
Equipamento responsável pelo corte, recolhimento e enleiramento do feijão – Foto: Indústrias Colombo / Leonardo J.M. Lopes
Quando mal processada, a colheita pode acarretar perdas de grãos, quebras ou danos mecânicos, interferindo na qualidade do produto
Na produção de feijão os sistemas de colheita semimecanizado e mecanizado são os mais comuns na atualidade. Entretanto, para se obter boa qualidade na colheita é preciso planejamento e uso correto dos equipamentos disponíveis. No feijão, uma boa colheita depende, entre outros fatores, do estado de conservação das máquinas, conhecimento dos recursos das máquinas e sua regulagem, das condições da lavoura, hábito de crescimento do feijão e de um bom preparo do solo.
Das etapas de produção do feijão, a colheita é uma das mais importantes e, quando mal processada, pode provocar perda de grãos, quebras ou danos mecânicos e ocasionar o escurecimento ou “barreamento” dos grãos, interferindo, de maneira decisiva, na qualidade do produto e no seu valor comercial.
“Tipo carioca”
No Brasil, os feijões “tipo carioca” são plantados e consumidos em larga escala, chegando a representar cerca de 60% do consumo.
A variedade pérola se destaca por ser de alta produtividade e bastante aceita no mercado. É uma planta de crescimento indeterminado, ou seja, na época da colheita, encontramos, no mesmo pé, vagens secas, no ponto ideal e também vagens verdes. Isto torna a colheita um processo complexo, que quando realizada em etapas, resulta em grãos ou sementes de melhor qualidade, com menos perdas, menores danos mecânicos e limpos.
A colheita direta, feita com automotriz, necessita obrigatoriamente da aplicação de dessecantes. É mais rápida, mas gera perdas maiores e depreciação do produto na comercialização. Contudo, em algumas situações, como o excesso de chuvas na época de colheita, a colheita direta com automotriz torna-se o único processo viável para retirar a produção do campo.
Etapas
A colheita em etapas, ideal para quem visa a qualidade, é feita basicamente em 3 operações:
Corte/enleiramento – realizada por um ceifador enleirador composto basicamente por uma barra de corte, um sistema de dedos recolhedores e 2 esteiras de borracha que conduzem as plantas cortadas para o centro da máquina e as depositam enleiradas no solo.
Inversão da leira – realizada por um virador que recolhe a leira e a deposita lateralmente e invertida. É um equipamento opcional para uniformizar e acelerar a secagem. Melhora a qualidade dos grãos.
Recolhimento/trilha – feito por uma recolhedora trilhadora que separa as vagens das plantas elimina o excesso de impurezas e as deposita num tanque graneleiro para depois descarregá-las num transbordo, numa carreta ou no caminhão.

Equipamento responsável pelo invertimento (dando um tombo) na leira, sendo possível sua descarga tanto do lado direito como do esquerdo

Equipamento projetado para receber grãos de feijão, soja, milho, entre outros. Seu desabastecimento é feito por gravidade, através de escotilhas, enchendo assim os “big bags”

Equipamento que realiza o recolhimento, trilha e limpeza do feijão. Seu armazenamento é a granel – Fotos: Indústrias Colombo/Leonardo J.M. Lopes
A seguir, vamos detalhar alguns pontos importantes que devem ser considerados na condução da lavoura visando à colheita mecanizada com qualidade.
Preparo do solo
Preparo convencional: é importantíssimo no preparo do solo que se procure uniformizar a superfície do solo o máximo possível. Não é declividade que importa e sim a uniformidade. Para isso, deve-se eliminar as depressões do solo através da grade niveladora, fazendo o repasse uma ou mais vezes nos locais onde as ondulações são mais fortes, principalmente em áreas onde havia pastagens. O custo de se fazer alguns repasses é facilmente compensado com a diminuição das perdas na operação de corte/enleiramento.
Plantio Direto: no plantio direto como não há mobilização do solo, o cuidado a ser tomado é em relação aos restos da cultura anterior. No caso do milho é importante fazer o manejo da palhada procurando uniformizar e triturar os restos de cultura. O colmo de milho que fica após a colheita deve ser triturado, caso contrário, além de dificultar o bom funcionamento das plantadeiras, irá prejudicar o corte do pé de feijão na colheita. Os restos de cultura do milho normalmente não se deterioram em 90 dias (ciclo médio do feijão).
Plantio
A principal fonte de problemas na colheita são os sulcos que as hastes de adubação deixam no solo após o plantio. As “botinhas” normalmente deixam sulcos onde poderão se localizar algumas vagens de feijão na época da colheita. Quando a planta de feijão atinge o período de maturação ocorre um acamamento natural e as vagens acabam ficando dentro desses sulcos. Durante o corte/enleiramento, a barra de corte pode cortar a planta de feijão antes dessas vagens serem erguidas pelos dedos levantadores. Esse é um fator gerador de perdas. Nesses casos, aconselha-se o uso de rolos niveladores/destorroadores logo após o plantio. Além de promover um melhor contato entre a semente e o solo, o rolo irá eliminar os sulcos de plantio e desmanchar boa parte dos torrões.
Precoce de alta qualidade

IAC Imperador: grãos graúdos e menor tempo de cozimento – Foto: Arquivo IAC
Redução de 30% na aplicação de defensivos e alta produtividade são atrativos para os produtores. Menor tempo de cozimento e grãos graúdos agradam aos consumidores
A dona de casa quer feijão com grãos graúdos, claros, com caldo espesso, mais nutritivo e que cozinhe mais rápido. O agricultor procura por variedades mais produtivas, resistentes a doenças, precoces e com alta qualidade de grãos. O Instituto Agronômico (IAC), de Campinas, apresenta pela primeira vez ao público o IAC Imperador, nova variedade de feijão com características que agradam consumidores e produtores rurais. O novo feijão é precoce, com ciclo de 75 dias, e resistente às principais doenças da cultura, reduzindo em até 30% a aplicação de defensivos. Para as donas de casa, a principal vantagem do IAC Imperador é o baixo tempo de cozimento.
O IAC Imperador tem ciclo precoce de 75 dias, enquanto as variedades tradicionais presentes no mercado, em geral, apresentam ciclo de 85 a 95 dias para serem colhidas. Os produtores rurais têm interesse em variedades de feijão com ciclo precoce por conseguirem retorno financeiro mais rápido e intercalar o cultivo da leguminosa com milho e soja, por exemplo. Com essa característica o produtor pode, ainda, produzir três vezes no ano, nas épocas da seca, em fevereiro, de inverno, em maio, e das águas, em setembro. “No Estado do Paraná estão sendo muito procuradas variedades precoces de feijoeiro”, afirma Alisson Fernando Chiorato, pesquisador do IAC, da Secreta ria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo. O Paraná é hoje o Estado que mais produz feijão no Brasil.
De acordo com Chiorato, o problema é que as variedades de feijão precoce existentes no mercado têm problemas de aspecto visual do grão, que não apresenta tamanho e coloração desejados pela indústria empacotadora. “O IAC Imperador será algo novo no mercado, pois todas as variedades precoces não apresentam a mesma qualidade de grão quando comparadas às principais cultivares de ciclo normal. O IAC Imperador é uma ótima opção aos produtores”, afirma o pesquisador.
A variedade desenvolvida pelo Instituto Agronômico apresenta peneiras de tamanho 12 a 13. Resistente à antracnose e tolerante à murcha de fusarium, principais doenças da cultura, o IAC Imperador tem redução em até 30% na aplicação de defensivos agrícolas.

A nova variedade é resistente à antracnose e tolerante à murcha de fusarium – Foto: Arquivo IAC
Para os produtores rurais, o novo feijão tem produtividade média de 2.266 kg, sendo semelhante as outras variedades em uso. “Para atingir esse patamar, o agricultor deverá trabalhar com adubação correta, semeadura dentro do zoneamento agrícola da variedade e colheita fora dos períodos chuvosos. Altas produtividades são resultado de boa qualidade do ambiente do cultivo”, explica Chiorato.
Na panela de pressão, o IAC Imperador fica pronto em aproximadamente 20 minutos, apresentando grãos claros e inteiros no final do cozimento. “Geralmente os feijões cozinham entre 25 a 30 minutos. A variedade do IAC cozinha em menor tempo por conta da alta qualidade tecnológica nela empregada”, diz Chiorato. O valor protéico da variedade chega a 21%, inferior apenas à variedade de feijão IAC Formoso, que tem de 23% a 24% de proteína.
Por ser uma planta de porte ereto, a colheita mecanizada é facilitada, fazendo com que a máquina corte rente ao solo, o que evita desperdício de produção. Segundo Chiorato, o Brasil colhe hoje de 70% a 80% de seus feijões com o uso de máquinas.
O pesquisador do IAC prevê que até o final de 2012, na safra das águas, e para o começo da safra da seca de 2013, os produtores rurais poderão ter acesso às sementes do IAC Imperador. O plantio do material é recomendado para os Estado de São Paulo, Paraná e Santa Catarina, principais regiões produtoras de feijão do País.