Nova unidade de cooperação tem como foco fortalecer a agricultura familiar, conter a desertificação e o combate à fome na região
Dentro do processo de descentralização, a Organização das Nações Unidas para a Alimentação e Agricultura-FAO passa a contar a partir de agora com mais uma unidade de cooperação. O acordo foi assinado em parceria com o Instituto Nacional do Semiárido (Insa). As instalações físicas da unidade serão no mesmo local de funcionamento do Insa em Campina Grande na Paraíba.
Iniciativas que fortaleçam a agricultura familiar, o combate à desertificação, ações de mitigação e recuperação da degradação da terra, prioritariamente em espaços semiáridos, a mitigação dos efeitos da seca, a produção de alimentos e o combate a fome, estão entre os principais objetivos da nova unidade.
Dentre as ações previstas, será dada prioridade a utilização do escritório da FAO como a base da Unidade de Gestão do projeto “Revertendo o processo de desertificação em áreas susceptíveis do Brasil: Práticas Agroflorestais Sustentáveis e Conservação da Biodiversidade”, desenvolvido em parceria também com o Ministério do Meio Ambiente (MMA).
Os principais objetivos e metas do projeto são realizar avaliações iniciais, mapeamento das partes interessadas, seleção de áreas de intervenção do projeto, estabelecer parcerias para as atividades, mobilizar os atores, definir medidas para a implementação do projeto e construir uma base comum. O projeto é financiado pelo Fundo Global para o Meio Ambiente (GEF na sigla em inglês) e deverá iniciar as ações em 2015.
Experiências bem sucedidas
A unidade também vai trabalhar em conjunto com o INSA no apoio à Cooperação Sul-Sul — uma modalidade que tem se mostrado bastante eficaz e com grande potencial para compartilhar e trocar soluções de desenvolvimento rural sustentável. Dentro desse contexto vão ser organizadas missões técnico-científicas internacionais para visitar locais onde se desenvolvem experiências bem sucedidas de convivência com o Semiárido.
A Unidade de Coordenação de Projetos da FAO para a região Nordeste também atuará no sentido de desenvolver estratégias de convivência com a semiaridez e para mitigação dos impactos da seca na segurança alimentar e nutricional das populações que vivem na região.
As ações estarão relacionadas ao desenvolvimento territorial sustentável, tendo como parâmetros a ciência, a tecnologia, a inovação, o uso racional dos recursos naturais, mediante planejamento econômico, ambiental e social, manejo sustentável e de uso múltiplo.
O foco será promover a inclusão sócio-produtiva das populações mais vulneráveis, com base na valorização do conhecimento tradicional das populações e na experiência exitosa de implantação da Unidade de Coordenação de Projetos da FAO na Região Sul do Brasil. Atualmente a Unidade do Sul conta com escritórios em Curitiba e Foz do Iguaçu e ações nos três estados da região.
Inauguração
A cerimônia de inauguração foi realizada na sede Insa. Na ocasião, o representante da FAO no Brasil, Alan Bojanic e o diretor do Insa, Ignacio Hernán Salcedo assinaram o acordo para a instalação do segundo escritório regional da FAO no país.
“A nova unidade da FAO para a região nordeste representa um importante avanço no sentido de aprimorar as experiências já realizadas atualmente. Construir mecanismos capazes de ajudar os agricultores diante da especificidade do semiárido é garantir melhores condições de vida para essa população e consequentemente combater a fome das pessoas que vivem nessas comunidades”, ressaltou o Alan Bojanic.
A instalação do novo escritório também fez parte da programação dos dez anos do Insa ligado ao Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação. O Instituto foi criado com o objetivo de desenvolver ações de pesquisa, formação, difusão e formulação de políticas para a convivência sustentável do semiárido brasileiro a partir das potencialidades socioeconômicas e ambientais da região.
O Semiárido
O Semiárido brasileiro se estende por oito estados do nordeste: Alagoas, Bahia, Ceará, Paraíba, Pernambuco, Piauí, Rio Grande do Norte e Sergipe e também pelo norte de Minas Gerais. É uma região rica em variados aspectos, como: sociais, culturais, ambientais e econômicos.
Estima-se que mais de 22 milhões de brasileiros vivem no semiárido, homens e mulheres, adultos e jovens, crianças e idosos que constroem cotidianamente a história da região. A Extensão territorial é de: 980.133,079 km² (12% do país) População urbana: 62% e rural: 38%. A economia do semiárido vem basicamente da pecuária extensiva e agricultura familiar.
Um dos grandes problemas que essa região enfrenta é o déficit hídrico, já que a quantidade de chuva é menor do que a água que evapora da superfície. A estiagem faz parte da história da região, e há registros de secas desde a época do Império.
Para reverter o quadro dos grandes períodos de seca, alguns projetos têm sido adotados na região entre eles, o armazenamento da água em cisternas para garantir o acesso à água.