Agritech desenvolve e produz aditivos de alta performance que promovem a sustentabilidade da agroindústria (Foto: DIvulgação)
Oferecer produtos à base de bioativos e nutrientes estruturados em tamanho nano, que foram desenvolvidos com o propósito de serem incorporados principalmente em fertilizantes, adjuvantes e tratamento de sementes para as mais diversas culturas agrícolas.
Este é um dos objetivos da Revella, agritech que visa, com as suas soluções e através do uso da nanotecnologia, proporcionar maior produtividade à cadeia agroindustrial com o menor impacto ambiental possível. Em entrevista para a Revista A Lavoura, o engenheiro de materiais, co-fundador e diretor geral da startup, Gabriel Nunes, conta sobre a empresa que é uma das integrantes do SNASH, hub de inovação apoiado pela Sociedade Nacional de Agricultura (SNA).
A Lavoura: Como surgiu a ideia de criar a empresa?
Gabriel Nunes: Em 2016, nós, os fundadores, discutíamos a lacuna existente no Brasil, onde diversas tecnologias estavam sendo aplicadas em equipamentos, mapeamento e gestão agrícola, mas havia uma carência significativa de inovações disruptivas no campo das formulações de agroquímicos. Enquanto o agronegócio brasileiro avançava em diversas áreas, percebemos que a nanotecnologia poderia preencher esse ‘hiato’ e trazer uma verdadeira transformação no setor. Foi nesse momento que identificamos uma oportunidade única de aplicar nosso know-how em nanotecnologia para desenvolver soluções que revolucionassem o agro, tornando-o mais produtivo e sustentável. A partir dessa visão, nasceu a nossa empresa, com o propósito de liderar a inovação no mercado e atender as necessidades de um setor cada vez mais exigente.
A Lavoura: Quais os principais objetivos da startup?
Gabriel Nunes: Nossas tecnologias são amplamente aplicáveis em diferentes culturas e em todos os estágios fenológicos. Isso nos permite oferecer soluções que aumentam diretamente a produtividade e a sanidade das lavouras, além de otimizar o uso de recursos da fábrica e da fazenda. Com nossos produtos altamente concentrados e de grande quantidade de superfície exposta, os clientes podem crescer sem necessidade de grandes investimentos em infraestrutura de produção. Em outras palavras, permitimos que o agro produza mais sem demandar novas áreas agricultáveis, atendendo às necessidades globais de sustentabilidade.
A nanotecnologia da Revella impacta diretamente a eficiência da agroindústria ao fornecer aditivos inovadores que aumentam a translocação de elétrons nas plantas, favorecem o processo de fotossíntese e garantem uma entrega controlada de nutrientes ao longo do tempo. Nossas soluções oferecem alta estabilidade de formulação, menor dependência de água e minimizam a lixiviação causada pelas chuvas. Além disso, nosso foco em tecnologias verdes para o controle de insetos e extensão do shelf life de formulações biológicas representa um grande avanço para a sustentabilidade do setor.
Com essas vantagens, proporcionamos maior produtividade com menor impacto ambiental. A cadeia do agro se beneficia diretamente de nossas formulações à base de água, que garantem alta concentração de ativos, comprovando o quanto a inovação pode transformar o agronegócio em um setor mais eficiente e sustentável.
A Lavoura: Descreva a importância das ações da empresa para o desenvolvimento das atividades do setor.
Gabriel Nunes: A nanotecnologia tem transformado o setor, gerando resultados expressivos e sustentáveis, especialmente entre os grandes players do mercado. Um exemplo é o projeto que desenvolvemos em parceria com uma das principais indústrias de agroquímicos do norte do Paraná. Durante quase dois anos de colaboração, incorporamos nanopartículas de cobre e zinco em um fertilizante foliar voltado para o manejo de plantas e a proteção de cultivos.
Esse produto foi projetado para reduzir perdas na aplicação, aumentar a eficiência e minimizar problemas comuns, como a incompatibilidade de misturas. Incorporamos ativos Revella na formulação do cliente, que foi tecnicamente validada em todas as etapas do processo industrial.
O resultado foi um fertilizante que atendeu às expectativas do cliente, proporcionando um retorno significativo para os produtores. Na safra de soja do ciclo 2023/2024, com apenas duas aplicações de 300ml por hectare, junto ao manejo de fungicidas, observamos um aumento produtivo de aproximadamente 8 sacas por hectare.
É gratificante ver essa tecnologia disponível no mercado brasileiro e latino-americano, fruto de uma parceria sólida. Nosso parceiro trouxe as demandas, a Revella incorporou as tecnologias e juntos consolidamos mais um produto de sucesso. Esse é apenas um dos muitos exemplos de como a nossa nanotecnologia está transformando o setor, gerando resultados expressivos e sustentáveis em parceria com grandes players do mercado. Temos como prioridade a implementação de tecnologias junto a novos clientes após a validação de protocolos em parceria com consultorias especializadas e credenciadas pelo Ministério da Agricultura.
A Lavoura: Na sua avaliação, quais os principais desafios do setor?
Gabriel Nunes: O agronegócio está em constante evolução, assim como outros setores da indústria. No entanto, um dos principais desafios do agro é encontrar o equilíbrio ideal entre todas as suas ferramentas e práticas. Não é possível resolver todos os problemas de uma safra apenas com tecnologia de ponta, as melhores condições climáticas ou equipamentos modernos. O verdadeiro sucesso vem de uma abordagem integrada, onde o manejo eficiente e o uso inteligente dos recursos se complementam.
Desde a análise detalhada do solo até a seleção criteriosa dos cultivares, passando pela escolha de equipamentos e insumos químicos, ainda há um vasto espaço para o setor crescer. A chave para esse crescimento está em um manejo agrícola mais estratégico, que integre inovação, sustentabilidade e produtividade. Com isso, o agronegócio poderá otimizar o seu desempenho e alcançar resultados superiores de forma mais sustentável e eficiente.
A Lavoura: Como você avalia o cenário atual do segmento e quais as perspectivas para o futuro?
Gabriel Nunes: O mercado agro ainda é historicamente conservador em relação à adoção de novas tecnologias, e acredito que uma grande parte desse conservadorismo se deve à falta de conhecimento especializado. As inovações disruptivas, como a nanotecnologia, podem causar certa resistência inicial, mas esse cenário pode e deve ser transformado. Nós, como empresa que busca trazer avanços tecnológicos ao setor, temos a responsabilidade de liderar o processo de disseminação de informações e educação para os produtores e demais stakeholders.
Uma vez que essa barreira do conhecimento seja superada por meio de iniciativas educativas e parcerias estratégicas, acredito que o setor entrará em uma nova era. Estamos falando de um futuro onde a produtividade será potencializada e a sanidade das plantas será elevada a novos níveis, resultando em um agronegócio mais eficiente, sustentável e lucrativo.
LEIA TAMBÉM:
→ O futuro dos negócios sustentáveis
A Lavoura: Qual o papel da tecnologia nessa evolução do agro?
Gabriel Nunes: O brasileiro já passou por inúmeras fases de curiosidade e ceticismo até a plena adoção de novas tecnologias. Lembro-me bem de duas transições que hoje fazem parte do nosso cotidiano: a adoção de transgênicos e da internet wifi. No início, eram temas de conversas familiares e debates entre amigos, levantando dúvidas sobre como essas tecnologias impactariam nossas vidas. Esse tipo de questionamento é natural sempre que estamos prestes a viver uma revolução. Hoje, nos encontramos em um momento semelhante com a nanotecnologia no agronegócio. Seus resultados são extraordinários, fruto de anos de pesquisa e desenvolvimento ao redor do mundo. Ela está transformando o setor, oferecendo soluções inovadoras que ampliam a produtividade e a sustentabilidade das lavouras. Se você faz parte do setor e não quer ficar para trás, agora é o momento de adotar o que há de mais avançado em químicos e tecnologia agrícola. A nanotecnologia é o futuro do agro, e aqueles que a incorporarem em seus processos estarão à frente na próxima grande revolução do campo.
Redação A Lavoura