Elevada produtividade e concentração de sacarose. Ideais para atender diferentes condições edafoclimáticas do Centro-Sul do Brasil e adaptadas à canavicultura moderna, que envolve a colheita mecânica crua. Essas são as principais características das doze variedades de cana-de-açúcar desenvolvidas pelo Instituto Agronômico-IAC.
Em setembro de 2010 o IAC lançou três variedades de cana: a IACSP 95-5094, IACSP 96-2042 e IACSP 96-3060. As novas variedades apresentam vantagem na produção de biomassa em relação à maioria dos materiais em uso, de acordo com o pesquisador e diretor do Centro de Cana do lAC, Marcos Guimarães de Andrade Landell. “Entre produtividade de biomassa e teor de sacarose as novas variedades estão produzindo 10% a mais que as usadas na primeira metade desta década”. Esse ganho pode chegar aos 30% se os produtores explorarem o potencial desses materiais, associando-os aos ambientes de produção adequados.
A variedade IAC 91-1099, por exemplo, se destaca pela elevada produtividade e concentração de sacarose. Comparadas com materiais bastante cultivados comercialmente, sua produtividade foi superior em 11% às variedades existentes no mercado. “A lAC 91-1099 garante ainda uma boa produtividade mesmo em cortes avançados, com produção superior em 20% a dos materiais que apresentam esse mesmo perfil, seu caráter rústico-estável possibilita o cultivo em ambientes médios a desfavoráveis”, destaca o pesquisador.
As variedades de cana IACSP 93-3046, IACSP 94-2094 e IACSP 94-2101, têm perfil de maturação para o meio e fim de safra, atendendo as condições edafoclimáticas do Centro-SuI do Brasil. De acordo com o pesquisador do lAC, Marcos Landell, nessa principal região produtora do Brasil, a safra é dividida em três estações: outubro (abril-junho), inverno (julho-setembro) e a primavera (outubro-novembro). Nesses períodos, o volume de cana produzido é de 25%, 45% e 30% respectivamente. “Percebe-se a grande importância das safras de inverno e primavera, que reúnem 75% do total de volume de matéria-prima”, explica Landell. Daí a importância dessas variedades adequadas à colheita nos meses de maior volume de produção
Transferência de tecnologia
A transferência da tecnologia para a região do cerrado é uma das preocupações do Instituto Agronômico, que busca em suas pesquisas de melhoramento genético, variedades aptas a atender esta região do país, já que o bom desempenho dos canaviais paulistas não pode ser implementado em outras regiões, com o simples transporte de plantas. É necessária a transferência de tecnologia desenvolvida, especificamente para a região do cerrado.
Cinco são as variedades desenvolvidas pelo lAC, que se destacam na adaptação ao cerrado, são elas a IACSP 95-5000, lAC 91-1099, IACSP 94-2101, IACSP 93-3046, IACSP 9442094, todas essas são adaptadas a canavicultura moderna, que envolve a colheita mecânica crua. A expectativa é que as novas variedades lançadas em setembro passado, também apresentem ótimos resultados nas condições de deficiência hídrica.
A IACSP 95-5094 e IACSP 96-2042 também tem adaptação muito boa a região e trazem a perspectiva de otimizar a produtividade nas regiões secas, antes ocupadas por pastagens. A IACSP 96-3060 tem longo período de utilização, característica que contribui na logística da cadeia de produção por flexibilizar o período de colheita. Apresenta também excelente resposta em área orgânica. “Os três materiais são excelentes, cada um é otimizado em condições mais especificas, de acordo com o perfil regional”, diz Landell. Algumas das variedades têm perfil mais rústico o que as faz atender a região originalmente ocupada pelo Cerrado. São elas: lAC 91-1099, IACSP 9333046, IACSP 94-2094 e IACSP 95-5000.
Demandas
Em relação ao nível de maturação, os frutos do programa de melhoramento genético de cana-de-açúcar do lAC atendem a diferentes demandas, ao atingirem o nível de sacarose ideal para o corte em diferentes períodos. A lAC 91-1099 e IACSP 95-500 apresentam boa capacidade de acumular sacarose ao longo da safra, tornando-se uma boa opção para corte entre o inverno e a primavera – o que corresponde ao período de julho e novembro.
Já a IACSP 95-3028 chama a atenção pela precocidade de maturação, o que beneficia a colheita durante o período de menor volume de produção. “Para a IACSP 95-3028, colhida no início da safra – um momento bastante crítico para o acumulo de sacarose – o teor percentual desse açúcar pode ser 7,5% superior ao das variedades ainda cultivadas e utilizadas no início da safra”, pontua o pesquisador do lAC, Mauro Alexandre Xavier.
As três variedades, IACSP 95-5094 IACSP 96-2042 e IACSP 96-3060 têm ainda perfil para atender também aos critérios agroambientais e·à demanda atual da agroindústria. A IACSP 95-5094, IACSP 96-2042 e IACSP 96-3060 são adequados ao plantio mecânico e à colheita mecânica crua, dispensando a queima.