Startup desenvolve ferramenta que contribui para preservação e restauração de ecossistemas (Foto: Divulgação)
Perceber a necessidade urgente de integrar tecnologias avançadas com a restauração e conservação ambiental. Foi diante dessa constatação que surgiu a ideia de criar a Gaia Tecnologias e Geossistemas, ao observar que as abordagens tradicionais de gestão ambiental careciam de precisão e eficiência que as tecnologias de geoprocessamento e sensoriamento remoto poderiam oferecer.
“Essa visão, aliada ao nosso compromisso com a sustentabilidade e a mitigação das mudanças climáticas, motivou-nos a fundar a empresa e contribuir de maneira significativa para a Década das Nações Unidas para a Restauração de Ecossistemas”, explica o engenheiro ambiental e fundador da Gaia Tecnologias, Hugo Bozelli.
Mestrando em Planejamento Ambiental na Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Bozelli informa que os principais objetivos da Gaia são promover a restauração e a conservação de ecossistemas: utilizando tecnologias de ponta (como drones e satélites) para avaliar, monitorar e restaurar áreas degradadas, com foco especial na Mata Atlântica.
“Nossas soluções facilitam a tomada de decisões ambientais através de análises espaciais e insights baseados em dados para ajudar nossos parceiros a fazer as escolhas mais informadas e eficazes”, cita o engenheiro da empresa que integra o SNASH, hub de inovação apoiado pela Sociedade Nacional de Agricultura (SNA).
Através dessas ações, conforme informa Bozelli, a proposta é gerar benefícios sociais, ecológicos e financeiros ao criar um impacto positivo e sustentável que abranja comunidades locais, a biodiversidade e a economia.
Impacto
Na avaliação do especialista, as soluções da empresa impactam a sociedade de diversas maneiras, como, por exemplo, na conservação e no aumento da biodiversidade, com projetos de restauração que ajudam a recuperar habitats naturais e a proteger espécies ameaçadas.
“Além disso, também trabalhamos na mitigação das mudanças climáticas ao restaurar áreas degradadas, ajudamos a sequestrar carbono, contribuindo para a luta contra o aquecimento global”, destaca.
Outros impactos destacados por Bozelli são os benefícios sociais, através de projetos que, frequentemente, envolvem comunidades locais, proporcionando empregos e promovendo a educação ambiental.
Ele acrescenta que a tomada de decisão informada, com base nas tecnologias utilizada na empresa, fornece dados precisos essenciais para a elaboração de políticas públicas e estratégias empresariais sustentáveis.
Gestão
Conforme explica o cofundador da Gaia, a gestão proposta pela empresa é crucial para o sucesso das atividades, uma vez que as ações combinam planejamento estratégico, monitoramento contínuo e implementação eficaz de tecnologias.
“Nossa abordagem inclui planejamento ambiental detalhado, pois utilizamos geoprocessamento para mapear e planejar áreas de intervenção com precisão; monitoramento tecnológico; sensoriamento remoto e com drones que permitem acompanhar o progresso e ajustar as ações conforme necessário e automatização de processos, com uma plataforma que digitaliza e automatiza relatórios, aumentando a eficiência e a escalabilidade dos projetos”, detalha.
Desafios
Dentre os principais desafios do segmento, Bozelli destaca o financiamento e investimento, uma vez que obtenção de recursos financeiros para projetos de restauração em larga escala pode ser difícil, seguida da adaptação tecnológica, porque integrar novas tecnologias em processos tradicionais requer tempo e treinamento.
“Também podemos citar como desafio as políticas públicas e as complexas regulamentações ambientais, que podem ser um obstáculo, especialmente quando diferentes jurisdições estão envolvidas, e o engajamento comunitário, pois é preciso garantir que as comunidades locais estejam engajadas e beneficiem-se dos projetos”, elenca.
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Perspectivas
Em relação ao cenário atual do setor de restauração ambiental, o engenheiro acredita que está em crescimento, impulsionado pela urgência das mudanças climáticas e pela crescente conscientização ambiental. “Há uma maior demanda por soluções tecnológicas que possam aumentar a eficiência e a eficácia dos esforços de restauração”, avalia.
Para o futuro, Bozelli crê que as perspectivas são promissoras, com inovação contínua e mais avanços em tecnologias de sensoriamento remoto e análise de dados, que melhorarão ainda mais a capacidade do segmento.
Ele acrescenta ainda que isso também passa por um maior apoio governamental e internacional, com implementação de políticas públicas mais fortes e compromissos internacionais, como o Acordo de Paris, que impulsionará investimentos e ações no setor.
Por fim, ele aponta que a evolução também vai depender do crescimento das parcerias: “A colaboração entre setores público, privado e ONGs será essencial para ampliar o impacto e escalar as iniciativas de restauração”, conclui Bozelli.