Alguns sinais comportamentais dos pets inficam que algo não está bem
A necessidade da conscientização e de cuidados para garantir o bem-estar emocional dos indivíduos e da sociedade tem sido tema de inúmeras pesquisas que apontam para o quadro de saúde mental da população humana.
Diante desse cenário, a Organização Mundial da Saúde (OMS) publicou o Informe Mundial de Saúde Mental (2022) que traz uma estatística, segundo a qual, em 2019, quase um bilhão de pessoas viviam com algum transtorno mental, a principal causa de incapacidades.
Entretanto, esses transtornos não são exclusividade dos humanos. Os animais de estimação também podem desenvolvê-los, principalmente ansiedade, reatividade, agressividade, medo/fobia, comportamento compulsivo e dermatites.
Conforme observa a médica-veterinária comportamental Dani Graziani, os pets têm emoções que devem ser compreendidas e respeitadas. “É preciso atender às necessidades emocionais desses animais e ficar atento caso haja mudança de comportamento, procurando assistência especializada quando algo fora do comum acontecer”, orienta.
Gatilhos
Segundo a especialista, as situações que mais incomodam os pets estão relacionadas às mudanças, como de casa ou de rotina, à perda de um ente da família ou até mesmo à senilidade, processo de envelhecimento que vem acompanhado de desafios físicos e emocionais, como diminuição da visão, da audição e do olfato, dificuldade de locomoção, irritabilidade, desorientação, perda de memória, entre outros.
“São muitos os sinais que podem identificar que o animal de estimação não está bem, como um cão tranquilo apresentar agressividade ou um pet que fazia seu xixi no lugar certo começar a fazê-lo em outro lugar. É importante acolher em vez de ficar bravo, pois ele está demonstrando que precisa de ajuda, e o apoio é essencial para o processo de cura”, aconselha a veterinária.
Como prevenir
Na avaliação da médica-veterinária e consultora da rede de farmácias de manipulação veterinária DrogaVET, Farah de Andrade, a atividade física impacta diretamente a saúde física e mental dos animais. “Os cães precisam correr, caminhar e explorar ambientes. Um passeio diário de 20 minutos já acalma e ajuda no gasto de energia, na socialização, na perda de peso e na manutenção da massa muscular”, destaca.
Ela comenta também que a falta de brinquedos e de interação pode trazer prejuízos, assim como um ambiente muito agitado ou monótono demais e menciona que o ideal é manter uma rotina equilibrada entre atividades, brincadeiras e descanso, para evitar o estresse e a ansiedade, além de dar mais atenção ao pet, o que é fundamental para o bem-estar do animal.
“Colocar em prática o enriquecimento ambiental, ou seja, adaptar o lar para proporcionar uma rotina mais saudável e prazerosa ao pet, com estímulos mentais, físicos e sensoriais, auxilia a prevenir o tédio, reduzir o estresse e promover um comportamento equilibrado”, acrescenta Farah.
Ela afirma que, para dar certo, é preciso conhecer o animal de estimação, seus gostos e preferências. “Para os gatos, é possível instalar prateleiras nas paredes, nichos, redes, arranhadores e deixar brinquedos em locais estratégicos. Já para os cachorros, além dos brinquedos, incluir atividades que estimulam o olfato, treinamento cognitivo e socialização são algumas formas de deixar o ambiente mais interativo”, indica.
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Petiscar ajuda a acalmar
De acordo com a consultora, medicar um animal nem sempre é uma tarefa fácil, sendo, muitas vezes, um fator de grande estresse, especialmente para os felinos. “Para isso, existem soluções como os medicamentos manipulados em formas farmacêuticas que facilitam a administração, como biscoitos, caldas ou molhos, pastas orais e géis transdérmicos”, orienta.
Dentre as apresentações orais, ela cita as flavorizadas com sabores como bacon, caramelo, leite condensado, frango, entre diversos outros que atraem os pets. “O gel transdérmico é aplicado na pele do animal e sua aplicação mais parece um carinho. Já um biscoito com sabor, é como um petisco, um mimo. Muitos pacientes chegam a ‘pedir’ mais”, aponta Farah.
Por fim, ela informa que os medicamentos manipulados também costumam ser a principal alternativa para a prevenção ou o tratamento de transtornos mentais devido à possibilidade de combinação de ativos numa mesma fórmula, manipulada na dose exata para o peso do animal, além dos diferenciais de flavorização e apresentação.
Como exemplo ela cita os florais de Bach e fitoterápicos como valeriana, kawa-kawa, passiflora, L-triptofano e melatonina, que são algumas opções que podem ser prescritas em casos de insônia, estresse ou ansiedade.
“Medicamentos controlados, geralmente indicados para casos mais complexos, também podem ser manipulados, como fluoxetina, sertralina e clomipramina, porém, somente um médico-veterinário está apto a prescrever o tratamento mais adequado para cada caso”, conclui a especialista.