Startups amazônicas apostam em inovação sustentável e se preparam para a Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (Foto: Giorgio Venturieri/Embrapa)
Empresas em fase de desenvolvimento na Amazônia, as chamadas startups, investem em modelos de inovação sustentável voltados para o mercado global. Essas iniciativas se preparam para a realização da 30ª Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas (COP30), que acontecerá em novembro, na cidade de Belém (PA).
Um exemplo de negócio alinhado ao modelo de desenvolvimento sustentável é a startup gerida pelo empresário Maurício Pantoja, em Igarapé-Miri (PA). A empresa valoriza a comercialização de produtos extraídos pelas comunidades tradicionais, mantendo a floresta em pé. Focada no beneficiamento de frutos regionais na forma de polpa e frutos em pó, a startup já trabalha diretamente com duas cooperativas e gera oportunidades para 340 famílias em Igarapé-Miri e Abaetetuba.
“Além de conectar a produção dessas pequenas comunidades por meio de um comércio justo, a gente também usa a tecnologia para melhor gerir, prever a colheita, diminuir o desperdício e agregar valor aos produtos”, explica Pantoja.
O empresário lembra que o açaí foi o primeiro fruto a ser beneficiado na forma de polpa e vendido no mercado brasileiro, mas que novos produtos foram incorporados ao portfólio.
“A gente é da capital mundial do açaí, então partimos dele e fomos integrando outras culturas como cacau e cupuaçu para diminuir a monocultura na região e fazer com que esses produtores faturem o ano todo e não só na safra do açaí”, destaca.
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Pequenos empreendedores
Outra startup que se destaca no cenário amazônico é a liderada pelo empresário Vitor Alves, com sede em Belém. Focada na capacitação de pequenos empreendedores, a empresa oferece cursos em plataformas virtuais para impulsionar pequenos negócios com o uso de tecnologia.
“A tecnologia é sempre um diferencial para a pequena empresa. Você tem hoje inteligências artificiais que aumentam a velocidade com que você resolve problemas, emite notas, faz controle de estoque e, inclusive, encontra clientes e faz análise de mercado”, explica Alves.
As startups de Pantoja e Alves foram as vencedoras da 11ª edição do Startup Day, evento promovido pelo Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae), em Belém, no sábado (22). O evento reuniu mais de 300 iniciativas e premiou as duas startups nas categorias bioeconomia e tecnologia.
De acordo com o diretor-superintendente do Sebrae do Pará, Rubens Magno, o Startup Day é uma oportunidade para que startups da região impulsionem suas ideias em um ano estratégico de preparação para a COP30.
“O que nós queremos é mostrar que na Amazônia não é diferente de outros lugares do mundo que respiram inovação”, afirma.
Para Pantoja, eventos como o Startup Day ajudam a dar visibilidade a empresas que estão fora dos grandes centros comerciais. “A gente tem esse objetivo de atingir o mercado internacional, muito por ser um mercado que valoriza os trabalhos que cuidam da biodiversidade e que se importam com as pessoas que vivem na floresta. Então, eventos como o Startup Day são oportunidades para a gente, não só do interior, mas de todos os lugares do Pará, poder aparecer, mostrar o que a gente está fazendo e que é coisa séria”, conclui.