O hábito dos felinos esconderem sinais clínicos pode atrasar a detecção de doenças e comprometer o tratamento
Mascarar os sinais que evidenciam um quadro de dor é a forma de defesa dos felinos para não exteriorizar fraqueza no ambiente em que vivem. Esse instinto foi herdado dos seus antepassados, que viviam vulneráveis em florestas e precisavam demonstrar agilidade e força para não se tornarem alvo dos predadores.
Então, como é possível identificar quando um gato está sentindo dor ou desconforto?
Alessandra Farias, médica veterinária da DrogaVET, orienta que o primeiro passo é ficar atento a qualquer mudança no comportamento do animal “A falta de apetite é um dos primeiros indicativos que o gato pode estar sentindo algum tipo de dor”, salienta.
Segundo ela, ficar quieto, se isolar, alterar hábitos alimentares e de higiene, também podem ser indícios de desconforto.
“Quando o gatinho, que era amoroso, já não gosta mais de receber carinho e fica mais agressivo ou quando perde o interesse de brincar, por exemplo, alguma coisa errada está acontecendo”, assegura.
Falta de apetite pode indicar que o gato está sentindo algum tipo de dor. Foto: Drogavet
Mudança nos movimentos
A veterinária explica ainda que dificuldades de locomoção, muitas vezes, estão relacionadas a doenças que causam inflamação nas articulações do gato e provocam dor. “Se perceber que o bichano tem dificuldade de saltar, subir e descer móveis, é possível que esteja sentindo algum tipo de incômodo”, alerta.
foto: istockphoto
Dificuldade de saltar, escalar, subir e descer móveis pode ser incômodo pela dor. foto: shutterstock
Alessandra acentua que é fundamental prestar atenção na rotina do animal e observar se os seus movimentos estão diferentes, como andar curvado ou mudar a posição de dormir. “A doença articular degenerativa (DAD), caracterizada pela degeneração e inflamação nas articulações, é a causa mais comum de dor crônica em gatos, prejudicando muito a qualidade de vida dele”, afirma a veterinária.
Problemas renais
Mudanças no ato de urinar também são importantes sinais de que algo não vai bem segundo a especialista da DrogaVET.
“Quando o gatinho vai até a caixa de areia e não consegue urinar ou urina em pouca quantidade ou em locais inapropriados, são indícios de uma provável cistite, inflamação na bexiga que pode causar obstrução da uretra e micção dolorosa”, ensina.
Ela esclarece também que alteração de apetite e aumento da sede podem estar relacionados a outros problemas renais, que geralmente provocam dor conforme o avanço da doença, mas que precisam de um diagnóstico mais precoce possível para o devido tratamento e acompanhamento.
Um quadro de dor também pode ser revelado pela perda de peso ou depressão. Foto: Divulgação
Dor pode ter vários motivos
A veterinária comenta ainda que, ao sentir dor, o bichano também pode apresentar perda de peso, depressão, se lamber excessivamente e ter sensibilidade ao ser tocado em determinada região do corpo.Mas, ela adverte que somente o médico veterinário é capacitado para fazer um diagnóstico correto, por meio de uma análise clínica e exames e, na sequência, direcionar o pet para o tratamento adequado e seguro.
“O gatinho pode sentir dor ou desconforto por vários motivos e cada caso é um caso. Como nós seres humanos, os pets precisam passar por consultas veterinárias de forma periódica, porque também podem ser acometidos por doenças infecciosas, degenerativas, articulares, distúrbios gastrointestinais, doenças de pele, entre outras”, avisa a especialista.
A pasta oral pode ser colocada na boca ou na pata do animal para ele lamber. foto: Drogavet
Mais conforto
Para a veterinária, além de conseguir identificar que algo não vai bem com o bichano, outro desafio para os tutores é medicá-los. Para isso, segundo ela, os medicamentos manipulados têm sido uma alternativa para facilitar o tratamento. “Formas farmacêuticas diferenciadas e manipuladas com o sabor de preferência do gato reduzem o estresse do animal, que geralmente não aceita comprimidos e tenta se defender no momento de ingerir a medicação”.
Por este motivo, Alessandra recomenda que seja usado, por exemplo, o filme oral, que pode ser colocado no céu da boca, onde o medicamento é absorvido rapidamente.
“A pasta oral pode ser posta na boca ou na pata do animal para ele lamber. E as caldas e molhos, deixadas sobre a ração ou alimento úmido”, ensina a veterinária.
No entanto, ela lembra que qualquer diagnóstico e tratamento só podem ser indicados por um médico veterinário.
