Fogo devastou mais de 100 mil hectares de de cana e áreas de rebrota, com impactos severos na produção e qualidade da matéria-prima, segundo associação (Foto: Sedest/Paraná)
As recentes queimadas que atingiram propriedades rurais no estado de São Paulo e outras regiões do Brasil provocaram um prejuízo estimado em mais de R$ 800 milhões ao setor da cana-de-açúcar, segundo a Organização de Associações de Produtores de Cana do Brasil (Orplana).
A entidade, que representa mais de 12 mil produtores através de 35 associações, divulgou um balanço preocupante após o fim de semana de 24 e 25 de agosto, quando 2,3 mil focos de incêndios foram registrados. O fogo devastou mais de 100 mil hectares de cana-de-açúcar e áreas de rebrota, com impactos severos na produção e qualidade da matéria-prima.
Os danos causados pelos incêndios afetam diretamente as plantações de cana em pé, as soqueiras e a rebrota, colocando em risco a próxima safra. O CEO da Orplana, José Guilherme Nogueira, explica que a rebrota da cana só será possível quando houver água suficiente no solo, com a chegada das chuvas.
“Esse cenário de clima seco e falta de chuvas pode impactar a safra futura, mas ainda é cedo para previsões. Esperamos que as chuvas deste final de ano venham de forma uniforme e volumosa para que a rebrota da cana aconteça de maneira tranquila”, afirmou.
Além do impacto econômico, as queimadas afetam o meio ambiente e a segurança da população. Segundo Nogueira, as condições climáticas adversas, como a baixa umidade, escassez de chuvas e ventos fortes, têm contribuído para a disseminação dos incêndios, que em muitos casos são iniciados por ação humana.
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Medidas de apoio e sustentabilidade
Em resposta ao cenário alarmante, o Ministério da Agricultura anunciou uma linha de crédito especial para o replantio da cana nas áreas atingidas pelas queimadas.
Essa medida é vista pela associação como essencial para aliviar os produtores, que enfrentam altos custos para eliminar a soqueira, remover a rebrota danificada e realizar o novo plantio, estimados em R$ 13,5 mil por hectare.
Nogueira ressalta que muitos produtores não conseguem arcar com esses custos em um ano, sendo necessário um período de até três safras para quitação.
A Orplana também se mantém em diálogo constante com o governo de São Paulo, participando de reuniões com o gabinete de crise para tratar dos impactos das queimadas e de outros eventos climáticos severos.
A entidade reafirma o compromisso do setor da cana-de-açúcar com a sustentabilidade e o cumprimento das normas do Protocolo Agroambiental – Etanol Mais Verde, que proíbe o uso do fogo na colheita de cana no estado de São Paulo.
O impacto das queimadas é um sinal de alerta para os produtores e autoridades, que precisam unir esforços para mitigar os danos e assegurar a recuperação do setor, que é fundamental para a economia brasileira e para o mercado de biocombustíveis.