A falta de higienização bucal em cães e gatos pode levar a um processo inflamatório e ao desenvolvimento de problemas renais, hepáticos, cardíacos e até mesmo complicações nas articulações
Escovar os dentes dos animais de estimação e levá-los ao médico veterinário para checar a saúde bucal periodicamente são medidas importantes para prevenir diversos problemas de saúde. Isso porque inflamações que se iniciam na boca dos cães e gatos podem desencadear complicações em diferentes órgãos.
Os processos inflamatórios acontecem quando não há higienização bucal regular e as bactérias invasoras se acumulam e aproveitam para se instalar. Com a inflamação, os microrganismos acabam conseguindo cair na corrente sanguínea do animal, o que representa um risco no quadro geral de saúde.
“Em decorrência do processo inflamatório, podem haver problemas renais, hepáticos, cardíacos e até relacionados às articulações”, comenta Leonel Rocha, médico veterinário especializado em Odontologia e conselheiro do Conselho Regional de Medicina Veterinária de São Paulo (CRMV-SP).
Presidente da Comissão de Entidades Veterinárias Regionais do Estado de São Paulo do mesmo órgão, a médica veterinária Maria Cristina Santos Reiter Timponi argumenta sobre os agravos de outros problemas, como os dermatológicos. “Como o animal se lambe, ele pode colocar as bactérias da boca em contato com a pele e piorar o quadro.”
Como prevenir
Para evitar que as doenças bucais apareçam, veterinários orientam que os tutores façam a escovação dos dentes dos pets. Recomenda-se o uso de escovas infantis, pois são menores e mais macias Foto: Shutterstock
Para evitar que as doenças bucais apareçam, lembrando que alguns problemas podem ser extremamente dolorosos para o pet, médicos veterinários orientam os tutores a fazerem a escovação dos dentes dos animais de estimação.
A escova pode ser uma específica para eles ou uma de uso humano de modelo infantil, que costumam ser mais macias e possuem a estrutura menor. “Esse cuidado deve ser diário”, resume Rocha.
Caso o tutor tenha dificuldades no manejo com o bichinho, o médico veterinário sugere o uso de petiscos desenvolvidos com o propósito de ajudar na limpeza dos dentes.
“Essa opção, porém, só funcionará se o animal mastigar bem antes de engolir”, explica ele, acrescentando que nenhuma alternativa é mais eficiente que a escovação.
Quanto às avaliações odontológicas, elas precisam fazer parte da agenda anual dos peludos, a fim de que qualquer alteração seja identificada bem no início.
Casos de doenças já instaladas necessitam de procedimento de limpeza com anestesia geral, que deve ser feito, preferencialmente, por profissionais especializados em Odontologia Veterinária.
Raças de pequeno porte
Segundo Rocha, com as mudanças na anatomia, os cães de raças de pequeno porte possuem dentes grandes, em relação ao seu tamanho corporal, deixando-os mais vulneráveis às doenças bucais.
A médica veterinária Maria Cristina Timponi constata essa maior incidência em sua rotina de atendimentos: “As raças de pequeno porte começam a apresentar graves problemas bucais com três ou quatro anos, enquanto as maiores, a partir dos seis anos”.
Ela ressalta que, no caso dos gatos, as doenças bucais são mais frequentes a partir dos dez anos, principalmente em decorrência da falta de avaliações odontológicas periódicas ao longo de suas vidas.
