A pseudociese, ou gravidez psicológica, é comum em cadelas e ocorre geralmente entre a 6ª e a 14ª semana após a cadela entrar no cio
A falsa prenhez ou gravidez psicológica em cães, denominada Pseudociese, é uma ocorrência que pode acarretar algumas complicações na vida das pets. Mais comum em cadelas de pequeno porte, todas as fêmeas, mesmo sem terem cruzado, estão sujeitas à essa patologia – inclusive gatas, potencializando o risco para desenvolvimento de tumores de mama.
A definição da palavra pseudociese vem do grego e significa falsa gravidez (pseudo = falso, kyesis = gravidez). A pseudociese é comum em cadelas e ocorre geralmente entre a 6ª e a 14ª semana após a cadela entrar no cio. O aparecimento da pseudociese não apresenta predisposição entre faixas etárias, raças ou entre portes físicos, também não há interferência quanto à fêmea ser nulípara ou plurípara.
De acordo com a médica veterinária Mariana Castelhano Diniz, da Ourofino Saúde Animal, algumas teorias explicam o aparecimento dessa síndrome.
“Uma dessas teorias é que o aumento da concentração plasmática de prolactina após o período de ovulação irá acarretar a produção de leite pelas glândulas mamárias e a manutenção do corpo lúteo. O corpo lúteo, por sua vez, secreta a progesterona, hormônio responsável pela manutenção da gestação, por aproximadamente 60 dias após a ovulação”, ensina.
Ela explica que, devido à ausência de um hormônio que destrua o corpo lúteo no caso de não fertilização, o nível hormonal em animais gestantes ou não é o mesmo. A prolactina é um neuropeptídeo produzido pelas células lactotróficas da adenohipófise, cuja secreção é estimulada por meio da supressão de dopamina hipotalâmica.
No cão, a prolactina circulante apresenta-se sob quatro formas moleculares. Além da ocorrência no período pós-ovulação, existem outros fatores que podem predispor o desenvolvimento da pseudociese tais como: durante e após o término de um tratamento com progestágenos (hormônios similares a progesterona), após um tratamento com prostaglandina (estrógeno e progesterona) e cerca de 3 a 4 dias depois de castração total da fêmea durante o período de diestro.
Principais sintomas
Cadelas com pseudociese podem ou não apresentar manifestações clínicas desta síndrome.
Os sinais comumente observados são:
- Aumento das glândulas mamárias com ou sem produção de leite,
- Adoção de objetos inanimados ou de filhotes de outras fêmeas,
- Preparação de “ninho” para o local do parto,
- Lambedura do abdômen,
- Agressividade,
- Ganho de peso ou anorexia.
Outros sinais pouco comuns:
- Êmese (vomito),
- Diarreia,
- Distensão e contração da parede abdominal,
- Poliúria (aumento do volume urinário),
- Polidpsia (sensação de sede),
- Polifagia (fome excessiva e ingestão exagerada de alimentos).
O diagnóstico e o tratamento
A veterinária ressalta que o diagnóstico é baseado na história, sinais clínicos e comportamentos apresentados pela fêmea algum tempo após o período de cio.
“Depois de uma gestação real, dentro de 4 a 8 semanas após o parto o comportamento da fêmea retorna ao normal. Deste modo, espera-se que os sintomas apresentados em cadelas com pseudociese desapareçam em um período de até 8 semanas”, diz Mariana.
Por se tratar de uma condição autolimitante, muitas vezes não é necessário tratamento ou apenas faz-se necessário um tratamento conservador com utilização de um colar elizabetano na fêmea para evitar que o animal estimule a secreção de leite através da lambedura das mamas.
“Outro tipo de tratamento conservador consiste na restrição da ingestão hídrica por 5 a 7 noites, desde que a função renal seja avaliada previamente. Quando existe um comportamento materno exagerado, a atenção do animal deve ser desviada através de estímulo à realização de atividades físicas. Em situações onde a cadela desenvolve agressividade pode ser feito o uso de tranquilizantes”, explica a médica veterinária.
Devido a especulações que relacionam a pseudociese com o aparecimento de tumores de mama, provavelmente ocasionado pelo estímulo das glândulas mamárias em fêmeas que apresentam esta alteração em vários ciclos estrais (cios), o tratamento é indicado.
“Dependendo do caso, pode até ser indicado um tratamento cirúrgico, que consiste na castração da cadela”, conclui.
Fonte: Ourofino Saúde Animal.