Empresa monitora riscos ambientais através de sensoriamento remoto
“A solução certa em tempos incertos”. É dessa forma que o bacharel em ciências contábeis, Co-founder e CFO da Noah Smart City, Leonardo Cruz Marques da Silva, define a startup que nasceu dentro de um programa de inovação do Centro de Operações do Rio de Janeiro, com o intuito de monitorar em tempo real áreas que alagam para atuação dos órgãos operacionais visando mitigar riscos à população.
“Também estamos levando nossa expertise para agregar no monitoramento de riscos ambientais no agro, como qualidade do solo, umidade do solo, chuvas, transbordamento de rios próximos a lavouras, temperatura, direção do vento, entre outras informações relevantes para geração de valor e otimização da produção agrícola”, destaca da Silva.
Em entrevista exclusiva à Revista A Lavoura, o CFO da startup que integra o SNASH, novo hub de agtechs e edutechs criado pela Sociedade Nacional de Agricultura (SNA) fala sobre o cenário e os desafios do setor e como a empresa trabalha no desenvolvimento de soluções que auxiliam na identificação do início de alagamentos gerando dados para criação de protocolos de segurança e operacionais
A Lavoura: Quais os principais objetivos da startup?
Leonardo Cruz: Nosso objetivo é criar soluções visando a democratização dos alertas e monitoramento de riscos ambientais que geram alto impacto na vida das pessoas e nas operações das empresas e municípios.
A Lavoura: Como as soluções da empresa impactam na sociedade?
Leonardo Cruz: Criamos uma solução com sensores ultrassônicos, Dashboard e Sistema de Mensagens via Celular que alertam em tempo real a situação local, além de gerar dados para criação de protocolos de segurança e operacional. Quando falamos na linha de smart city, geramos impacto direto no auxílio ao poder público para manutenção da segurança da população em momentos de crises ocasionadas por fortes chuvas, por exemplo, além do auxílio no planejamento e protocolos de segurança.
A Lavoura: Cite outros benefícios oferecidos pela empresa.
Leonardo Cruz: Não posso esquecer que além do setor público temos clientes privados, como o Bangu Shopping, por exemplo, que utilizam nosso sensoriamento para manter os clientes seguros em momentos de crise por alagamento ao redor do empreendimento. Já entrando na solução hídrica, geramos dados para o monitoramento em tempo real da qualidade da água em estações de tratamento, o que impacta diretamente na saúde da população. Nesse caso, o nosso objetivo é auxiliar na melhora operacional do tratamento da água que é disponibilizada.
A Lavoura: Qual a importância das soluções da empresa para a segurança das operações no setor agrícola?
Leonardo Cruz: O setor agrícola sofre diretamente com as mudanças do clima, e gerenciar essas mudanças é essencial para a otimização operacional das produções. A Noah tem a expertise de criar soluções para melhorar a operação de nossos clientes, visando não só emitir alertas em tempo real mas também gerar dados que podem ser trabalhados posteriormente para ações preventivas na lavoura. Identificar padrões climáticos que deixam o solo mais seco ou que possam causar proliferação de pragas e, com isso, otimizar o sistema de irrigação e o momento certo para pulverização de produtos químicos, é um exemplo.
A Lavoura: Na sua visão, quais os principais desafios do segmento?
Leonardo Cruz: Estamos vendo uma mudança no clima ano após ano, trazendo extremos, tanto de seca como de chuvas. Se não nos prepararmos para o monitoramento desses dados no campo, não vamos conseguir mitigar o risco de perdas, já que a sazonalidade não está se cumprindo. Um estudo recente (Tanure 2020, pp. 22; 200; 204; 213) estimou, usando modelo de equilíbrio geral computável, os impactos das alterações climáticas sobre a produtividade agrícola dos agricultores familiares e patronais para os períodos de 2021/2050 e 2051/2080, chegando à conclusão de que a mudança climática pode provocar perdas no Produto Interno Bruto (PIB) de R$ 3,5 bilhões a R$ 8,1 bilhões por ano no período total, além da insegurança alimentar.
A Lavoura: Como você avalia o cenário atual do monitoramento de riscos ambientais e quais as perspectivas para o futuro?
Leonardo Cruz: Aqui no Brasil estamos no início do desenvolvimento do monitoramento de riscos ambientais voltado para o clima. Hoje, os satélites auxiliam bastante nessa tarefa, mas quando falamos em geração de protocolos de segurança e operacional é necessário monitorar o microclima de cada região. Aí, temos uma dificuldade de implementação de sensores em regiões mais carentes e também no campo, e essas localidades são as que mais sofrem em momentos de crise extrema. Estamos trabalhando para democratizar esse monitoramento, aliando custo acessível a governos, empresas privadas e agricultores familiares, gerando uma gama de dados que podem ser utilizados para histórico e mitigação de riscos futuros.