Epagri e Basf lançam cultivar de arroz irrigado tolerante ao herbicida que combate sua principal planta daninha
A cultivar SCS117CL é tolerante ao herbicida que permite o controle do arroz vermelho, que é a principal planta daninha da cultura do arroz irrigado. “Abre-se a possibilidade de produção de arroz comercial, com elevada qualidade, em áreas contaminadas com esta planta daninha”, informa o pesquisador e coordenador da equipe do projeto de arroz irrigado da Epagri, Moacir Antonio Schiocchet, que destaca outra vantagem para o produtor: a redução do custo de produção.
Tolerância para herbicidas
A descoberta do gene de tolerância para os herbicidas do grupo químico das imidazolinonas em arroz foi feita por pesquisadores da Universidade da Louisiana (LSU) nos Estados Unidos. Por meio de trabalhos em parceria, entre a Epagri e a Basf, esta característica de tolerância foi incorporada através de hibridação e melhoramento convencional em cultivares de arroz adaptadas ao sistema pré-germinado, predominante em Santa Catarina.
A SCS117CL é uma cultivar de ciclo tardio, com 144 dias da emergência até a completa maturação dos grãos, para as condições da Estação Experimental de Itajaí. Possui excelente arquitetura de planta, e perfilhamento e altura média de 104 cm na fase de completa maturação. Em condições experimentais, a cultivar apresentou produtividade de 9 toneladas por hectare na média de três anos em cinco locais do estado de Santa Catarina. É considerada médio/resistente à brusone, suscetível à mancha-parda e resistente à toxidez indireta por ferro.
Recomendações técnicas
“Vale lembrar que a manutenção e preservação deste eficiente sistema de controle de arroz vermelho está diretamente associada à adoção, pelos agricultores, das recomendações técnicas do Sistema de Produção Clearfield de Arroz”, alerta o chefe da EEItajaí, José Alberto Noldin. Além de utilizar a SCS117CL da Epagri em associação com a aplicação do herbicida Only da Basf, é essencial seguir o programa de monitoramento das lavouras, avaliando a efetividade do controle. O conjunto das ações – cultivar Clearfield SCS117CL, herbicida Only e programa de monitoramento – é denominado “Sistema de Produção Clearfield”.
Schiocchet informa que os produtores de arroz irrigado interessados em adquirir sementes da nova cultivar SCS117CL para plantio da safra 2012/2013 encontrarão junto aos produtores de semente da Associação Catarinense de Produtores de Semente de Arroz Irrigado (Acapsa) e licenciados pela Basf. A produção de semente básica continua sob a responsabilidade da Epagri na Estação Experimental de Itajaí.
O arroz irrigado em Santa Catarina
Graças às pesquisas desenvolvidas pela EEI, Santa Catarina é o segundo produtor nacional de arroz irrigado, com produtividade média de 7 mil quilos por hectare. Isto representou um aumento de mais de 300% se comparada à década de 70, quando a produtividade catarinense de arroz irrigado era menor do que 2 mil quilos/ha. Em Santa Catarina, o arroz é cultivado em mais de 12 mil propriedades agrícolas, com a participação efetiva de 8 mil produtores rurais que atuam na atividade principalmente na forma de exploração familiar.
O estado de SC também é reconhecido por produzir a melhor semente de arroz irrigado do Brasil. A Acapsa congrega 26 associados que abastecem com semente certificada todo mercado catarinense e a demanda dos estados brasileiros que são produtores. A Estação Experimental de Itajaí já desenvolveu e disponibilizou aos produtores de semente 16 novas cultivares de arroz.
Novas cultivares
Estão em fase de lançamento duas novas cultivares dos tipos vermelho e preto, destinadas a mercados especiais de arroz integral. Além dessas cultivares, o trabalho de pesquisa na Estação Experimental de Itajaí desenvolveu e adaptou tecnologias para o cultivo sustentável do arroz irrigado. A adequação e disseminação do cultivo, com a utilização de sistema pré-germinado em todo o estado, foi uma das razões que possibilitaram a permanência dos agricultores na atividade. A recomendação de utilização de adubação em doses e épocas adequadas, juntamente com a aplicação de produtos registrados para o controle de plantas daninhas, combate a insetos e doenças, também possibilitou a redução de custos e elevação da renda do produtor. Atualmente são cultivados aproximadamente 150 mil hectares com uma produção de 1,05 milhão de toneladas. Em valores brutos, são movimentados a cada safra de arroz irrigado R$ 600milhões.
Arroz para cultivo em Minas Gerais
Duas novas cultivares de arroz foram desenvolvidas por pesquisadores da Empresa de Pesquisa de Minas Gerais – EPAMIG, em parceria com outras instituições de pesquisa, para cultivo no estado de Minas Gerais: a BRSMG Rubelita, para cultivo em várzeas e a BRSMG Caçula, que se adapta melhor se cultivada em terras altas.
Desde a década de 70 a EPAMIG desenvolve pesquisas de avaliação e seleção de linhagens e cultivares de arroz, realizadas em parceria com outras instituições. O programa de melhoramento genético dessas culturas alimentares busca desenvolver cultivares mais produtivas e com melhor aceitação no mercado. Segundo o diretor de Operações Técnicas da EPAMIG, Plínio Soares, que é também melhorista de arroz, as pesquisas para desenvolvimentos das cultivares BRSMG Rubelita e BRSMG Caçula, foram conduzidas por cerca de 10 anos, em diversas regiões do Estado. “Antes do lançamento de novas cultivares foram realizadas avaliações de qualidade de grãos quanto ao rendimento de grãos inteiros no beneficiamento dos materiais genéticos, além de pesquisa de aceitação do produto por donas de casa, quanto à textura, sabor e aroma após o cozimento”, explica o pesquisador.
Rubelita e Caçula
A cultivar Rubelita, testada por pesquisadores da EPAMIG e Embrapa Arroz e Feijão, é recomendada para plantios em condições de irrigação por inundação em várzea. Já a cultivar Caçula, pesquisada por EPAMIG, Embrapa Arroz e Feijão e Universidade Federal de Lavras (Ufla), é indicada para terras altas com ou sem irrigação por aspersão. Essas cultivares apresentaram adaptabilidade e estabilidade de produção em diversas regiões de Minas Gerais.
As pesquisas foram viabilizadas através de projetos de pesquisas aprovados pela Fundação de Amparo à Pesquisa de Minas Gerais (Fapemig) e Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), que apoiaram tanto em aporte financeiro, quanto em bolsas de produtividade e iniciação científica.
Pequeno e grande orizicultor
Segundo Plínio, a produção de arroz e feijão em Minas Gerais é realizada, principalmente, por pequenos produtores, mas as cultivares de arroz desenvolvidas pela EPAMIG atendem do pequeno ao grande orizicultor. Ele explica que para o pequeno produtor, que tem menos capacidade de assumir riscos, é fundamental realizar o plantio na época correta, que deve ser concentrado em outubro e novembro. O pesquisador também alerta para outro importante aspecto: o ponto ideal da colheita. “Deve ocorrer quando os grãos da panícula estão verde-amarelados”, explica.