Cafeicultores de seis municípios da região noroeste do Paraná, que representam cerca de 200 propriedades, poderão usufruir do signo distintivo à medida que adotarem as práticas do Caderno de Especificações Técnicas. São agricultores de Mandaguari, Marialva, Jandaia do Sul, Apucarana, Cambira e Arapongas.
Com a IG, os produtores que compõem a Associação dos Produtores de Café de Mandaguari (Cafeman) esperam negociar as sacas de café por valores mais elevados e abrir possibilidades de exportação. Nos seis municípios da região de Mandaguari, são cerca de 3.100 hectares de área plantada, sendo que a produção anual média gira em torno de 5.400 toneladas e movimenta R$ 99,75 milhões – entre as principais variedades estão a Icatu Vermelho, Catuaí Vermelho, Mundo Novo, IPR 106 e IPR 107.
Trajetória

O presidente da Cafeman, Fernando Rosseto, celebra a valorização do trabalho de gerações e o início de uma nova etapa para os produtores locais. Foto: Arquivo Pessoal.
O trabalho para a busca da IG começou em fevereiro de 2022, quando o Sebrae/PR deu início à sensibilização de agentes locais e de produtores para a formação de uma nova associação para a classe. Ao longo de 2022 e 2023, foram realizados diversos eventos, reuniões, encontros, tanto para a organização dos produtores rumo à busca pela IG quanto para a capacitação do grupo, a fim de manterem ou elevarem a qualidade de suas produções.
“Essa é uma grande conquista, fruto de um esforço coletivo. A partir de agora, iniciamos uma nova fase, com mais visibilidade, notoriedade e valor agregado. O reconhecimento fortalece especialmente os pequenos negócios no campo, gerando oportunidades e impulsionando o desenvolvimento econômico da região”, destaca o consultor do Sebrae/PR, Luiz Carlos da Silva
Ele também ressalta a importância dos parceiros do Sebrae/PR envolvidos no processo: Instituto de Desenvolvimento Rural do Paraná (IDR-Paraná/Iapar/Emater), Secretaria da Agricultura e Abastecimento do Paraná (Seab), Cafeman, Prefeitura de Mandaguari – por meio da Secretaria Municipal de Desenvolvimento Econômico, Meio Ambiente e Turismo –, Cooperativa Agropecuária e Industrial Cocari, Sistema Faep (Federação da Agricultura do Paraná) e Senar (Serviço Nacional de Aprendizagem Rural).
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Diferenciais da região
Em Mandaguari, o café faz parte da história, sendo que, mesmo após a geada de 1975, que devastou lavouras paranaenses, continuou a ser cultivado e tornou o município referência na produção de café de qualidade no Estado. Na região, a qualidade dos grãos se destaca pela consistência densa e sabor frutado, com notas de chocolate e caramelo, além de uma acidez típica equilibrada.

Cafeicultores de seis municípios do Noroeste do Paraná celebram a conquista da Indicação Geográfica para os cafés da região. Foto: Divulgação Cafeman
A região possui terra roxa, resultado da decomposição de rochas basálticas, ricas em nutrientes, como o ferro. É atravessada pelo Trópico de Capricórnio, que proporciona equilíbrio térmico, com noites frias e dias quentes e tem, em sua maioria, produções familiares.
Bactérias encontradas nas lavouras locais não consomem o açúcar dos grãos, mantendo o dulçor da bebida, o que é um diferencial em relação a cafés de outras regiões do Brasil. Além disso, as bactérias não alteram outras características sensoriais, mantendo a especificidade de cada variedade.