Silvia Massruhá, primeira mulher a assumir a liderança da instituição, destaca os esforços na geração e difusão de novas tecnologias para o agro (Foto: Raul Moreira)
A presidente da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), Silvia Massruhá, elencou os desafios para a agricultura brasileira em 2024, na última terça-feira (20/2), em visita à sede da Sociedade Nacional de Agricultura (SNA), no Rio de Janeiro.
Ela, que é a primeira mulher a liderar a instituição, destacou que as prioridades do setor devem envolver a segurança alimentar; a transição energética; as mudanças climáticas; e a inclusão socioprodutiva do pequeno e médio produtor rural.
“Na questão da transição energética temos que trabalhar mais com novos modelos alternativos de energia limpa e incentivo aos biocombustíveis. Em relação às mudanças climáticas, em tecnologias para adaptação e mitigação”, comentou Silvia, lembrando como os eventos climáticos severos afetam a produção agropecuária.
No caso da inclusão, o presidente destaca que ainda há uma distância muito grande entre grandes produtores e pequenos e médios, em relação à renda e acesso a tecnologias.
“Temos ainda 85% dos produtores rurais, de pequenos a médios, que não têm acesso à tecnologia”, pontua Silvia.
Na avaliação da presidente da Embrapa, a adoção de novas tecnologias no campo vai além de apenas aumentar a produtividade, passando também pela possibilidade de trazer mais sustentabilidade ao setor.
“Precisamos da adoção de novas tecnologias para aumentar nossa produção e produtividade de maneira sustentável, bioinsumos, novas práticas mais sustentáveis, como a Integração lavoura-pecuária- floresta”.
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Sustentabilidade do agro brasileiro
A presidente da Embrapa também ressaltou a importância de levantar dados que comprovem o caráter sustentável da agricultura brasileira, que nos últimos 50 anos registrou um aumento de 140% de área plantada e 580% na produção de grãos.
“O Brasil é o único que tem duas a três safras em uma área. E tudo isso é sustentabilidade. O que fez com que produzíssemos cinco vezes mais em uma mesma área? Tecnologia e ciência”, pontuou Silvia Massruhá.
Ela revelou que a instituição está participando de um programa junto ao governo federal para levantar indicadores de sustentabilidade e definir taxonomias. Um dos desafios, segundo Silvia, é tropicalizar os parâmetros, hoje ditados por países de clima temperado.
“Temos que trazer esses dados e parâmetros para a agricultura tropical, porque muitas vezes os parâmetros vêm de climas temperados. Temos o desafio de mostrar o quanto o nosso país tem trabalhado com uma agricultura sustentável”, diz.
“A Embrapa vem desenvolvendo uma calculadora de carbono de toda a análise de ciclo de vida de todo o sistema de produção”, revela.
Desenvolvimento de Startups
A presidente da Embrapa aproveitou a visita para conhecer as instalações do Hub de Startups da SNA – o SNASH, que já conta com 131 empresas espalhadas pelo país.
Segundo ela, a Embrapa tem um papel de guerra tecnológica, entretanto, as startups têm o potencial de dar escala a essas ferramentas.
Silvia atuou durante mais de três décadas vinculada à Embrapa Informática Agropecuária, que passou a se chamar Embrapa Agricultura Digital. Antes de assumir cargos de gestão, atuou por 20 anos na pesquisa, liderando projetos na área de engenharia de software, inteligência artificial e computação científica aplicada à agricultura.
Ela lembrou do crescimento do número das startups do agro no brasil, que segundo o levantamento do Radar Agtech, da Embrapa, ultrapassam as 1900 startups.
“Temos trabalhado no monitoramento das startups no país. A Embrapa tem contribuído com mentoria e compartilhamento de inglaterras em seus 43 centros de pesquisa”.
Redação A Lavoura