A iniciativa visa fortalecer a cadeia produtiva da macaúba na agricultura familiar da Região do Cariri cearense por meio do desenvolvimento de tecnologias agrícolas para o cultivo da planta e de processos para o aproveitamento do fruto e valorização de coprodutos
O Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), por meio da Secretaria de Agricultura Familiar e Cooperativismo (SAF), e a Embrapa Agroenergia realizaram na última semana uma reunião virtual para debater as atividades a serem desenvolvidas no âmbito do projeto de Fortalecimento da cadeia de produção de macaúba em contextos da região semiárida no Brasil 2020/2023, que será implantado na região do Cariri, no estado do Ceará, a partir de dezembro.
Para firmar parcerias capazes de auxiliar na execução das ações do projeto, participaram da reunião representantes do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), da Secretaria do Desenvolvimento Agrário do Ceará (SDA/CE), da Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Ceará (Ematerce), da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) e do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Ceará (IFCE).
A iniciativa visa fortalecer a cadeia produtiva da macaúba na agricultura familiar da Região do Cariri cearense por meio do desenvolvimento de tecnologias agrícolas para o cultivo da planta e de processos para o aproveitamento do fruto e valorização de coprodutos. Também são objetivos do projeto o levantamento do potencial produtivo do extrativismo da macaúba e a transferência das tecnologias e conhecimentos gerados.
Nesta primeira fase do projeto serão implantadas 10 unidades de demonstração do cultivo da macaúba em sistema de integração em propriedades de agricultores familiares no município de Barbalha/CE.
Potencial produtivo da macaúba
O coordenador-geral de Extrativismo do Ministério da Agricultura, Marco Aurélio Pavarino, destacou o potencial produtivo da macaúba e a necessidade de alavancar a cadeia produtiva, beneficiando especialmente os pequenos produtores rurais.
“Entendemos que existe uma relação estreita entre esse recurso genético, essa biodiversidade, com a agricultura familiar. Como coordenamos uma parte da política nacional de produção do biodiesel e biocombustíveis, entendemos que existe um nicho muito grande para potencializar a agricultura familiar, trabalhando com a macaúba, especialmente na questão de biocombustíveis, e todo o seu potencial para fitocosméticos e fitoterápicos”, disse Pavarino.
De acordo com o chefe-geral da Embrapa Agroenergia, Alexandre Alves, a partir das próximas ações do projeto será possível observar na prática o potencial da espécie. “Um dos focos desse projeto é que a gente passe a realizar a implantação do cultivo de macaúba em áreas de agricultores familiares, movendo de áreas experimentais para as áreas realmente de cultivo, já fora do ambiente estritamente experimental. Isso permitirá realizar de maneira bastante clara e inequívoca a demonstração do potencial dessa espécie e das melhores práticas de manejo e cultivo”, afirmou.
Seleção
A construção de um método para seleção dos agricultores familiares que irão participar das atividades desenvolvidas pelo projeto foi tema central da reunião. Será criado um grupo de trabalho com representantes dos órgãos e entidades parceiras com o objetivo estabelecer de forma conjunta a metodologia mais adequada para escolha dos agricultores participantes.
“A Ematerce se coloca à disposição para auxiliar nesse processo de seleção e também no acompanhamento da assistência técnica, pois temos décadas de atuação na região, trabalhando com a agricultura familiar”, afirmou assessor estadual de Oleaginosas da Ematerce, Valdir Silva.
O professor do IFCE/Campus Crato Gauberto dos Santos ressaltou que a instituição pode auxiliar no acompanhamento dos campos que serão implantados.
“Em nome da direção do IFCE, eu gostaria de colocar a instituição à disposição, inclusive para logística de treinamento e capacitação dos envolvidos, utilizando nosso auditório e estrutura. Temos no IFCE três cursos de especialização, inclusive um de gestão em recursos ambientais, que os alunos podem, com certeza, trabalhar nesse tema de acompanhamento e pesquisa do projeto”.
A parceria com os agricultores familiares selecionados será oficializada por instrumento contratual durante a vigência do projeto, por meio do qual serão firmadas as contrapartidas entre Mapa, Embrapa e agricultor.
“O projeto Mapa/Embrapa vai ceder aos agricultores todos os insumos necessários para instalação desses campos. Nós iremos fazer a implantação do sistema, ou seja, o coveamento, o plantio, a adubação e correção do solo. Será feita também uma capacitação desses agricultores para lidar com essa nova agricultura. E, durante a vigência do projeto, vai ser dada assistência técnica”, afirma a diretora do projeto e pesquisadora da Embrapa Agroenergia, Simone Favaro.
Projeto
Resultado de parceria entre o Mapa, a Embrapa e o Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), o projeto de fortalecimento da cadeia da macaúba teve início em abril e terá duração de 3 anos. As atividades darão continuidade a projetos anteriores liderados pela Embrapa, na região semiárida brasileira, nos quais já foram instalados, de forma experimental, campos de macaúba para o estudo de sistemas de produção e, também, desenvolvidas intervenções para o fortalecimento da atividade extrativista.
Um dos focos nesta nova fase do projeto é a implantação de cultivos de macaúba em áreas de agricultores familiares selecionados na região do Cariri cearense, em sistemas de integração e solteiro, com assistência técnica e avaliação de desempenho agronômico e econômico. Estas áreas servirão de demonstração, disseminação e, também de fonte de dados para aprimorar as tecnologias para a cultura.