Confira algumas orientações da cartilha elaborada por pesquisadores da entidade
Pioneira na extração de azeites extravirgens no Brasil, a Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais (Epamig) desenvolve projetos para toda a cadeia produtiva, da escolha de mudas e áreas de plantio, até o envase e a avaliação da qualidade do produto final. Com base nessas experiências, os pesquisadores Luiz Fernando de Oliveira e Pedro Moura fazem recomendações que podem ajudar no momento da compra.
Os pesquisadores recomendam ficar de olho, para evitar a compra de produtos adulterados. Vale lembrar que, um uma ação de fiscalização, o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) suspendeu a comercialização de cerca de 150 mil garrafas de azeite de oliva de 24 marcas consideradas impróprias para o consumo.
A iniciativa, realizada dia 16 de dezembro, aconteceu em São Paulo, Rio de Janeiro, Ceará, Goiás, Paraná e Santa Catarina, e serve como alerta para a escolha do produto que, de acordo com informações do Ministério da Agricultura, é o segundo mais adulterado do mundo.
Alerta
Segundo Oliveira, que é coordenador do Programa de Pesquisa em Olivicultura da Epamig. o consumidor deve observar, por exemplo, se o azeite é extravirgem, além de verificar a data de fabricação e de envase, pois, quanto mais novo, melhor tende a ser o azeite. “Deve, também, desconfiar de preços muitos baixos e de marcas duvidosas, que já tiveram algum problema reportado pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), ou pelos demais órgãos de fiscalização”, alerta.
Por sua vez, o engenheiro agrônomo Pedro Moura, informa que o produto deve atender ass especificações da Instrução Normativa 1/2012 do Mapa que define que “azeite de oliva é o produto obtido somente do fruto da oliveira, excluído todo e qualquer óleo obtido pelo uso de solvente ou pela mistura com outros óleos”.
Outra recomendação de Moura é quanto à cor da embalagem. “Uma dica é escolher embalagens escuras e que sejam fáceis de vedar após abertas. Isto porque, dentre os inimigos do azeite, temos a luz, que ajuda na degradação, o oxigênio e a temperatura”, ensina. “Também, vale a pena conferir o local de produção e de envase, pois quando o azeite é produzido em um lugar e envasado em outro, as chances de deterioração e de fraude aumentam”, indica.
Em relação ao armazenamento, os pesquisadores afirmam, que nos pontos de venda, os azeites devem estar em ambientes frescos e longe de luz forte. Em casa, as recomendações são semelhantes: “O azeite deve ser armazenado em local escuro, sem a incidência direta de luz e com baixas temperaturas (cerca de 18 °C), e, após aberto, o consumo deve ser rápido para evitar a oxidação do produto”, recomenda Oliveira. “A embalagem deve ser guardada em lugares frescos longe de janelas e do fogão”, completa Pedro Moura.
Tipos
Os azeites mais encontrados pertencem ao grupo Azeite de Oliva Virgem, que é dividido em três tipos: Extravirgem (com acidez de até 0,8%), Virgem (com acidez de até 2%) e Lampante (com acidez superior a 2%). Este último é impróprio para consumo e usado como combustível. “O melhor azeite é o extravirgem, por apresentar características químicas e sensoriais (aroma e sabor) superiores aos demais”, afirma Oliveira.
De acordo com o pesquisador, a acidez é um dos parâmetros químicos que indicam a qualidade do azeite, mas outros também precisam ser observados. “Nem sempre um azeite com baixa acidez tem características sensoriais que agradam aos consumidores, como aroma, amargor e picância”, diz ele.
Dentre os outros fatores, Moura cita o índice de peróxidos, que determina a oxidação inicial do azeite, e a absorção de luz ultravioleta, que permite a detecção de componentes anormais no produto. A Epamig avalia alguns desses fatores no laboratório de análises químicas, localizado no Campo Experimental de Maria da Fé. “Esses parâmetros químicos não estão relacionados ao sabor e ao paladar, que integram a análise sensorial, também muito importante para a classificação”, comenta Moura.
“As características que conferem qualidade ao azeite são verificadas por análises químicas realizadas em laboratórios, como o da Epamig, e também pela degustação, para conferir as qualidades sensoriais (aroma e sabor), bem como os defeitos”, acrescenta Luiz Fernando.
Essas e outras recomendações estão na cartilha Azeite de Oliva, disponível para download gratuito no site da Epamig (http://www.epamig.br/download/cartilha-azeite-um-marco-da-pesquisa-da-epamig/?wpdmdl=4173&refresh=61c49971057a21640274289), onde o interessado encontrará informações sobre pesquisas em olivicultura, cultivares disponíveis, dicas para a escolha e benefícios para a saúde.