Hidratação e dieta adequadas ajudam a prevenir doença renal crônica em cães e gatos
Um dos quatro elementos essenciais à vida e toda sua diversidade, a água é fundamental para garantir não só a saúde do planeta, como também a de todos os seres vivos. Sendo assim, a falta dela pode acarretar em problemas que podem comprometer o desenvolvimento saudável dos humanos e dos animais.
No caso dos pets, uma das doenças mais importantes relacionadas à falta de uma hidratação adequada é a doença renal crônica (DRC), que tem afetado animais de estimação em todo mundo.
De acordo com estudo publicado pelo Centro Médico de Minnesota (EUA), 10% dos cães e 30% dos gatos com mais de 15 anos possuem essa enfermidade. Com diagnóstico precoce e tratamento adequado, no entanto, os pets afetados podem continuar a desfrutar de uma boa qualidade de vida.
Tratamento
Segundo o professor do curso de Medicina Veterinária do Centro Universitário de Brasília (CEUB) Bruno Alvarenga, a detecção precoce da DRC é fundamental para o sucesso do tratamento.
“A doença renal crônica em estágios iniciais é totalmente silenciosa, por isso é necessário fazer a prevenção. Quando presente, dentre sinais que podem indicar que há algo errado estão o aumento da ingestão de água e do volume de urina. Mas geralmente são em momentos de extrema desidratação que ocorrem as injúrias renais”, destaca.
O especialista explica que os gatos têm mais facilidade de desenvolver a doença, uma vez que a domesticação da espécie levou a uma considerável redução no volume de água ingerida.
“Enquanto animal selvagem, os felinos caçavam presas com pelo menos 70% de água. Dentro de casa, os gatos comem ração, que tem mais ou menos 10% do teor de umidade. Para garantir a hidratação dos gatinhos, o ideal é dar ração úmida e disponibilizar fontes e potes de água pela casa”, orienta Alvarenga. Ele acrescenta que outro fator preocupante é se o animal parar de beber água.
“O exame de urina é um dos principais meios e mais baratos para identificação de problemas renais e para monitorar a DRC, pelo material ser o produto principal do rim”, informa.
Entretanto, Alvarenga diz que o rim tem muitas funções, que vão além de produzir urina. “Este órgão também é responsável por estimular a produção de hemácias, atuar no controle da pressão arterial e no nível de diversos eletrólitos”, acrescenta.
O estresse também pode ser um fato desencadeador da doença. No gato, por exemplo, que é um animal de muita rotina, a desordem pode ser despertada pela simples mudança de ambiente, como a ida ao pet shop ou a mudança de móveis dentro da casa. “A troca de ração, uma pessoa a mais, uma pessoa a menos e o barulho de uma obra podem desencadear a diminuição na ingestão de água e alimentação no pet, causando problemas renais”, lista o professor.
Prevenção
Conforme ensina Alvarenga, para evitar a doença, a dica é simples: o animal tem que se hidratar, e a hidratação adequada varia de acordo com o manejo. “Se um pet faz ingestão de alimentação natural, parte da água necessária para manter a hidratação está inserida na comida. Já aqueles que se alimentam de ração seca e bebem água no pote, precisam tomar um volume maior de água”, orienta.
Em resumo, ele informa que cães e gatos precisam ingerir água tanto pura quanto nos alimentos, totalizando cerca de 100ml de água por quilo. O importante é sempre estimular a ingestão de água e realizar os exames de monitoramento anualmente.
Ele lembra ainda que, para tratar um animal diagnosticado com doença renal ou qualquer outra, é fundamental um bom acompanhamento médico veterinário, e que o tutor siga à risca as orientações do profissional. “Por mais que amemos os animais como filhos, não podemos cuidar deles como humanos, devendo, portanto, respeitar as limitações e metabolismo de cada espécie”, alerta.
Por fim, ele destaca que, por vezes, quando os animais não estão bem, é comum sentir vontade de medicá-los, o que não é recomendando. “Além do fato de que nem todas as medicações podem ser feitas em uma espécie, estas podem ser nefrotóxicas e se administradas em um paciente renal e até expor o animal a riscos maiores”, arremata Alvarenga.