Maior quantidade de proteína bruta e melhor qualidade nutricional dos aminoácidos do cereal compensam o menor valor energético em comparação ao milho
Na última década, foram observados aumentos consideráveis em área e em produtividade de grãos de triticale nos principais países produtores, sendo a alimentação animal o principal uso do cereal.
No Brasil, apesar da estabilização de área entre os anos de 2000 e 2004 em, aproximadamente, 109 e 126 mil hectares, e de valor máximo de 135 mil colhidos em 2005, a área vem decrescendo desde 2007, sendo os 46 mil hectares contabilizados em 2010 a menor safra dos últimos dez anos. Em 2010, a produtividade média brasileira de grãos de triticale foi de 2.522 kg ha, superior em 17 % à do ano anterior (2.157 kg ha). Os estados do Paraná e de São Paulo foram responsáveis por 86 % da área de cultivo de triticale em 2010 e deverão continuar como os principais produtores na avaliação de 2011. Por outro lado, Paraná e Rio Grande do Sul apresentaram reduções em área.
A estimativa do IBGE é de que os estados de São Paulo e de Santa Catarina incrementem as áreas de cultivo em 116% e 52 %, respectivamente, resultando no aumento nacional em 23,5 %, em relação a 2010, podendo o Brasil chegar a 57,5 mil hectares. Apesar dos levantamentos oficiais, mesmo com pequenas áreas de cultivo, estados produtores como o Mato Grosso do Sul e Minas Gerais não são citados.
Triticale, qualidade nutricional
Os grãos de triticale têm na alimentação animal seu principal uso. A maior quantidade de proteína bruta e a melhor qualidade nutricional dos aminoácidos do triticale compensam o menor valor energético, quando comparado ao milho. Em média, até 75 % do milho poderia ser substituído por grãos de triticale na dieta de suínos e aves, sem acarretar em danos em ganho de peso, no consumo de ração e na conversão alimentar, podendo inclusive resultar em melhor bonificação das carcaças de suínos
melhorando a margem bruta recebida pelos animais. Em termos energético, dietas com maior participação do triticale poderiam ser corrigidas através da adição de gordura.
Substituição do milho
A substituição parcial do milho em favor do uso de grãos de triticale como constituinte alternativo de rações para suínos, deve-se à melhor constituição proteica, principalmente lisina, que o milho e ao menor custo que o farelo de soja. No mercado, em 2011, por exemplo, apesar de pequeno recuo na ordem de 1% em julho, em um ano houve aumento de custos do farelo de soja em aproximadamente 40 dólares americanos. A tonelada, comercializada no mercado internacional por US$ 385,00 (julho/2011) varia no Brasil, em reais, entre R$ 650,00 a 800,00.
O maior conteúdo de lisina, a maior digestibilidade da proteína bruta, o maior teor de fósforo e o melhor balanceamento de minerais tornam o triticale especialmente indicado para a alimentação de suínos e aves.
Preços dos ingredientes
O nível ótimo econômico de substituição depende dos preços dos ingredientes que entram na formulação da ração e do preço de bonificação do suíno.
Havia estreita relação de preços para o triticale com as séries históricas de preços médios do milho, recebidos pelos produtores, de aproximadamente 14 % superior para o triticale variando de 2 a 30 %, entre setembro de 2008 a setembro de 2009. Contudo, a partir de outubro de 2009, essa relação tornou-se negativa, principalmente devido ao aumento no preço de venda da saca de milho. Esse cenário causa enormes prejuízos na criação de suínos e aves em função do custo do milho na ração, podendo ter sido o principal fator de incremento em área de cultivo de triticale em 2011, resultando, inclusive, em maior procura por sementes desse cereal. Atualmente, a saca de 60 quilos de grãos de triticale (R$ 15,00) está 35% abaixo daquela comercializada para o milho no estado do Paraná.
Estrategicamente, a cultura deveria ser considerada pelo setor público e empresas privadas de fomento animal como alternativo de uso imediato na formulação de rações para suínos e aves. Nesse sentido, configura-se grande oportunidade, para que nas cadeias produtivas dos suínos e aves, seja inserido o triticale como instrumento balizador ou tampão de custo.
Participação
Para tanto, é fundamental a participação governamental e das empresas diretamente envolvidas, com o fomento do cultivo de espécies alternativas ao milho, entre elas o triticale. Essa atitude permitiria a concreta estruturação do setor produtivo, desde a produção de sementes e de grãos aos principais usuários finais, indústrias de rações e produtores de suínos e aves.
Alfredo do Nascimento Junior – Engenheiro Agrônomo, Embrapa Trigo e Gustavo Julio Mello Monteiro de Lima – Engenheiro Agrônomo, Embrapa Suínos e Aves
Criação de suínos com baixo custo
O Sistema Intensivo de Suínos Criados ao Ar Livre (Siscal) é uma das alternativas de diversificação nas propriedades rurais. O veterinário da Emater/RS-Ascar, João Guayba Neto, explica que o Siscal facilita o ingresso de agricultores familiares na cadeia produtiva de suínos porque é uma alternativa de criação a campo com menor custo, em razão da menor necessidade de capital para implantação (45% do valor gasto no confinamento), menos uso de mão-de-obra, menor consumo de água, melhor destinação ambiental dos dejetos, pouca infraestrutura, menor uso de medicamentos e produtos químicos, menores índices de mortalidade e problemas sanitários por diarreias, pneumonias, rinite atrófica e verminoses e resultados produtivos semelhantes aos obtidos no sistema confinado.
Para saber como criar suínos em Siscal contate com um escritório municipal da Emater/RS-Ascar.
João Pereira Guayba Neto – Veterinário da Emater/RS-Ascar
Máquina de compostagem é alternativa para manejo de dejetos suínos
A compostagem de dejetos animais é uma técnica que transforma o que é resíduo em adubo
A compostagem de dejetos suínos é uma das tecnologias que mais recebeu atenção nos últimos anos da Embrapa Suínos e Aves. O principal resultado prático desse esforço de pesquisa foi o desenvolvimento de uma máquina que mistura os dejetos a um substrato sólido (maravalha, serragem, palha ou cama de aviário). Como produto final, o sistema gera um composto orgânico que pode substituir o adubo químico. O equipamento foi gerado em conjunto pela Embrapa Suínos e Aves e uma empresa de Concórdia (SC), a Bergamini, e deve ser lançada no mercado em breve.
A proposta de compostagem dos dejetos é consequência da experiência acumulada pela Embrapa na criação de suínos em sistemas de criação em cama sobreposta. Em 2005, em parceria com a unidade da Perdigão, em Serafina Corrêa (RS), foram implantadas 11 unidades de compostagem em propriedades produtoras de suínos. Sem mão-de-obra adicional, os produtores passaram a dar um encaminhamento ambientalmente correto aos dejetos e ainda tiveram à disposição um composto orgânico de qualidade para aplicar na lavoura.
Segundo o pesquisador da Embrapa Suínos e Aves, Paulo Armando de Oliveira, responsável pelo desenvolvimento da máquina, a compostagem é o principal caminho para viabilizar o aumento da produção em áreas que já concentram grande número de suínos. “Essa é uma questão atual e que interessa bastante às agroindústrias e produtores”, disse Oliveira.
Outra vantagem está na questão ambiental. “O sistema de compostagem minimiza significativamente os riscos de poluição ambiental, reduzindo as emissões de gases de efeito estufa e de odores gerados”, explica o pesquisador.
Para implantar o sistema de compostagem mecanizado, o produtor precisa investir especialmente na edificação para as leiras e na máquina, mas o retorno é garantido. “O produto gerado é um adubo orgânico, que pode ser vendido”, explica o pesquisador.
Para o pesquisador Paulo Armando, responsável pelo desenvolvimento da máquina, a compostagem é o principal caminho para viabilizar o aumento da produção em áreas que já concentram grande número de suínos. “Essa é uma questão atual e que interessa bastante às agroindústrias e produtores”, disse Oliveira.