Dez empresas brasileiras aderem à tecnologia do lacre eletrônico para exportação de carne bovina
Dez empresas associadas à Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carne (Abiec) já estão oficialmente aptas a implementar o lacre eletrônico, tecnologia que possibilita a redução do tempo gasto com trâmites burocráticos na liberação de cargas, em nosso país.
Brevemente, uma unidade fabril de cada associada — BRF, Cooperfrigu, Frialto, Frigol, Frisa, JBS, Marfrig, Mataboi, Minerva e Rodopa — estará habilitada a utilizar o lacre eletrônico para o transporte de cargas de carne bovina com destino ao porto de Santos, em São Paulo.
Batizado de Canal Azul, a iniciativa é resultado de uma parceria entre Abiec, Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MA PA), Instituto de Tecnologia de Software, Ceitec e Escola Politécnica da Universidade de São Paulo (USP).
Espaço internacional
“O mercado brasileiro de exportação de carne tem ganhado espaço internacional ano após ano. Há cerca de 10 anos, a carne brasileira não aparecia na pauta dos assuntos discutidos em fóruns internacionais e, em menos de uma década, o Brasil ampliou em 10 vezes o valor de suas exportações. Para continuarmos crescendo, é imprescindível desenvolvermos formas mais eficientes de exportar e, neste sentido, a criação do Canal Azul é um marco para o país”, afirma Antonio Camardelli, presidente da ABIEC.
Anualmente, o Brasil perde aproximadamente R$ 160 bilhões, em razão de problemas de logística, sendo que R$ 13 milhões, só com a falta de estrutura dos portos, segundo números da Fundação Dom Cabral. Testes realizados mostraram que a iniciativa poderá reduzir, em média, 57 horas o tempo entre a chegada dos contêineres no porto e a liberação para embarque. Com o Canal Azul, os contêineres não precisarão de liberação ao chegar ao porto, pois a validação será realizada previamente por um fiscal federal agropecuário no fluxo de saída do frigorífico.
Investimento baixo
“O investimento dos frigoríficos nos lacres eletrônicos é baixo, se comparado à economia que será feita com a redução do tempo das cargas nos portos. Projeções apontam que, apenas com a carne bovina, as indústrias deixem de gastar R$ 15 milhões por ano com a energia elétrica usada na refrigeração de contêineres”, explica Camardelli.
O próximo passo do projeto prevê a integração das informações armazenadas no chip com os demais órgãos da cadeia produtiva, como a Receita Federal e Plataforma de Gestão Agropecuária (PGA).
O Canal Azul na prática
Sem o Canal Azul | Com o Canal Azul | |
Passo 1
| Produção do produto | Produção do produto |
Passo 2 | Fechamento do contêiner e preparação da documentação do produto
| Lacração do contêiner por um fiscal e cadastramento das informações dos produtos no sistema do Canal Azul, com o encaminhamento automático das informações cadastradas para a Vigilância Agropecuária |
Passo 3 | Viagem do frigorífico até o porto
| Viagem do frigorífico até o porto |
Passo 4 | Chegada ao terminal do frigorífico | Chegada ao terminal do frigorífico
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Passo 5 | Checagem manual da documentação | Checagem eletrônica do lacre eletrônico |
Passo 6 | Envio dos papeis para organização dos despachantes | Liberação da carga em pouco mais de uma hora |
Passo 7 | Encaminhamento da documentação para a Vigilância Agropecuária | |
Passo 8 | Liberação da carga em um prazo superior a dois dias |