Leonardo Alvarenga, CEO do SNASH, à esquerda, recebe Vitor Mondo e Aurélio Favarin, que integram a Gerência-Geral de Inovação, Negócios e Transferência de Tecnologia da Embrapa, em evento de apresentação de dados do Radar Agtech 2024 (Foto: Cristina Baran)
O Radar Agtech Brasil 2024, principal estudo sobre inovação no agronegócio nacional, revelou um ecossistema em transição, apontando que, enquanto o número de startups se estabiliza, aumentam soluções que possuem maior conexão direta com o campo.
Os dados foram apresentados nesta terça (20/05) por Aurélio Favarin, coordenador do estudo e pesquisador da Embrapa Informática Agropecuária, durante evento o evento “Conexão SNASH + Embrapa”, para apresentação do Radar Agtech na Arena SNASH, na sede da Sociedade Nacional de Agricultura, no Rio de Janeiro.
O estudo, realizado pela Embrapa em parceria com a SP Ventures e Homo Ludens, identificou 1.972 startups atuantes no país — um crescimento leve em relação às 1.953 do ano anterior, demonstrando uma estabilidade.
“A gente observa uma fase de um certo equilíbrio. Uma tendência de manutenção no número total dos startups”, disse Favarin, que avalia esta tendência como um sinal de amadurecimento do mercado, após o boom de novas agtechs nos últimos anos.
Pela primeira vez desde o início do mapeamento em 2019, as startups “dentro da porteira”, que são aquelas que atuam diretamente na produção, como monitoramento por drones e gestão agrícola, ultrapassaram as de pré e pós-produção.
“Pela primeira vez, temos o maior número de startups dentro da fazenda. Ou seja, startups que são pé no barro, que realmente estão ali conversando com produtores e entendendo as necessidades dos produtores, que estão mais conectadas, de fato, ao processo de produção”, afirmou.
Descentralização incipiente
O relatório também aponta ainda uma grande concentração das startups na região Sudeste, respondendo por 57% do total, sendo 40% apenas em São Paulo. Logo depois, vem o Sul, com 25%, o Norte com 6,1%, seguidos de Centro-Oeste (5,8%) e Nordeste (5%).
Favarin, no entanto, aponta que o radar leva em conta apenas a sede fiscal das startups, o que pode explicar essa alta concentração de empresas em São Paulo, estado que também abriga os maiores centros de pesquisa e desenvolvimento no país, além de ser o centro financeiro do Brasil, facilitando conexões para investimentos.
O Sudeste também concentra a maior parte de escossistema de inovação que inclui hubs, incubadoras e aceleradoras, e parques tecnológicos.
O crescimento das incubadoras foi de 224%, passando de 32 para 107, enquanto outros ambientes também mostraram forte expansão, como os parques tecnológicos, que aumentaram de 93 para 117, as aceleradoras de startups, de 21 para 40, e os hubs de inovação, de 29%, de 82 para 106.
“O crescimento dos ambientes de inovação estão relacionados com criar melhores condições para que startups consigam se desenvolver e você tenha um ecossistema de inovação mais dinâmico e aberto para o florescimento e o surgimento de startups de rápido”, pontuou Favarin.
O relatório completo (200 páginas) está disponível em radaragtech.com.br.
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Base de dados das startups
Na abertura do evento, Leonardo Alvarenga, CEO do SNASH, ressaltou que o hub já utiliza bastante a ferramenta em seus trabalhos, tanto na atualização da base de dados como no engajamento das startups.
Leonardo complementou dizendo que o mapeamento ajuda a traçar um perfil dos projetos que integram a rede SNASH, seja pela prospecção do Hub ou para análise daquelas que se candidatam a fazer parte dele.
“Prezamos muito pela qualidade das startups que estão conosco no SNASH, e nesse processo seletivo o Radar Agtech exerce papel fundamental, para que possamos conhecer o tamanho, qualidade e escopo dos projetos que possam estar conosco”.
Já Vitor Mondo, Supervisor de Ecossistemas de Inovação da Embrapa, ressaltou que a criação do Radar Agtech visou preencher uma lacuna na base de dados sobre startups.
Segundo ele, é gratificante ver o resultado do trabalho da Embrapa sendo utilizado e ajudando os empreendedores do campo, que querem estar atualizados em termos de tecnologia e networking.
“Agradeço o convite e é uma honra estar nessa Meca que é a SNA, com mais de cem anos de serviços prestados à agricultura. Ver que o mapeamento feito pelo Radar Agtech já ajuda na conexão entre ideias, inovação no campo e tecnologia, em iniciativas como o SNASH, nos dá um excelente panorama dos resultados obtidos, e queremos seguir nesse caminho, expandindo essa rede”.