A utilização do ozônio (O3) na etapa de lavagem do produto pode eliminar contaminação da castanha-do-brasil pelo fungo Aspergillus flavus, micro-organismo responsável pela produção de micotoxinas (aflatoxinas e ácido ciclopiazônico). A recomendação é fruto da tese de doutorado do pesquisador Otniel Freitas-Silva, da Embrapa Agroindústria de Alimentos.
A contaminação da castanha-do-brasil já foi motivo de embargos de carregamentos que impediram a entrada do produto no mercado europeu. Em altas concentrações, estes elementos, que atacam a superfície da castanha, podendo atingir a amêndoa, colocam em risco a saúde do consumidor. As aflatoxinas acumulam-se no organismo e, no longo prazo, são fatores de risco importante para o desenvolvimento de neoplasias e câncer.
O pesquisador, que defendeu a tese de doutorado na Universidade do Minho (Portugal), buscou uma solução de descontaminação compatível com os produtos orgânicos, como é o caso deste fruto do extrativismo da Amazônia. “Pensamos em algo de baixo custo e ambientalmente saudável que não deixasse resíduos no alimento e que não colocasse em risco a saúde das pessoas que manipulam e consomem a castanha”, disse Freitas-Silva.
Indústria de alimentos
O ozônio é utilizado pela indústria de alimentos na forma gasosa e líquida em câmaras frigoríficas, silos e depósitos de alimentos, protegendo e conservando cereais, frutas, hortaliças, carnes e laticínios tanto no Brasil quanto no exterior. O pesquisador testou diferentes soluções até chegar a 10mg/litro de ozônio em solução aquosa, na qual a castanha é lavada por 2,5 minutos, tempo suficiente para eliminar os fungos da superfície do alimento, bem como de outros patógenos e micotoxinas na amêndoa.
“As cooperativas de castanha-do-brasil não precisam de muito investimento para adotar a lavagem com ozônio. Basta criar na própria usina um espaço com energia para o reator e os tanques de oxigênio e adaptar um pequeno sistema de lavagem e secagem”, explica Freitas-Silva. A técnica é segura e compatível com o selo GRAS (Generally Recognized As Safe), recomendado para produtos orgânicos no mercado internacional. Segundo o pesquisador, a aplicação da técnica está sendo negociada com cooperativas acrianas e paraenses por meio de projetos em parceria.