Higienização, armazenamento, descongelamento são todas etapas importantes para evitar que contaminação dos alimentos
Cerca de 600 mil pessoas morrem, a cada não, de intoxicação alimentar e 420 mil adoecem após ingerirem alimentos impróprios para consumo segundo estimativa da Organização Mundial de Saúde (OMS).
A nutricionista Yumi Kuramoto explica que a contaminação pode ocorrer em qualquer etapa da cadeia de alimentos e, geralmente, é um indício de más condições sanitárias, uso de matéria-prima contaminada e controle inadequado da temperatura (tempo e temperatura de cocção, resfriamento, processamento e armazenamento). Ela salienta que o primeiro passo para evitar a contaminação alimentar é a higiene pessoal.
“Lavar as mãos com água e sabão antes de preparar ou consumir alimentos, ajuda a evitar a contaminação cruzada”, orienta.
E completa que é necessário, também, além de utilizar touca para manipular os alimentos, retirar adornos do corpo e estar sempre com as unhas curtas e limpas.
Refrigeração de alimentos
A especialista conta que uma dúvida muito comum entre as pessoas é em qual momento deve-se colocar a comida na geladeira após o preparo.
Ela recomenda deixar os alimentos quentes esfriarem um pouco antes de colocá-los na geladeira, mas não completamente. “Deixar os alimentos esfriarem até a temperatura ambiente pode aumentar o risco de crescimento bacteriano. O ideal é colocá-los na geladeira quando ainda estão levemente quentes, mas não fumegantes”, detalha.
Etapa por etapa
Yumi Kuramoto dá algumas dicas de como evitar que a contaminação aconteça, de acordo com cada etapa de manipulação dos alimentos:
- Armazenamento
Alimentos perecíveis devem ser guardados na geladeira ou no congelador, de acordo com orientação da nutricionista.
Ela recomenda que a temperatura da geladeira seja mantida abaixo de 5°C e a do congelador abaixo de -18°C. “Não coloque sacolinhas que chegaram do supermercado diretamente na geladeira. Retire os alimentos das sacolas e armazene-os adequadamente em vasilhas ou saquinhos limpos e novos”, ressalta.
Yumi enfatiza que é preciso sempre verificar as datas de validade dos produtos antes de consumi-los. “Descarte alimentos que estejam vencidos ou com sinais de deterioração”, determina.
A especialista sublinha que os alimentos devem ser descongelados no refrigerador, no micro-ondas ou em água fria, nunca em temperatura ambiente, para evitar o crescimento bacteriano. “Os alimentos da despensa precisam ser armazenados suspensos e nunca diretamente no chão”, acentua.
- Higienização de frutas e verduras
Para remover sujeiras e resíduos visíveis, a nutricionista frisa que frutas e verduras devem ser lavadas e enxaguadas em água corrente. “Prepare a solução de higienização misturando uma colher de sopa (15 ml) de água sanitária (hipoclorito de sódio a 2-2,5%) para cada litro de água. Certifique-se de que a água sanitária é apropriada para uso em alimentos (veja no rótulo)”.
Segundo a especialista, soluções comerciais de higienização de alimentos, também podem ser usadas, seguindo as instruções do fabricante.
“Coloque as frutas e verduras na solução de higienização e deixe de molho por cerca de 15 minutos. Depois enxágue bem em água corrente para remover qualquer resíduo da solução de higienização”, ensina.
Ela completa que os alimentos devem, de preferência, ser deixados para secar naturalmente ou, como opção, secá-los com um pano limpo ou papel toalha. “Isso ajuda a evitar o crescimento de bactérias durante o armazenamento”.
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- Preparação
Na hora de preparar os alimentos, a especialista recomenda que as superfícies que serão usadas, bem como utensílios e equipamentos de cozinha, sejam limpos e desinfetados.
“É sempre bom usar produtos de limpeza apropriados para eliminar bactérias e vírus”, alerta.
Evitar a contaminação cruzada, mantendo alimentos crus separados dos cozidos, é outro ponto defendido pela nutricionista para evitar intoxicações. E recomenda que sejam utilizadas tábuas de corte e utensílios diferentes para carnes, frutas e vegetais.
É preciso ainda, segundo ela, certificar-se que as carnes estejam bem cozidas, principalmente suína e de aves. Outra recomendação da especialista é manter sempre em dia a dedetização da residência.
- Na geladeira
Quando for armazenar os alimentos no refrigerador, Yumi orienta que grandes quantidades sejam divididas em porções menores para que esfriem mais rapidamente e de maneira uniforme.
De acordo com a especialista, o armazenamento pode ser feito em recipientes de vidro ou de plástico (livre de BPA), com tampas bem ajustadas para evitar contaminação e desidratação.
Ela destaca que “prateleiras superiores são ideais para alimentos que não precisam de cozimento, como sobras, os que são prontos para consumo, e bebidas. Usar as prateleiras do meio para laticínios, ovos e alimentos que serão consumidos em breve”.
Yumi complementa que, “nas prateleiras inferiores, devem ser colocadas carnes cruas, peixes e aves em recipientes fechados para evitar vazamentos e contaminação cruzada. As gavetas devem ser utilizadas para armazenar frutas e verduras, ajustando a umidade conforme necessário. Na porta, são armazenados molhos, condimentos, geleias e conservas”.
- Congelamento
– Preparação:
Antes de congelar, é necessário deixar os alimentos quentes esfriarem até a temperatura ambiente, segundo recomendação da especialista.
Ela orienta evitar deixar alimentos perecíveis fora da geladeira por mais de duas horas (ou uma hora se a temperatura ambiente estiver acima de 32°C).
Mais uma recomendação é dividir os alimentos em porções menores para facilitar o congelamento e descongelamento. “Isso também ajuda a evitar o desperdício”, explica.
Também é preciso, de acordo com a especialista, retirar, o máximo de ar possível das embalagens para evitar queimaduras pelo congelamento. “Não esquecer ainda de etiquetar com a data de congelamento e o nome do alimento”, ressalta Yumi.
– Duração:
Segundo informação da nutricionista, geralmente, carnes cruas podem ser congeladas por 4 a 12 meses, enquanto carnes cozidas duram 2 a 3 meses.
“Peixes gordos (como salmão) podem ser congelados por até 2 meses, e peixes magros (como bacalhau) por 6 meses. A maioria das frutas e vegetais pode ser congelada por 8 a 12 meses. Pães e bolos podem ser congelados por 2 a 3 meses”, ensina.
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– Descongelamento:
Na opinião de Yumi, na geladeira é a maneira mais segura de descongelar alimentos.
Ela orienta que os alimentos sejam transferidos do freezer para a geladeira para que descongelem lentamente.
Outra opção, segundo a nutricionista, é colocar os alimentos embalados em um saco plástico e submergi-los em água fria, trocando a água a cada 30 minutos. “É uma opção mais rápida, mas ainda segura”.
“No micro-ondas, é preciso usar a função de descongelamento, e, logo após, cozinhar imediatamente, pois algumas áreas do alimento podem começar a cozinhar durante o processo”, alerta.
A especialista enfatiza que os alimentos jamais devem ser descongelados em temperatura ambiente ou expostos ao sol. “É recomendável também se evitar recongelar alimentos que foram descongelados, a menos que tenham sido cozidos”, destaca.
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- Embalagens
Yumi salienta que ao se comprar os alimentos, data de validade seja verificada e produtos próximos do vencimento sejam evitados, especialmente se não forem consumidos imediatamente.
É preciso também, de acordo com a especialista, certificar-se de que a embalagem está sem rasgos, furos, amassados ou sinais de violação. “Não compre produtos com lacres quebrados ou ausentes”, reforça.
Para alimentos refrigerados ou congelados, Yumi aconselha certificar-se de que estão sendo armazenados em temperaturas adequadas no ponto de venda. “Prefira produtos frescos ou recentemente produzidos. Observe a cor e a textura do produto, especialmente em embalagens translúcidas. Se possível, verifique o cheiro do produto e desconfie de odores fortes ou desagradáveis”, orienta.
Ela ainda recomenda que seja verificada a certificação de órgãos reguladores, como a Anvisa. “Prefira alimentos de procedência confiável, verificando informações sobre o fabricante, local de produção e procedência dos ingredientes”.