Alimentação do gado deve ser suplementada durante estações frias
Com a chegada das estações mais frias, o produtor de leite e carne já sabe que é preciso suplementar a alimentação do gado, para atenuar a queda da produtividade. O alerta é do pesquisador do Instituto Agronômico do Paraná (Iapar) José Lançanova. “Nesse período, o pasto fica ‘ralo’, falta comida para o gado pela própria redução da produção da forragem de verão”, explica o especialista.
O pasto supre boa parte das necessidades do animal, de outubro a final de abril. Depois desse período, começa a escassear. “O produtor tem que contornar a situação com comida no cocho – um volumoso –, que pode ser cana-de-açúcar, silagem ou feno”, explica o pesquisador.
Foco
Ele diz que a escolha deve levar em conta os fatores regionais e os objetivos do produtor. “Para a produção de leite é necessário uma quantidade maior de ração e uma boa silagem para fazer o balanceamento da dieta. Novilhas exigem menos alimentos”, reforça.
Especificamente para o estado do Paraná, Lançanova acredita que a cana é uma boa opção para o norte e noroeste, em virtude da presença de usinas e canaviais. “É preciso acrescentar ureia e sulfato de amônia para elevar o teor de nitrogênio na cana. Ela tem apenas 2% de proteína. Quando são acrescentados esses outros componentes, eleva-se esse nutriente para 7%”.
Já no centro-sul do estado do Paraná, é possível ter pastagens no inverno, como aveia e azevém. Ainda assim, não dá para dispensar a suplementação. “A aveia tem 15%, em média, de matéria seca e muita água. É preciso dar um volumoso e complementar com horas de pastejo, que varia de acordo com a disponibilidade de alimento”, esclarece.
Prevenção
José Cripa, produtor em Francisco Alves, a 70 quilômetros de Umuarama, noroeste paranaense, adotou a silagem para passar os seis meses de outono e inverno e acredita que sobrem 10 carretas. Cripa tem dois alqueires, onde 27 vacas produzem 270 litros por dia, média que pretende aumentar com o volumoso que produziu durante o verão. De abril a setembro, ele alimenta o gado apenas com silagem, porque o pasto não cresce muito. “A silagem é um pouco cara, mas pior que isso é ver o gado sem comida”, resume.
O certo, segundo Cripa, é se preparar com muita antecedência. No final de agosto do ano passado, ele plantou milho e sorgo para garantir o alimento para os animais. “Quando a gente está saindo do inverno, já tem que pensar no outro”, orienta.
Projeto
A realidade de muitas propriedades do noroeste do estado do Paraná mudou depois que o Iapar, em parceria com a Emater e prefeituras, realizou projeto de transferência de tecnologia. A experiência deu certo e alguns deles criaram a Cooperativa dos Produtores de Leite de Entre Rios (Coopeler). Com isso, foi possível ter assistência técnica de um veterinário e um agrônomo para aplicar as recomendações da pesquisa agronômica no dia a dia das propriedades.