Pêssego bicolor se adapta bem em regiões mais quentes de Santa Catarina
Uma nova variedade de pêssego, resultante de uma mutação, apresenta uma característica inédita: polpa amarela e branca. Além disso, por apresentar uma floração antecipada, a ‘Zilli’ tem potencial para se adaptar a regiões menos frias. A cultivar, lançada pela Epagri (Empresa de Pesquisa Agropecuária e Extensão Rural de Santa Catarina), já está disponível aos produtores interessados.
Segundo o pesquisador Marco Antonio Dalbó, que atua na área de melhoramento genético da Estação Experimental da Epagri em Videira (oeste catarinense), a ‘Zilli’ é uma mutação da variedade ‘Chimarrita’, a principal cultivada em Santa Catarina. Recebeu este nome em homenagem ao fruticultor em cujo pomar de três hectares foi identificada. Por ser uma mutação, a ‘Zilli’ mantém as mesmas características de aparência e sabor da ‘Chimarrita’. Até mesmo a produtividade é semelhante às 30 toneladas por hectare obtidas, em média, pela cultivar original.
“A grande novidade é a polpa bicolor, com predominância do amarelo, mas com uma faixa branca bem visível”, diz Dalbó. O pesquisador explica que mutações são raras e ocorrem ao acaso. Ele acreditava que essa era uma mutação única, mas descobriu que nos Estados Unidos ela também já ocorreu, mas de forma inversa: polpa branca com uma listra amarela. Mas a grande surpresa para os pesquisadores da Epagri foi a florada antecipada da ‘Zilli’, que deverá permitir que a variedade seja cultivada em regiões mais quentes de Santa Catarina (como o litoral sul), de São Paulo e Minas Gerais, onde a floração deve ocorrer em julho. Essa antecipação torna a cultivar mais suscetível à geadas, se plantada em regiões em que tradicionalmente há mais de 200 horas de frio, como a ‘Chimarrita’, que floresce em agosto. E é justamente esse o diferencial que viabilizará seu plantio em locais mais quentes. Mas, conforme explica o pesquisador, ainda serão necessários mais dois ou três anos de experimentos para que essa característica seja comprovada.
Assim como a ‘Chimarrita’, a ‘Zilli’ deve ser plantada durante o inverno, seguindo as mesmas recomendações de espaçamento, adubação e manejo do pomar. Em geral, após três anos as plantas começam a produzir, mas a plena produção acontece no quinto ano.
Viveiristas
Dois viveiristas cadastrados já estão multiplicando o material, que está em fase de proteção:
- Pontel Mudas: (49) 9802-1500 — pontel@formatto.com.br
- Frutplan: (53) 3277-7035 — www.frutplan.com.br
Pêssegos firmes, brancos e grandes caracterizam a cultivar Fascínio
BRS Fascínio é o nome da nova cultivar de pêssego recém-lançada pela Embrapa
A pesquisadora Maria do Carmo Raseira explica que a “Fascínio” foi obtida por polinização aberta do cruzamento entre a cultivar Chimarrita e a nectarineira Linda. “Ramos desta planta foram enxertados e colocados na coleção da Embrapa a fim de serem comparados a outras cultivares e seleções”. Maria do Carmo informou ainda que, em 2004, novas plantas (clones da mesma) foram também plantadas em uma unidade de observação, localizada no interior de São Paulo. “O tamanho da fruta e a baixa acidez são características marcantes da BRS Fascínio”, ressalta.
Polpa branca esverdeada
A BRS Fascínio produz frutas de polpa branca esverdeada com traços de vermelho – e textura não fundente – não se ‘esborracha’ ao apertá-la – no ponto de colheita. O caroço, em relação à polpa, é pequeno e semiaderente a esta. A floração e a maturação são mais tardias que BRS Kampai e BRS Rubimel, cultivares anteriormente lançadas pela Embrapa.
Segundo a pesquisadora, a produção por planta variou conforme as condições do ano. Em plantas adultas, em Pelotas, no Rio Grande do Sul, houve uma produção de 58,8 kg/planta. Já, em Jarinu, São Paulo, as produções foram maiores, chegando a 90kg/planta. “A produtividade não é a característica mais importante desta cultivar. Provavelmente, o tamanho das frutas e a firmeza da polpa – branca e doce – sejam os atributos que mais chamam a atenção”, identificou.
Plantio
Como indicação ao plantio da nova cultivar, Maria do Carmo destaca que o solo deve ser profundo e bem drenado e, preferentemente, rico em matéria orgânica. “A BRS Fascínio adapta-se bem em regiões com 200 a 300 horas de frio hibernal. Caso não haja esta condição climática, será necessário tratamento químico para a superação da dormência”, explicou.
Em Jarinu, no interior de São Paulo, há 400 plantas em teste, que demonstraram boa adaptação àquela região. As frutas da BRS Fascínio são recomendadas para consumo in natura, já que o mercado paulista tem preferência por pêssegos de polpa branca, doce, com baixa ou nenhuma acidez perceptível e maiores.