O grande volume de água de mandioca, resíduo líquido produzido em decorrência da prensagem da mandioca para a produção de farinha, conhecida como manipueira, vem estimulando diversas pesquisas na Embrapa Mandioca e Fruticultura. Em geral, ela é eliminada a céu aberto pela casa de farinha, em grande quantidade e de forma concentrada e, por isso, tóxica e poluente.
Mas os estudos já identificaram que esse subproduto pode ser aproveitado de diversas formas na agricultura. Sua composição de nutrientes, principalmente o potássio, a tornam adubo natural, tanto de solo, como foliar, podendo ser usada ainda na alimentação de ruminantes. A manipueira impura, quando adicionada à água, é mais tóxica ainda e pode ser eficiente no controle de pragas e doenças. Por isso, deve ser utilizada no mesmo dia da coleta, sob pena de o ácido contido na raiz se perder.
Na alimentação animal, precisa passar por um processo de desintoxicação prévia, alerta o pesquisador Mauto Diniz. Segundo ele, são necessários pelo menos dois dias para que a manipueira possa ser usada na alimentação de ruminantes como o boi, o carneiro e o bode. Segundo ele, esse resíduo tem elevada carga de matéria orgânica e de ácido cianídrico. De forte odor, atrai moscas e outros insetos, além de colocar em risco de intoxicação animais e a população, já que pode contaminar a água de cisternas num raio de 100 metros, explica Diniz.
Experiências mostram que a manipueira pode ser utilizada como adubo de cobertura, em plantas adultas. Como inseticida, combate o moleque-da-bananeira, e é eficiente fungicida no controle do mal-do-Panamá. A água da mandioca pode ainda ser utilizada como adubo de cinco diferentes maneiras: aplicada diretamente no solo, na adubação de cobertura, como adubo foliar, no preparo de compostagem e na fertirrigação.
Mauto Diniz explica que manipueira pode substituir adubos químicos, como a ureia, superfosfato simples e o cloreto de potássio, pois contém naturalmente esses nutrientes, podendo ainda ser utilizada em qualquer cultura. A única variável é a dosagem, que muda de cultura para cultura. “Esse adubo é capaz também de aumentar, até dobrar, a produtividade em relação à adubação química”, garante o pesquisador.