Entre janeiro e novembro, a cesta de consumo dos mais pobres teve altas que mais pesam no cálculo, como o arroz (69,5%), feijão (40,8%), leite (25%), óleo de soja (94,1%), carnes (13,9%) e frango (14%)
A inflação para as famílias de renda mais baixa, que são as com rendimento familiar mensal menor do que R$ 1.650,50, teve alta de 1% em novembro. Em outubro, tinha sido 0,98%. É o que mostra o Indicador Ipea de Inflação por Faixa de Renda para o mês, divulgado hoje (11), no Rio de Janeiro, pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea).
Segundo a pesquisa, a única faixa de renda que registrou desaceleração inflacionária foi a das famílias de renda mais alta. Para elas, que têm rendimento domiciliar superior a R$ 16.509,66, a variação de preços caiu de 0,82% em outubro para 0,63% em novembro.
Desde março deste ano, o comportamento dos preços dos alimentos no domicílio provoca pressão na inflação das classes mais pobres. O grupo alimentos e bebidas foi responsável, sozinho, por 75% da inflação nessa classe de renda em novembro. Os destaques foram os aumentos no arroz (6,3%), batata (29,7%), frango (5,2%), óleo de soja (9,2%) e carnes (6,5%).
Já no grupo transportes, a alta foi causada pelos reajustes dos transportes por aplicativo (7,7%), gasolina (1,6%) e etanol (9,2%), que impactaram, principalmente, as famílias mais ricas.
Acumulado
No acumulado do ano, a inflação das famílias de renda alta (1,68%) foi bem menor que a registrada pelas famílias de menor poder aquisitivo (4,56%). A pesquisa apontou também que, nos 11 primeiros meses de 2020, as famílias de maior poder aquisitivo foram beneficiadas com a desaceleração nos preços dos serviços, enquanto a alta nos alimentos permaneceu impactando o custo de vida dos mais pobres.
“Neste ano, o cenário inflacionário combinou forte aceleração de preços de alimentos com uma alta desaceleração da inflação de serviços, o que explica o diferencial da inflação entre as faixas de renda mais baixa e mais alta”, indicou a análise do Ipea.
Entre janeiro e novembro, a cesta de consumo dos mais pobres teve altas que mais pesam no cálculo, como o arroz (69,5%), feijão (40,8%), leite (25%), óleo de soja (94,1%), carnes (13,9%) e frango (14%).
Ao contrário, os itens de maior peso para as famílias com renda mais alta tiveram deflação, a exemplo da passagem aérea (-35,3%), do transporte por aplicativo (-16,8%), da gasolina (-1,7%) e das despesas com recreação (-1,1%).
De acordo com o Ipea, na comparação com novembro de 2019, a taxa de inflação da renda muito baixa aumentou 85%, enquanto que para o grupo de renda alta a alta foi menos acentuada (48%). A inflação das famílias mais pobres passou de 0,54% para 1,0%, enquanto as famílias mais ricas registraram uma pressão inflacionária de 0,43% para 0,63%.
Conforme a pesquisa, no acumulado em 12 meses, entre dezembro de 2019 e novembro de 2020, houve aumento na inflação de todos os segmentos, mas a taxa de inflação da faixa de renda mais baixa (5,8%) “mantém sua trajetória de aceleração em ritmo superior àquela apontada na classe de renda mais alta (2,7%)”.