Objetivo do programa é combater gargalos e expandir a conectividade no campo
Drones, sensores, GPS, robótica e automatização trazem diversos benefícios ao proprietário rural. Junto com essas tecnologias, as redes sociais também ganham espaço como ferramenta de negócios, encurtando distâncias na agropecuária.
Nesse cenário, o Programa Inclusão Digital no Campo (INDICAM), disponibilizado pelo Senar-SP, por meio dos Sindicatos Rurais, o busca superar desafios precisam para que o Brasil conheça o agro 4.0. De acordo com o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), somente 23% do espaço agrícola brasileiro possui acesso à internet.
Segundo Dejair Aparecido dos Reis, especialista em Ciência da Computação e instrutor do Senar-SP no Sindicato Rural de Jundiaí, os treinamentos auxiliam produtores rurais que ainda não têm o hábito de utilizar a internet em seu dia a dia. “A proposta é fomentar a inclusão digital e o desenvolvimento social e econômico da população ligada a negócios rurais, com ganhos educacionais e geração de emprego e renda”, afirma. “O desafio é introduzir o agricultor no universo digital, pois são pessoas de outra geração, muitos não têm aparelhos de celular e nunca usaram um computador.”.
Tendências
A internet tem ganhado espaço no campo. De acordo com a 8ª Pesquisa Hábitos do Produtor Rural, divulgada pela Associação Brasileira de Marketing Rural e Agronegócio (ABMRA), 76% dos produtores rurais brasileiros já utilizam o WhatsApp para negociar. O estudo “A mente do agricultor na Era Digital’, realizado pela consultoria McKinsey & Companhia, mostrou tendência semelhante. Entre 2020 e 2021, a adoção de plataformas e canais digitais passou de 36% para 46% entre os agricultores brasileiros.
O distanciamento social imposto pela pandemia de Covid-19 acelerou esse processo. A pesquisa mostrou que o número de agricultores dispostos a vender a safra totalmente online dobrou durante a pandemia. Em 2020, a taxa subiu de 11% taxa para 23%.
Embora as pesquisas apontem que agricultores de diversos perfis estejam inseridos nestas tendências, o desconhecimento e resistência são visíveis entre grupos de maior idade. Por isso, o Programa Inclusão Digital no Campo (INDICAM), do Senar, ensina desde noções básicas de informática até a utilização de ferramentas de gestão e produtividade.
“Na maioria das vezes, os alunos têm a ideia de que lidar com tecnologia é difícil e que não vão conseguir. Sendo assim, é preciso todo um trabalho para mostrar que ninguém nasce sabendo e que em qualquer idade é possível aprender, basta querer”, diz Reis.
Novos caminhos
O curso oferecido pelo Senar-SP dá aos agricultores a possibilidade de ter contato com o universo digital, começando pelo conhecimento do computador ou notebook e das partes que o compõem. “Por isso, eles têm noção de hardware e sistemas operacionais”, explica Reis.
No segundo momento, o objetivo é mostrar aos agricultores que o computador pode ser um parceiro, facilitando e agilizando o trabalho diário. Para isso, eles aprendem a trabalhar com Word e Excel e todas as possibilidades que esses programas podem oferecer, até, de terem noções sobre e-mail, redes sociais, trabalho em ‘nuvem’ e certificação digital detalha o instrutor do SR Jundiaí.
Por fim, os alunos aprendem a navegar na internet, descobrindo como essa ferramenta pode auxiliá-los tanto no controle de vendas quanto no marketing de seus produtos. “O objetivo é mostrar que saber utilizar as ferramentas oferecidas pelo computador e o celular pode ajudar a aumentar suas vendas e dar visibilidade ao produto deles”, arremata Reis.