Três novas variedades, lançadas pela Embrapa, também se destacam em produtividade
Pesquisadores da Embrapa Hortaliças (DF) desenvolveram três novas cultivares de batatas-doces, coloridas e ricas em nutrientes. As cascas em tons de roxo e de laranja são indicativos do alto teor de compostos bioativos benéficos para a saúde como as antocianinas e o betacaroteno, respectivamente.
A pesquisadora Larissa Vendrame, coordenadora do programa de melhoramento genético de batata-doce da Embrapa, afirma que essa cadeia produtiva necessita de cultivares de polpa colorida com alto teor nutritivo. “Os poucos materiais disponíveis aos agricultores têm limitação geográfica para o plantio, além de baixa estabilidade de produção e pouca qualidade de raízes”, afirma.
BRS Anembé é indicada para culinários assados como purês, doces caseiros e pães. BRS Anembé_Foto Carla Timm
Segundo Larissa, as novas cultivares disponibilizadas pela pesquisa atendem a uma demanda do setor produtivo. “Elas se destacam por maiores índices de produtividade, melhor qualidade, resistência a doenças, estabilidade de produção e ampla adaptação às diferentes regiões de cultivo do País”, informa.
A pesquisadora informa que a produtividade média das três cultivares superou 40 toneladas por hectare, o triplo da média nacional. Os testes de validação indicaram as seguintes produtividades médias: batata-doce BRS Nuti, 40 t/ha; batata-doce BRS Anembé, 42 t/ha; e batata-doce BRS Cotinga, 45 t/ha. No ano passado, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a produtividade média nacional da batata-doce ultrapassou 14 t/ha.
Mesa e indústria
Enquanto a batata-doce BRS Cotinga é recomendada para processamento industrial na forma de chips, farinha, xarope de amido e outros produtos derivados, a BRS Anembé é voltada para o mercado de mesa, em preparos culinários assados como purês, doces caseiros e pães. Estas duas cultivares possuem a casca e a polpa roxas. Já a CIP BRS Nuti, desenvolvida em parceria com o Centro Internacional de la Papa (CIP), do Peru, tem casca e polpa alaranjadas atende a ambas as finalidades: mesa e indústria.
BRS Cotinga é indicada para a produção de chips, farinha, xarope de amido e derivados. BRS Cotinga_Foto Lucimeire Pilon
A coloração arroxeada da BRS Cotinga e da BRS Anembé indica alto teor de antocianinas, pigmentos naturais responsáveis pelos tons de azul, roxo e vermelho em alimentos como frutas, raízes e folhas. As antocianinas e demais compostos fenólicos presentes na batata-doce de polpa roxa são substâncias bioativas associadas à redução do risco de doenças degenerativas, por sua ação antioxidante e anti-inflamatória no organismo.
Os tons laranja e amarela nos alimentos indicam a presença de vitamina A, que previne distúrbios oculares e doenças da pele, auxilia no crescimento e fortalece a defesa do organismo contra infecções. Também se destaca pela ação antioxidante: combate os radicais livres que aceleram o envelhecimento e causam diversas doenças.
Resistência a doenças
A BRS Nuti possui dupla aptidão: e atende o mercado de mesa e o industrial. BRS Nuti_Foto Divulgação
A cultivar de batata-doce roxa BRS Anembé possui resistência ao nematoide-das-galhas Meloidogyne javanica, principal espécie de nematoide que ataca a cultura no Brasil, e a insetos-praga de solo como broca-de-raiz, vaquinhas e larva-arame. A batata-doce BRS Cotinga resiste a insetos-praga de solo e ao nematoide M. javanica. Já a cultivar CIP BRS Nuti, possui resistência às três espécies de nematoides-das-galhas: Meloidogine incognita, M. javanica e M. enterolobii.
