Empresa visa conciliar a conscientização ambiental com as novas tecnologias
Empreender na área de gestão florestal, motivado pela atuação de familiares no segmento. Foi com essa ideia que o administrador. especialista em gestão de negócios e gestão da cadeia de suprimentos e logística, João Francisco Borges idealizou, em 2017, juntamente com o diretor técnico, engenheiro florestal, mestre e doutor na área de ciências ambientais e florestais, José Henrique Pace, a CTC Soluções Florestais, empresa que integra o SNASH, o ecossistema de inovação apoiado pela Sociedade Nacional de Agricultura (SNA),.
O atual diretor executivo da empresa lembra que, à época, incubou a ideia de negócio no Tecnoparq da Universidade Federal de Viçosa, com o apoio do Sebrae, por meio do projeto Ali em 2019. A partir da demanda prioritária identificada com o seu público alvo, naquele momento gestores ambientais municipais, iniciou o desenvolvimento do e-Arbo, um sistema de Gestão de florestas urbanas e, a partir de 2022, com cofinanciamento do CNPq, conseguiu avançar no desenvolvimento da solução e lançou a sua 1ª versão no ano seguinte.
Em entrevista para a Revista A Lavoura, os executivos contam sobre a empresa, que pretende ser referência nacional e internacional em soluções florestais inteligentes para as indústrias e para as cidades até 2027, pautada nos valores de sustentabilidade; capacidade da ação, inovação, excelência, trabalho em equipe e antifragilidade. “As soluções propostas por nós visam trazer para o presente o futuro verde que nos espera logo ali”, afirmam.
A Lavoura: Descreva a importância das ações da CTC Soluções Florestais para a compreensão da necessidade dos cuidados com o agroflorestal.
João Francisco Borges: Nossas ações estão em sintonia com as bases da bioeconomia. Conciliar a conscientização ambiental no nosso caso, que tem o carro-chefe a arborização urbana (AU), com as novas tecnologias, que hoje se encontram em nossas mãos, com celulares e tablets, facilitando a gestão desse patrimônio público. Para muitas pessoas da cidade, a arborização urbana é o “verde” mais próximo que elas têm. É esse cuidado com o verde mais próximo que muitas pessoas vão entendendo e acrescentando valor na conservação do meio ambiente, tanto na cidade como no campo.
A Lavoura: Na prática, quais os resultados das ações propostas pela empresa na arborização urbana?
José Henrique Pace: Primeiro, vale lembrar que uma árvore gigantesca começa da semente pequenina. É assim que pensamos nos nossos impactos, pois no cenário atual a descarbonização é uma poderosa alternativa para nos afastar da catástrofe ambiental na qual entramos, decorrente das ações dos últimos séculos, pela excessiva emissão dos gases de efeito estufa (GEEs). Considerando que uma árvore em uma praça pode retirar da atmosfera mais de 17 toneladas de gás carbônico, e que uma pessoa em média emite por ano de 1,6 à 3,7 t/ano de gases de efeito estufa (GEEs), pode-se assim perceber a potência que a arborização urbana tem para ajudar a descarbonização nos grandes centros urbanos. Há, ainda, outros benefícios que ela proporciona para a sociedade, reduzindo as ilhas de calor, contribuindo para a amenização sonora, com efeitos positivos na saúde física e mental, dentre outros. Portanto, cidades que valorizam a AU, como Goiânia (GO), Belo Horizonte (MG), Brasília (DF), Maringá e Curitiba (PR), que têm uma taxa de sombreamento superior a 12m² por habitante, valor indicado pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco) para garantir um melhor bem-estar, já estão focando no futuro com um olhar muito próximo e lá na frente veremos esses resultados.
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A Lavoura: Na sua avaliação, quais os principais desafios do setor?
José Henrique Pace: Os desafios que encontramos estão relacionados ao comprometimento do poder público com a sustentabilidade, em especial quando falamos na valorização desses espaços verdes urbanos, que vão além da arborização urbana e inclui parques, jardins verticais, ciclagem de biomassa urbana etc. Conciliar o desenvolvimento das cidades com a sustentabilidade é o maior desafio dessa década, intitulada por muitos pesquisadores e ambientalista como a Década da Restauração, tomando como base os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) propostos pela Organização das Nações Unidas (ONU), seguindo a agenda 2030, incorporada por mais de 90% dos países do mundo. Desta forma, consideramos que ainda há muito que se fazer, principalmente nos centros urbanos, onde está a maior parte das pessoas que serão afetas pelas mudanças ambientais que só estão no começo do ciclo.
A Lavoura: Como você avalia o cenário atual do segmento e quais as perspectivas?
José Henrique Pace: É necessário fazer muita coisa e mudar muitos conceitos. Entretanto, não há de se negar que, nos últimos anos, foi feito, em nas vertentes social ou cultural e ambiental, muito mais do que foi realizado ao longo de toda história da sociedade moderna “consciente”. Essa evolução que estamos começando a presenciar, trazendo cada vez mais a pauta ambiental para as discussões postas à mesa, demonstra o crescimento da prosopopeia que trouxemos para vocês, da semente pequenina até a árvore gigantesca, no sentido das ações individuais até as ações governamentais. Porque, independente dos problemas que enfrentamos, é necessário manter a esperança que vamos chegar a um contexto socioambiental muito mais justo e consciente, agregando muito a responsabilidade que uma pequena semente pode ter na produção de uma grande floresta. É dessa forma que tentamos trazer essa valorização ambiental para os tomadores de ações.