Startup visa transferir tecnologias com manutenção de royalty (Foto: DIvulgação)
Criar materiais do futuro que, de forma mais eficiente e ambientalmente amigável, mudarão o status quo e a vida das pessoas. Esse é o principal objetivo da NanoTex, IndTech de nanotecnologia que desenvolve revestimentos avançados para as indústrias de energia e iluminação, biossensores, saúde, têxteis e embalagens nanotecnológicas.,
“Somos considerados uma startup brasileira de impacto, com base tecnológica, que desenvolve novos materiais avançados, renováveis e biodegradáveis, com aplicações transversais e foco em sustentabilidade, através de nanotecnologia nacional”. detalha o engenheiro de materiais com MBA em Gestão de Novos Negócios e Gestão de Marketing e CEO da startup, Rafael Santos da Cruz Paula

O CEO da NanoTex, Rafael Santos da Cruz Paula. Foto: Divulgação
Atualmente, de acordo com o engenheiro, a NanoTex – startup integrante do SNASH, hub de inovação apoiado pela Sociedade Nacional de Agricultura (SNA) – está focada em inovação de impacto para as indústrias, com soluções em energias renováveis, embalagens, saúde e têxteis, através de revestimentos e filmes nanoestruturados, sendo a primeira empresa brasileira a aplicar nanotecnologia à celulose e desenvolver uma solução efetiva de combate ao Covid-19,
Em entrevista à Revista A Lavoura, o CEO fala um pouco mais sobre como nasceu a empresa, os objetivos e como as ações da startup impactam no setor de energia solar, no processo de geração de energia e também sobre a descentralização da produção energética
A Lavoura: Como surgiu a ideia de criar a empresa?
Rafael Cruz: A ideia surgiu em 2020, quando eu, meu sócio, o Doutor Luiz Lima, ambos especialistas em Engenharia de Superfícies e Nanotecnologia, e uma equipe de cientistas, começamos a estudar formas de funcionalizar superfícies diversas, seja replicando a capacidade das plantas de repelirem a água ou mesmo formas efetivas de armazenar e utilizar a energia solar de forma sustentável.
À epoca, meu sócio estava finalizando o pós doutorado e eu finalizando minha graduação em projetos convergentes e iniciamos a busca por financiamentos de projetos para evolução e viabilidade técnica. Quando inicia a pandemia eu sugeri à chefe do laboratório que utilizássemos o local para desenvolver tecnologias que pudessem auxiliar na problemática complexa que gerou a Covid-19..
Com isso desenvolvemos um projeto em conjunto de produção de filtros respiráveis antivirais e antimicrobianos para uso em máscaras caseiras. Transformamos rolos de papel em rolos de filtros protetores com capacidade de proteção igual ou superior à N95. Nesse instante, surge a NanoTex. A partir disso, iniciamos o desenvolvimento de diversas outras tecnologias para mercados como energia, saúde, iluminação pública, embalagens etc.

Sistema residencial completo. Imagem: Divulgação
A Lavoura: Como as soluções da empresa impactam na sociedade?
Rafael Cruz: Nós levamos mais energia, mais segurança, mais durabilidade e mais qualidade em todos os nossos produtos, sempre tendo a sustentabilidade como centro de nossos processos produtivos, tanto na redução de custos de produção e no acesso, quanto na redução significativa de tempo produtivo. Quando atuamos no PD&I de um produto, otimizamos industrias desenvolvendo novos processos produtivos de alta tecnologia que impactam todos os setores que se relacionam, através de novos materiais e uso de nanotecnologia.
Usamos nanotecnologia para transformar estruturas moleculares e criar superfícies que ofereçam desempenho e funcionalidades incomparáveis. Trabalhando em escala nano, nossos aprimoramentos fornecem melhorias funcionais, sem alterar as características naturais da superfície original, como cor e textura. E uma vez que nossas tecnologias se ligam permanentemente às superfícies, nossa durabilidade é insuperável.
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A Lavoura: Qual a importância das ações da empresa para o desenvolvimento do segmento?
Rafael Cruz: Nós somos pioneiros em diversos segmentos no Brasil, pois desenvolvemos um processo produtivo de PVD (Deposição Física a Vapor) contínua, único no país e patenteado. Isso significa que alteramos o status quo no mercado de energia e colocamos o Brasil no mapa do desenvolvimento industrial solar com tecnologia de ponta industrial, desenvolvida por brasileiros, em solo nacional..

Tecnologia Roll to Roll, processo produtivo de PDV continuado, patenteado e único no Brasil em escala pré-industrial. Foto: Divulgação
A Lavoura: Como você avalia o cenário atual do setor e quais as perspectivas para o futuro?
Rafael Cruz: O setor de energia solar está em alta no mundo todo, não apenas pela sustentabilidade no processo de geração de energia, mas também pela descentralização da produção energética. Com o aumento de concorrentes, e redução de custos, essa forma de geração de energia está se desmistificando e sendo cada vez mais presente nas casas e negócios dos brasileiros. Isso demonstra um aumento em progressão geométrica da parcela da energia solar na matriz energética brasileira, cada vez com mais incentivos. Logo, a previsão é de um aumento significativo pelos próximos anos.
Agora, quando eu trato do setor de PD&I, DeepTechs, o Brasil ainda é muito incipiente no que envolve o ecossistema de inovação. Quando o assunto é inovação industrial então, é uma tartaruga. O fato de termos pouco investimento governamental e privado nesse setor faz com que tenhamos dificuldades de escalar processos produtivos. Porém desde a pandemia, tenho visto mais investimentos e preocupações, haja visto que os governos do mundo entenderam o que significa uma crise em escala global, e o grande risco de estar nas mãos de industrias internacionais. O preço a se pagar é muito mais alto do que os investimentos que podem ser feitos em nosso país.

Protótipo de painel solar desenvolvido pela NanoTex. Foto: Divulgação
A Lavoura: Fale um pouco sobre as novidades da empresa
Rafael Cruz: Desenvolvemos, recentemente, a NanoSelect, uma tecnologia embarcada para a indústria de painéis solares. Trata-se de uma superfície seletiva absorvedora solar de alto desempenho desenvolvida com nanotecnologia brasileira, utilizada em coletores solares para geração de energia fototérmica, que aumenta a eficiência da conversão energética solar-termal de 50% dos coletores tradicionais para 95%, e permite atingir temperaturas de até 500°C. Isso significa diminuir perdas, reduzir tamanho de coletores, além de diminuir gastos energéticos não renováveis, onde cada m2 de coletor solar instalado gera uma economia média de 960 kWh/ano e evita a emissão de 1.000Kg/ano de CO2 na atmosfera.
Nossa solução é ideal para aplicação em residências, centros comerciais e indústrias, podendo também ser utilizada em usinas termossolares, com potencial de redução de 25% nas contas de energia em residências e até 40% nas contas comerciais e industriais.
A NanoTex está em busca de uma rodada de investimentos Seed no valor global de R$ 1,5 milhão que viabilize a criação de uma planta pré-industrial de Aletas Solares NanoSelect e um faturamento no primeiro ano de R$ 1,3 milhão. Nossa proposta é tornar a NanoTex a principal fornecedora de Aletas Seletivas no Brasil, que possui potencial de mercado de R$ 250 milhões por ano e, em um segundo momento, exportar essa tecnologia para o resto do mundo. A natureza e a vida são nossas inspirações.

Na avaliação do CEO da NanoTex, é preciso dar mais viabilidade ao desenvolvimento tecnológico brasileiro. Foto: Divulgação
A Lavoura: Na sua avaliação, quais os principais desafios do segmento?
Rafael Cruz: Em relação ao segmento de energia, os desafios são as regulamentações e processos tributários, que podem gerar uma redução no interesse da população em relação à implementação de sistemas solares. Também temos falta de mão de obra qualificada, além do excesso de “órfãos” dentro do segmento, que compram barato de empresas que desaparecem em dois anos, e ficam sem suporte, o que acaba gerando uma insegurança no setor como um todo. O Brasil precisa parar de trazer coisa pronta de fora e começar a formar técnicos competentes em território nacional. É preciso dar mais viabilidade ao desenvolvimento tecnológico brasileiro.







