Mititech leva proteção e segurança a milhares de produtores que hoje estão à margem do sistema tradicional, como os pequenos agricultores (Foto: ANeto/Arquivo Embrapa Soja)
Em um país onde apenas 15% a 20% da área agrícola é segurada, a Mititech — startup que integra o SNASH — surge com a missão de expandir a cobertura de seguro agrícola no Brasil, levando proteção a regiões e produtores tradicionalmente negligenciados pelo mercado.
Fundada em 2021, a startup desenvolveu um produto inovador: um seguro agrícola paramétrico climático, que promete transformar o setor ao oferecer uma alternativa mais acessível e adaptável às necessidades dos agricultores.
Em entrevista à Revista A Lavoura, Sergio Soares, CEO da Mititech, explica que o diferencial da empresa está no uso de uma “cesta de índices climáticos” para calcular riscos e precificar o seguro.
“Nosso produto é baseado em variáveis climáticas relacionadas à produtividade, cobrindo desde o plantio até o final do ciclo da cultura”, afirma.
Diferente dos seguros tradicionais, que dependem de dados históricos de produtividade, o produto da Mititech, chamado de Cronos, utiliza 42 anos de dados climáticos, ajustados por tendências recentes, para oferecer coberturas personalizadas.
“O produtor pode escolher entre três propostas diferentes, com coberturas e taxas variadas, de acordo com o que melhor se encaixa no seu negócio”, destaca Soares.
Além disso, o processo de contratação é 100% digital, realizado por meio de um web app (segurocronos.com.br), que permite ao agricultor cotar e contratar o seguro de forma ágil e sem burocracia.
“O Cronos veio para agilizar e simplificar todo o processo de contratação, acompanhamento e regulação do seguro agrícola”.
Foco em regiões pouco cobertas e pequenos produtores

Sergio Soares, CEO da Mititech, em reunião com representantes da CNA. Foto: Divulgação
Um dos grandes desafios do seguro agrícola tradicional é a falta de dados históricos em regiões de fronteira agrícola, como o centro-norte do Mato Grosso, Pará, Maranhão, Piauí, Tocantins e Bahia.
“Essas áreas têm menos dados de histórico de produtividade, o que dificulta a oferta de produtos tradicionais”, explicou Soares.
O seguro paramétrico da Mititech, no entanto, não depende desses dados, mas sim do dado climático, o que viabiliza a cobertura nessas regiões.
Outro público beneficiado são os pequenos produtores, com áreas de até 50 hectares.
“No seguro tradicional, é necessária uma vistoria de campo, o que inviabiliza a contratação para áreas menores. Já no nosso modelo, não há necessidade de vistoria, pois usamos parâmetros climáticos remotos para avaliar o risco”, explica o CEO.
Tecnologia e Sustentabilidade
A startup também se destaca pela integração de critérios ESG (Environmental, Social, and Governance) em seu processo. Antes de emitir uma apólice, a startup verifica se a área a ser segurada está em terras indígenas, unidades de conservação ou áreas embargadas.
“Se houver qualquer irregularidade, comunicamos o produtor e não prosseguimos com a contratação”, pontua Soares.
Essa análise é feita por meio de cruzamento de dados públicos e imagens de satélite, garantindo transparência e responsabilidade ambiental.
Além disso, a empresa utiliza sensoriamento remoto para confirmar o cultivo nas áreas seguradas, uma exigência da SUSEP (Superintendência de Seguros Privados) para evitar especulação.
“Se o produtor contratar o seguro, mas não plantar, a apólice deverá ser cancelada”, ressalta.
Expansão e próximos passos
Apesar de recente no mercado, a Mititech já distribuiu propostas para mais de 100 mil hectares na safra atual de soja e planeja expandir sua atuação para as safras de milho e trigo.
“Estamos em fase de testes com um grande grupo e pretendemos transformar esse caso em um exemplo de sucesso para atrair mais clientes”, adianta Soares.
Redação A Lavoura