A rastreabilidade de alimentos e o monitoramento das máquinas ajudam setor no cumprimento de ações sustentáveis relacionadas ao meio ambiente
A incorporação de práticas ESG (Em inglês, Environmental, Social and Governance) no agronegócio ainda não recebe a devida atenção, especialmente em relação ao meio ambiente. Para se ter uma ideia, uma pesquisa feita pela HR Tech Mereo revelou que o pilar mais considerado é o social (100%), seguido de governança (83%) e ambiental (50%).
Ainda segundo o levantamento da HR Tech Mereo, plataforma integrada de gestão de pessoas que atende 10% das 500 maiores empresas do Brasil, apesar de 100% das companhias entrevistadas contarem com métricas ESG, apenas 50% observam os três pilares da agenda.
Para Pietro Schenardi, engenheiro agrônomo e Costumer Manager da PariPassu, a tecnologia é uma grande aliada no cumprimento de ações sustentáveis para o meio ambiente no agronegócio, o que inclui rastreabilidade de alimentos e monitoramento das máquinas no campo.
“A rastreabilidade de alimentos é uma estratégia nos processos de ESG na cadeia agroalimentar e impacta positivamente na qualidade da comida que chega ao mercado e na validação de processos de qualidade exigidos pelos países exportadores”, diz. “Investidores estão de olho em negócios que têm esse pensamento, dando preferência para mercados que já os possuem”, completa.
Importância da rastreabilidade
Segundo ele, a rastreabilidade é uma ferramenta necessária para legitimar todas as práticas ESG da cadeia produtiva e torná-las conhecidas. “A tecnologia de rastreamento de alimentos contempla os três pilares do ESG, fornecendo dados para controle em todo o processo, desde o campo até a indústria e varejo”, observa.
Como explica, o pilar ambiental pode comprovar que o alimento passou por um percurso livre de qualquer prejuízo ao meio ambiente, como uso abusivo de agrotóxicos, cultivo em área de desmatamento, e desperdício de recursos naturais.
Já no pilar social, o rastreamento identifica e certifica todos os profissionais da cadeia de alimentos, sendo um instrumento para detectar qualquer irregularidade relacionada à força de trabalho. Por fim, em governança, a rastreabilidade contribui para a transparência, responsabilidade fiscal, combate a posturas antiéticas.
Preservação do ambiente
Por sua vez, Claudia Garcia, Gerente de Contratos Florestais da divisão de Agricultura da Hexagon, afirma que a tecnologia tem ajudado cada vez mais os produtores e gestores florestais no respeito às normas e na preservação do meio ambiente.
Nesse sentido, ela destaca soluções de monitoramento das atividades e de rastreabilidade das máquinas, por exemplo, que auxiliam com uma visão detalhada do que acontece nas fazendas.
“Com uso de sensores e softwares avançados é possível registrar a posição da máquina e o processo que está sendo realizado de segundo a segundo, obtendo relatórios detalhados sobre área trabalhada, distância percorrida, velocidade, produtividade, entre outros fatores relevantes”, comenta.
No âmbito ecológico, ela afirma que esse tipo de tecnologia ajuda, sobretudo, na diminuição dos riscos de invasão a espaços protegidos, como as áreas de preservação permanente (APP) — detalhadas no Código Florestal pela sua importância para a preservação de recursos hídricos e da biodiversidade. Faixas marginais de cursos d’água, topos de morros e manguezais, por exemplo, estão entre elas.
“Temos muita procura de empresas que trabalham com silvicultura preocupadas em preservar o meio ambiente e atender a legislação para que não ocorra invasões em áreas de APP nos seus processos”, conta Claudia. “Com esse tipo de solução, os operadores conseguem visualizar os limites de atuação na tela do display embarcado na máquina e evitam qualquer ultrapassagem.”
Além disso, ela destaca outros ganhos associados ao monitoramento das práticas operacionais, como verificação e conhecimento dos gestores sobre possíveis impactos ocorridos. “Dessa forma, é possível realizar intervenções imediatas, assim como elaborar um planejamento mais assertivo, incluindo ações mitigatórias. Com informações detalhadas em mãos, fica mais fácil contribuir nas auditorias ambientais, confirmando e validando boas práticas na execução das atividades”, argumenta.