Venda Nova do Imigrante é considerada a Capital Nacional do Agroturismo, reunindo tradição, gastronomia e belas paisagens naturais
Unindo lindas paisagens, boa gastronomia e tradições culturais, o Espírito Santo oferece ótimos roteiros de viagem no campo. Ao todo, no Estado, são 31 circuitos que envolvem o agroturismo, segundo dados do governo.
As propriedades são encontradas tanto na Grande Vitória, perto da capital, como no interior, e oferecem uma excelente oportunidade para se conhecer a rotina dos moradores do campo e as belezas naturais da geografia capixaba.
Conhecida como a Capital Nacional do Agroturismo, a Venda Nova do Imigrante com certeza é um dos principais destinos para quem busca experiências no campo.
A região oferece aos seus visitantes a opção de vivenciar o cotidiano da vida rural. Muitas propriedades são abertas à visitação, permitindo o contato próximo com animais envolvidos na elaboração de laticínios e carnes, além da possibilidade de degustar os queijos, licores, cachaça, socol e café, ali produzidos.
Início do agroturismo
Abandonadas com o fim da escravidão, as grandes fazendas da região foram divididas em pequenas glebas e vendidas, a partir do final do século XIX e início do século XX, a algumas dezenas de famílias italianas.
Mas foi somente nos anos 1980, quase cem anos depois, que os primeiros negócios do roteiro iniciaram atividades e, no início dos anos 1990, empreendedores conheceram na Itália o modelo de “Agriturismo” e adotaram o formato de Agroturismo no Brasil.
Hoje, é possível conhecer a produção de socol (embutido de carne suína) e participar da fabricação caseira de massas, bem como praticar “colha e pague” de morango e passear por parreirais destinados à confecção de sucos e vinhos.
Para mais informações sobre onde se hospedar, comer e o que visitar em Venda Nova, acesse o site descubravendanova.es.gov.br
Há ainda a singular alternativa de acompanhar a colheita de lavanda e de orquídeas, atividades muito procuradas por turistas.
São mais de 70 propriedades e 300 famílias envolvidas no agroturismo. Ana Venturim, da Família Venturim, responsável por um dos empreendimentos da região, conta um pouco de como é trabalhar com o agroturismo valorizando a cultura local.
“Demos mais um passo na direção de acreditar que podemos ganhar dinheiro com nossa história familiar. Isso é motivo de orgulho para todos que compõem essa rota. Oferecemos ao turismo o que sempre fazemos em casa. Isso preenche nossa alma de entusiasmo, alegria e saudade”, disse.
A iniciativa ganhou ainda mais força com o projeto Experiências do Brasil Rural, uma parceria entre os ministérios do Turismo e da Agricultura, Pecuária e Abastecimento e da Universidade Federal Fluminense (UFF), que busca impulsionar produtos e serviços da agricultura familiar associados ao turismo.
Do plantio do milho à festa da polenta
Outro atrativo do município capixaba são as celebrações alusivas à colonização italiana. A principal delas é a Festa da Polenta, realizada há 43 anos, no mês de outubro. Mas, na verdade, ela começa bem antes, com o Plantio do Milho, em março.
O Plantio do Milho acontece em uma das propriedades rurais vendanovenses, na propriedade do senhor Ambrósio Falqueto, e busca relembrar o cultivo do milho – matéria-prima da polenta. A Família Falqueto é muito tradicional na região.
Os participantes utilizam vestimentas como as usadas pelos primeiros imigrantes que chegaram à Venda Nova. Ao final, há confraternização com músicas tradicionais italianas, comidas típicas, muita conversa e recordações.
Em julho, acontece a Serenata Italiana pelas ruas da cidade até o Centro de Eventos, “Polentão”, quando moradores saem às ruas cantarolando canções típicas, com direito a uma “polenta-móvel” e a um fogão à lenha sobre rodas, que servem iguarias típicas regadas a muito vinho.
No mês de setembro ocorre a Colheita do Milho (plantado em Março), que será utilizado para a festa.
E, finalmente, em outubro, começa a festa, e dentre as principais atrações, estão: o desfile do queijo gigante, das famílias, carros de boi, tropas e transporte de milho, eleição da Rainha e Princesas, além de shows, e o famoso “Tombo da Polenta”, em 1.200 quilos da comida são despejados de uma panela gigante.
Saiba mais sobre as festas em descubravendanova.es.gov.br/eventos/
Socol, o embutido de Vêneto
Entre as principais iguarias da região está o Socol. O socol, tipo de presunto cru, começou a sua história em Venda Nova há muitos anos com a chegada dos imigrantes italianos. Eles vieram da região do Vêneto do nordeste da Itália e preparavam essa iguaria para consumo ou em datas especiais.
Após 1989, com a promoção do agroturismo no Município, esse aperitivo alcançou espaço no mercado para complementar a renda dessas famílias e em 2018 recebeu certificação de Indicação Geográfica (IG).
Essa criação é um tipo de embutido de lombo suíno, temperado com sal, pimenta e alho. A produção artesanal desse aperitivo teve algumas melhorias, mas preserva a essência da receita passada pelos imigrantes de geração em geração.
Após o tempero, a carne é envolvida pelo peritônio, que é uma membrana que recobre a parede abdominal do porco, e depois é armazenada por cerca de seis meses para a cura e a maturação para chegar ao produto final. Ele é servido em fatias finas para realçar o sabor.
“O socol se harmoniza com bebidas como vinhos e cervejas artesanais da região. Ele pode ser consumido puro, com azeite ou limão a gosto. A alta gastronomia o utiliza na composição de pratos bem elaborados como em molhos, coberturas e recheios de massas tanto de macarrão quanto de pães, na produção de risoto e hambúrguer artesanal”, explica Alexandre Zanete Cesquim, presidente da Associação de Produtores de Socol (Assocol).
Antes de ser conhecido no comércio, esse tipo de embutido foi alimento de italianos que vieram buscar melhores condições de vida.
“O socol não é só um pedaço de carne que é vendido no mercado. Ele carrega a história de um povo. Na bagagem do imigrante, com certeza, havia socol. Esse embutido faz parte da história de superação e sucesso da imigração italiana, de Venda Nova”, finaliza Alexandre.
A iguaria também é protagonista na Festa do Socol, que todos os anos reúne descendentes de italianos que fabricam e comercializam o produto.
Belezas naturais
Além das propriedades e festas culturais, a região ainda conta com belíssimas paisagens montanhosas.
O Morro do Filleti, por exemplo, tem a Rampa de voo livre, ponto de onde saltam atletas de asa delta e parapente. Mesmo para quem não pratica o esporte, vale ir para aproveitar a vista de Venda Nova do Imigrante. Outro ponto é a Pedra do Rego, para os amantes de escalada.
O Lago de Alto Bananeiras também é parte do roteiro de paisagens locais. É uma reserva artificial de água que espelha o céu azul. Fica pertinho da igreja católica da comunidade de Alto Bananeiras e é um cenário incrível para fotos. Quem quiser pode levar o anzol, pois o lago contém várias espécies de peixe para pesca.
Em alguns minutos do centro de Venda Nova também está o Parque Estadual da Pedra Azul, no município de Domingo Martins, que, aliás, é uma cidade de colonização alemã e tradicionalmente um dos lugares mais desejados do Espírito Santo.
A região também conta com infraestrutura, propriedades como casas de chá e cafés coloniais, onde o visitante pode ter contato com o campo e o acesso a produtos caseiros, bem como participar de colheitas e presenciar o processamento dos produtos, revivendo a tradição dos imigrantes.
Os passeios de ecoturismo na região de Pedra Azul também são uma ótima opção para conhecer as belas paisagens e desfrutar do clima ameno das montanhas capixabas. O destaque fica para a Pedra do Lagarto.
Para os que procuram ainda mais belezas, a cavalgada em direção às piscinas naturais é uma pedida.
Fontes: Ministério do Turismo e Governo Estadual do Espírito Santo