A Indicação de Procedência (IP) é o reconhecimento nacional de que o queijo tem um papel fundamental na sociedade, com forte significado pela sua história, e irá beneficiar toda a cadeia produtiva do queijo artesanal no País
Produtores de queijo Minas artesanal de 19 municípios do Cerrado mineiro estão comemorando a conquista e, agora, podem usar a chancela de reconhecimento da qualidade e características específicas do produto feito na região. Isso porque o queijo do Cerrado mineiro conquistou a Indicação Geográfica (IG), na modalidade Indicação de Procedência (IP) para o queijo de leite de vaca cru integral. É a terceira região produtora de queijo Minas artesanal a obter o registro. As outras duas são as regiões da Canastra e do Serro.
Queijo do Serro une história e sabor trazidos pelos imigrantes portugueses
A certificação foi concedida pelo Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI) e irá beneficiar cerca de seis mil produtores do Alto Paranaíba e Noroeste de Minas Gerais, das cidades de Abadia dos Dourados, Arapuá, Carmo do Paranaíba, Coromandel, Cruzeiro da Fortaleza, Guimarânia, Lagamar, Lagoa Formosa, Matutina, Patos de Minas, Patrocínio, Presidente Olegário, Rio Paranaíba, Santa Rosa da Serra, São Gonçalo do Abaeté, São Gotardo, Vazante, Tiros e Varjão de Minas.
Para o presidente da Associação dos Produtores de Queijo Minas Artesanal do Cerrado (Aprocer), Eudes Braga, a aprovação foi mais rápida do que o esperado, “fato que reforça as características e qualidades da produção de queijos artesanais no território”, salienta.
Processo de fabricação
Braga detalha que o queijo Minas artesanal do Cerrado é fabricado a partir de leite de vaca cru integral, recém-ordenhado, produzido e beneficiado na propriedade de origem, em até 90 minutos após sua obtenção, com umidade máxima de 45,95% e seguindo boas práticas de produção. “Leite cru é aquele que não foi pasteurizado e que, por isso, conserva bactérias típicas da nossa região do Cerrado Mineiro”, ele ensina.
No processo de fabricação, é usado o fermento natural, conhecido como “pingo”, coalho e sal. Ele é maturado pelo período mínimo de 22 dias ou por um tempo menor que venha a ser definido pela legislação. “’Pingo’ é o DNA dos nossos produtos. Pegamos um pouco do soro que pinga dos queijos e utilizamos como fermento natural na produção do dia seguinte. Cada produtor usa um pingo diferente. Por isso, cada queijo do Cerrado mineiro tem um sabor único, pra lá de especial”, orgulha-se o presidente da Aprocer.
“Braga detalha que o formato padrão, tem de 15 a 17 centímetros de diâmetro e até sete centímetros de altura. “O queijo apresenta sabor suave, adocicado, ligeiramente ácido, podendo ser levemente amanteigado ou picante”, salienta.
Ele destaca que os queijos do Cerrado mineiro são considerados de alta umidade, sendo a prensagem manual, com o auxílio de tecido dessorador, uma técnica de produção oriunda da tradição e herança cultural da região. “São justamente tais técnicas que diferenciam o produto e contribuem para que a região se tornasse conhecida pela produção de queijos artesanais”, enfatiza.
Para o presidente da Aprocer, esse reconhecimento é um grande marco para a região, pois expressa a excelência dos queijos do Cerrado mineiro, valorizando ainda mais o produto, abrindo novos mercados e gerando mais confiança para os consumidores”, comemora.
Boas práticas
Mara Mota, coordenadora técnica regional de Bem-Estar Social da Emater-MG, destaca que a Indicação de Procedência (IP) é o nome geográfico de um país, cidade, região ou uma localidade que se tornou conhecido como centro de produção, fabricação ou extração de determinado produto ou prestação de determinado serviço. “A Indicação Geográfica para o queijo do Cerrado é uma conquista para os produtores, pois irá valorizar ainda mais o produto e garantir a sua procedência. Ou seja, assegurar que é um produto fabricado de acordo com as especificações técnicas na região do Cerrado”, afirma.
Ela enfatiza que a Emater-MG orienta os produtores de queijo Minas artesanal na adoção de boas práticas agropecuárias e de fabricação, com o objetivo de garantir a segurança sanitária do alimento. “A empresa também assessora no processo de legalização das queijarias, além de incentivar a organização dos produtores”, revela.
Promoção da origem e qualidade
Marcelo de Souza e Silva, presidente do Conselho Deliberativo do Sebrae Minas destaca que a Indicação Geográfica contribuirá ainda mais para a promoção da qualidade e origem do produto. “Com essa conquista, o queijo do Cerrado será ainda mais valorizado pelos consumidores”.
Segundo o executivo, esse reconhecimento elevará a região como referência na produção de queijo, somando-se ao prestígio já conhecido pelo café. “Os produtores terão seu trabalho mais enaltecido, enquanto o produto ganhará maior visibilidade e oportunidade de expansão para novos mercados”, acredita.
Ele reforça que esse reconhecimento elevará a região como referência na produção de queijo, somando-se ao prestígio já conhecido pelo café. “Os produtores terão seu trabalho mais enaltecido, enquanto o produto ganhará maior visibilidade e oportunidade de expansão para novos mercados”, afirma.
Indicação Geográfica
O presidente do Conselho Deliberativo do Sebrae Minas explica que a Indicação Geográfica (IG) é um reconhecimento que garante a procedência do produto e sua qualidade, além de ser um diferencial competitivo para os produtores da região. “Dividido em Denominação de Origem (DO) e Indicação de Procedência (IP), o registro de Indicação Geográfica evidencia a reputação, as qualidades e as características de produtos e serviços da região”.
Silva conta que, atualmente, o Brasil já conta com 114 Indicações Geográficas registradas no INPI. A maioria delas é de pequenos negócios no segmento do agro. “No caso do queijo, três IGs reconhecidas são de Minas Gerais, todas na modalidade de Indicação de Procedência: Serro, Canastra, e agora, o Cerrado”, destaca.