Evento promoveu o contato entre entidades e empreendedores do setor de inovação científica e tecnológica. Na foto, Bruno Caligaris (Projetos Estratégicos/PR), Antonio Alvarenga, presidente da SNA; Maurício Guedes (Faperj); João Paulo Torres e Ariane Figueira (UFRJ)
Autoridades, empreendedores e representantes de empresas e instituições voltadas para tecnologia e inovação participaram, na Sociedade Nacional de Agricultura (SNA), da nova edição do Rio Scientific Entrepreneurship (RISE 2022).
O evento, realizado em 6 e 7 de outubro, promoveu o contato entre entidades e empreendedores do setor de inovação científica e tecnológica, principalmente do Estado do Rio de Janeiro. O objetivo foi criar uma rede de apoio e de realização de negócios com geração de renda e oportunidades para cientistas e profissionais.
A programação incluiu palestras, rodas de debate, exposição de startups, sessões de pitch (breves apresentações de projetos), entre outras atividades.
“O Rio de Janeiro tem um ambiente tecnológico que está sendo direcionado para a pesquisa e inovação, inclusive no setor agrícola. O estado tem vocação natural para a inovação”, disse Bruno Caligaris, diretor de Projetos da Secretaria Especial de Assuntos Estratégicos da Presidência da República, ao participar da abertura do evento.
SNASH
Durante o RISE 2022, a SNA apresentou o SNASH, um hub de startups dos setores agrícola e educacional. “A SNA está abrindo uma nova frente, que é um hub de inovação e tecnologia com agtechs e edutechs. Atualmente, temos mais de duas mil agtechs no Brasil. É daí que surge a inovação”, disse o presidente da instituição, Antonio Alvarenga.
“O agro brasileiro é um dos mais tecnificados do mundo, e precisamos manter esse padrão, com base em inovação e pesquisa. Hoje em dia, a inovação, em todas as áreas, está vindo, em grande parte, das startups”.
Bolsa
Nelson Rocha, secretário estadual de Planejamento do Rio, falou à ocasião sobre a elaboração do plano estratégico para o estado, que inclui uma série de ações nas áreas econômica, social e territorial.
Uma das iniciativas prevê a implantação, a partir do primeiro trimestre de 2023, de uma bolsa de negociação de ativos digitais de créditos de carbono, da economia circular e da biodiversidade. “Já estamos operacionalizando um acordo de entendimento que formalizamos com a Nasdaq para implantar a primeira bolsa do mundo que irá negociar ativos ambientais”, afirmou o secretário.
Para ele, o Brasil será o grande protagonista da Economia Verde, diante do volume de estoque de CO2 no País. “Nesse sentido, nada melhor que o Brasil também seja o centro de negociação desses ativos”, disse.
“Precisamos ter políticas públicas nessa direção para que possamos nos tornar um dos líderes da economia mundial, com a possibilidade de operar, somente no mercado de crédito de carbono, cerca de US$ 100 bilhões ao ano, por volta de 2030”.
Referência mundial
Após a implantação da bolsa, acrescentou Rocha, a meta será atrair os fundos de investimentos internacionais, “que hoje aplicam exclusivamente em empresas sustentáveis e que negociam cerca de US$ 57 trilhões. Nossa meta é atrair pelo menos 5% desses fundos”.
Ainda segundo o secretário, “não basta apenas resgatar o mercado financeiro para o Rio com foco na sustentabilidade. Precisamos também de ações concretas para que nos tornemos referência mundial, de um estado que pensa em seu desenvolvimento do ponto de vista da preservação ambiental e de garantia de melhor qualidade de vida para as pessoas”.
Fertilizantes
Bruno Caligaris, representante do governo federal, destacou a recente aprovação do plano de fertilizantes para o Estado do Rio que, segundo ele, está voltado não somente para o fornecimento de produtos como também para o desenvolvimento de cadeias emergentes como a de insumos e de biotecnologia.
“Neste plano também elaboramos algumas medidas para superar o ‘Vale da Morte’ (momento em que as startups ainda estão no negativo e dão seus primeiros passos para se estabelecerem), por meio de inovações”.
Caligaris falou também sobre a importância das iniciativas público-privadas em benefício dos inovadores do setor, e citou como exemplo o Projeto de Lei que facilita a importação de máquinas e equipamentos para a indústria de fertilizantes.
Doutores e pesquisadores
No âmbito acadêmico e de inovação de base científica, Maurício Guedes, diretor de Tecnologia da Fundação Carlos Chagas Filho de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio de Janeiro (Faperj), ressaltou os programas de incentivo a doutores e pesquisadores.
Segundo ele, a Faperj, com seus editais, “está incentivando doutores a criarem empresas, mediante o pagamento de bolsas e de auxílio financeiro para iniciar seus negócios. Até o momento, já aprovamos 27 startups criadas por doutores”, disse. “Neste caso, as startups precisam se abrigar em algum ambiente promotor de inovação como o hub da SNA, por exemplo, que poderá em breve receber doutores e empreendedores”.
Guedes também lembrou que Faperj lança editais para conceder bolsas a mestres ou doutores que atuam em projetos de pesquisa, desenvolvimento e inovação dentro de empresas.
Edital para o agro
Além disso, o diretor da Faperj destacou que, pela primeira vez, a fundação elaborou um edital voltado exclusivamente para o agro, com a aprovação de 70 projetos, incluindo os de caráter acadêmico, de criação de startups e de cooperação entre empresas e universidades, que abrangem diversos municípios fluminenses.
“Há também um edital para Indicações Geográficas, de interesse do agro, que apoia o registro das IGs no INPI. Nossa ideia é financiar até 20 projetos”, concluiu Guedes.
Recuperação de solos
João Paulo Torres, professor do Instituto de Biofísica Carlos Chagas Filho, da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), abordou a importância da inovação como ferramenta potencial para a recuperação de solos degradados e acrescentou que esse processo está relacionado à necessidade de formação de jovens da área rural.
Realizações
Ariane Figueira, superintendente de Pós-Graduação e Pesquisa da UFRJ, destacou algumas realizações da universidade, entre elas, a recente criação do Sistema Inova, que tem por objetivo integrar as estruturas de inovação do campus. A iniciativa garantiu a implantação de centros de inovação em cada uma das decanias da UFRJ, com o envolvimento de professores e alunos. A ideia, segundo Ariane, é criar um ecossistema específico favorável a debates e articulações.
A superintendente mencionou ainda a criação de diferentes circuitos de inovação no âmbito universitário, incluindo laboratórios, startups, patentes, entre outros, que geram oportunidades para o empreendedorismo. “A UFRJ compartilha laboratórios para atender startups que não têm espaço para funcionar”, disse.
Entre outros projetos, Ariane citou a realização do curso de mestrado e doutorado acadêmico para Inovação e a implementação da plataforma Conecta UFRJ, um local de busca na área de inovação que, segundo ela, representa “um passo inicial para a realização de parcerias”.
Programação
Ao longo de sua programação, o RISE 2022 tratou de diversos temas, entre eles, incubadoras das universidades, cenário do agro no Estado do Rio e desafios à competitividade, preservação de alimentos com radiação, ESG como estratégia de negócios no agro e bioeconomia.
Prêmios
Ao final do evento, o ministro da Ciência, Tecnologia e Inovações, Paulo Alvim, entregou os prêmios de melhor expositor e de melhor pitch, que foram concedidos, respectivamente, à startup IMBR Agro, que busca democratizar a análise do risco rural, oferecendo índices e avaliações de riscos agrometeorológicos e de comercialização, e à Polimex, startup que desenvolve novos materiais bioplásticos voltados para a economia circular, produzidos a partir de insumos agrícolas e resíduos agroindustriais brasileiros.
O RISE 2022 teve como organizadores, além da SNA, a UFRJ, a Faperj e a empresa Sollytch.