Entidade promoveu encontro para debateu diferenciação, qualidade e hábitos de consumo do grão
“Diferenciação e agregação de valor dos cafés do Brasil” foi o tema da live promovida pela Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), no dia 19 de abril. O evento foi moderado por Raquel Miranda, assessora técnica da entidade. A executiva mencionou a posição do Brasil, como maior produtor mundial de café, responsável por 35% da produção global, também como segundo mercado consumidor do planeta
“A cafeicultura brasileira vem provando o seu potencial na qualidade e sustentabilidade”, enfatizou Raquel, acrescentando que a atividade também se destaca pela diversidade e pelas peculiaridades de cada região, que conferem ao café o título de produto agrícola brasileiro com maior número de Indicações Geográficas (IGs), com 12 no total.
De acordo com a assessora técnica da CNA, é um ciclo que se inicia no campo, passa pelos processos de colheita, pós-colheita, a arte da torra e culmina na experiência de consumo. “Precisamos assegurar que tanto trabalho e detalhes sejam valorizados e preservados. Por isso, o setor também está atento ao estabelecimento de padrões de qualidade que sejam mensuráveis e auditáveis”, disse Raquel.
Cenário
A live teve como debatedores o vice-presidente da Comissão Nacional do Café da CNA, Thiago Orletti, a diretora executiva das fazendas Caxambu e Aracaçu, Carmem Lucia Brito, e o diretor do Departamento de Inspeção de Produtos de Origem Vegetal do Ministério da Agricultura, Glauco Bertoldo.
A diretora executiva das fazendas Caxambu e Aracaçu contou sobre a experiência de produzir cafés especiais na principal origem do Brasil – no Sul de Minas Gerais –, para atender às demandas de mercados compradores exigentes. Carmem Lucia analisou as novas tendências dos consumidores e como o produtor pode transformá-las em oportunidades de agregação de valor.
“Os hábitos de consumo mudaram e hoje as grandes pautas mundiais são cultivos sustentáveis, segurança alimentar e produção regenerativa. Temos que nos aproximar dos clientes e entender o que eles querem”, destacou Carmem Lucia. “Além do sabor e do aroma incríveis dos nossos cafés, precisamos saber comunicar o que temos feito e entregar valores como resiliência e solidariedade em nossas xícaras”, completou.
O produtor e trader de conilon especial, Thiago Orletti, analisou os desafios que esse tipo de café ainda enfrenta em relação à qualidade sensorial. Ele também destacou outros pontos que podem agregar valor à produção de conilon/robusta, como práticas ambientais, certificações e uso de tecnologias para comercialização.
“Já somos os maiores produtores de café arábica e acredito que seremos de conilon também em breve. Tenho visto o avanço do conilon com todas as novas tecnologias de irrigação, mudança de genética, melhorias no processamento e crescimento da produtividade”, salientou o vice-presidente da Comissão Nacional do Café da CNA. “A agregação de valor sensorial ao café é o nosso próximo desafio.”
Já o diretor do Mapa, citou a importância de construir coletivamente instrumentos legais para regulamentar o padrão de qualidade, identidade e classificação dos alimentos. Glauco Bertoldo abordou sobre a importância do novo Regulamento Técnico do café torrado e moído.
“Esses instrumentos normativos trazem segurança jurídica para que produtores, industriais e consumidores possam desenvolver suas atividades, protegendo o bom trabalho do produtor rural e do industrial e resguardando os direitos dos consumidores”,