Preservar áreas de vegetação que sirvam de abrigo e local de coleta de recursos pelos insetos polinizadores é uma forma de preservá-los
As plantas partenocárpicas, como a banana, frutificam sem fertilização, porém, para as demais, sem polinização não há fertilização, ou seja, não há sementes e, normalmente, não há frutos também.
Segundo o engenheiro agrônomo Décio Luiz Gazzoni, pesquisador da Embrapa Soja e membro do Conselho Científico Agro Sustentável (CCAS), algumas plantas, como as frutíferas, são dependentes de polinização animal, em especial por abelhas.
“Quando há déficit de polinização, a produção cai. Isso significa que, em um primeiro instante, o produtor perde dinheiro por produzir menos, e, no segundo instante, pode até se reequilibrar, porque o preço sobe. Mas, com polinização insuficiente, o consumidor sempre pagará preço maior pelo produto”, analisa o pesquisador.
Ele acrescenta que déficit de polinização é um problema atual, que tem sido potencializado pelo volume crescente da produção agrícola e pelo agravamento das causas de déficit.
Entre as principais causas atuais do déficit Gazzoni aponta a perda do habitat dos polinizadores pelo avanço da agricultura, das cidades, estradas ou indústrias sobre a vegetação nativa; as pragas que atacam os polinizadores, efetuando seu controle biológico, tão importante para controla-las, mas indesejável quando os matam; mudanças climáticas globais; e operações agrícolas adversas, como o uso inadequado de pesticidas.
O que fazer?
O pesquisador afirma que o problema é global e a solução também, mas cada país, cada agricultor, precisa fazer sua parte, com ações que garantam as melhores condições para os polinizadores atuarem, auxiliando a obter alta produtividade na agricultura.
O especialista afirma que há duas ações principais pelas quais os agricultores podem auxiliar os polinizadores. A primeira, explica, é manter e preservar áreas de vegetação que sirvam de abrigo e local de coleta de recursos pelos polinizadores. “A presença de plantas que favoreçam os polinizadores nas áreas de reserva legal e de proteção permanente é fundamental para atingir esse objetivo”, diz.
Já a segunda ação, é a adequação do controle de pragas, mas sem prejudicar os polinizadores. “Para tanto é importante seguir as indicações dos programas de manejo de pragas, diversificando os métodos de controle. E, quando houver necessidade de aplicação de inseticidas químicos, deve-se atentar para as recomendações, de forma a evitar qualquer deriva para as áreas onde os polinizadores se abrigam”, orienta.