Empresa visa destravar gatilhos de eficiência energética com aporte da tecnologia (Foto: SAE Brasil)
Auxiliar empresas de médio e grande porte na captura de dados de suas operações e lançá-las para dentro de um plataforma de inteligência energética capaz de calcular oportunidades de economia automaticamente para as operações dos clientes.
É dessa forma que o engenheiro ambiental, mestre em sistemas sustentáveis e Head of Sales da CUBi Energia, Rafael Turella, descreve os objetivos da empresa, uma das startups que integra o SNASH, o hub de startups apoiado pela Sociedade Nacional de Agricultura (SNA). “Acreditamos fortemente que a tecnologia é capaz de destravar gatilhos de eficiência energética”, destaca.
Conforme o executivo, a história da CUBi teve início durante mestrado na Universidade Rochester Institute of Technology (Nova York, EUA), onde os fundadores, inicialmente desconhecidos entre si, colaboraram em projetos acadêmicos, incluindo um focado em Auditoria e Gestão de Energia Elétrica.
Esse projeto investigou a eficiência energética de um edifício modelo, certificado com o selo Leed Platinum e equipado com as mais avançadas tecnologias disponíveis na época. “Apesar das expectativas, a análise de mais de 1 bilhão de pontos de dados revelou que esse edifício, mesmo com suas credenciais, era mais ineficiente energeticamente do que estruturas semelhantes, mas mais antigas e desprovidas de tecnologia avançada”, lembra Turella.
Segundo ele, essa descoberta significativa os levou a reconhecer uma lacuna crítica: a ineficiência energética persistente nas empresas, independentemente de suas características ou recursos tecnológicos. Faltava para aquela equipe o conhecimento sobre energia, assim como, o conhecimento e acesso a ferramentas e informações adequadas para uma gestão eficaz. “Foi a partir dessa constatação que nasceu a ideia de criar a CUBi”, explica.
Mudança de foco
A gestão de energia, na avaliação do especialista, é um campo fascinante, porém complexo, pois a energia, em sua essência, é um assunto técnico, repleto de detalhes que podem ser desafiadores de explicar para gestores que não são especialistas na área.
“No início, o foco, como empresa, foi no setor industrial alimentício e de plásticos, porém, o agronegócio nos encontrou por conta própria e foi praticamente tomando nossa carteira de clientes”, comenta Turella. “Hoje atendemos vários dos grandes produtores no Brasil, como Raizen, Citrosuco, Itograss, Amaggi e diversos outros”, cita.
Conforme explica, isso ocorre porque as propriedades, em sua maioria, já possuem uma complexidade de gestão por seu porte e localidade. “Acima disso, ainda temos todas as particularidades de contratação e uso de energia de cargas sazonais”, comenta.
A plataforma
O engenheiro ressalta que, atualmente, o setor enfrenta a intricada realidade do sistema energético brasileiro, que acrescenta uma camada adicional de dificuldade ao entendimento das informações contidas nas contas de energia. “A disparidade entre as contas de energia de diferentes distribuidoras, tanto em formato quanto em terminologia e métodos de cálculo, exige certo nível de expertise para uma gestão eficaz, especialmente em empresas com múltiplas unidades.”
Diante desse cenário, a executivo afirma que a CUBi representa uma solução inovadora capaz de simplificar essa complexidade em uma plataforma única e centralizada. “Nosso objetivo é permitir que os gestores dediquem seu tempo ao gerenciamento efetivo de seus ativos e à identificação de oportunidades de economia, em vez de encarar as contas de energia como meros boletos, sem uma avaliação criteriosa ou investimento de tempo para compreendê-las a fundo, como é comum ocorrer”, observa Turella.
Ele acrescenta que mais recentemente a CUBi lançou um produto gratuito para pequenas e médias empresas com o objetivo de expandir ainda mais o conhecimento das pessoas sobre gestão de energia e os benefícios que podem trazer. “Esse produto gratuito permite que empresas avaliem mensalmente suas contas de energia e a tecnologia indica quais oportunidades de economia existem”, complementa.
Veja no vídeo um pouco mais sobre as ações da CUBi:- https://www.youtube.com/watch?v=TWIGkkQ6FHw
Impacto das atividades
Para mostrar como as ações da empresa tem impactado no segmento, o executivo conta que, atualmente, a CUBi processa dados de todos os Estados do Brasil e chega a analisar cerca de R$ 2 bilhões de reais em energia todos os anos para seus clientes.
“Dentro do agronegócio, se tirarmos um recorte dos dados que passam por aqui, conseguimos saber que em média 5% a 8% dos valores das contas de energia são desperdícios diretos, como multas de atraso de pagamento e multas técnicas, como fator de potência e demandas mal ajustadas/controlada”, analisa.
“A taxa de 8% é um valor elevado e superior a diversos outros segmentos que atendemos, isso reflete logo de cara que a complexidade de gerir corretamente propriedades no agro é maior”, completa Turella.
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Desafios do setor
Segundo o engenheiro, assim como todos os outros setores, o agronegócio possui suas próprias características e dificuldades e, em se tratando de gestão de energia, há uma série de obstáculos que precisam ser resolvidos para otimizar as atividades no segmento.
“Em primeiro, há a falta de conhecimento sobre gestão de energia por parte dos gestores de fazendas (as pessoas em geral não conseguem identificar esses desperdícios em suas contas)”, cita.
Outro desafio citado por ele é a localização geográfica das propriedades, pois não há cobertura de celular em locais mais remotos, o que dificulta muito que algumas empresas tenham acesso às tecnologias.
A distância entre os produtores rurais e os provedores de tecnologia também é um desafio para o gestor do agro encontrar e se conectar com empresas de tecnologia, da mesma forma que é difícil para uma empresa de tecnologia com atuação nacional se conectar com grupos de produtores regionais. “A junção desses grupos não é tarefa fácil”, aponta.
Porém, apesar desses desafios, o executivo enxerga o futuro do segmento de maneira otimista. “Temos acompanhado o desenvolvimento das tecnologias aplicadas no agro e o apetite de produtores para buscar cada vez mais soluções. Acredito que o efeito bola de neve já tenha se iniciado e esperamos que ele vá pegando ainda mais velocidade com o passar do tempo”, conclui Turella.