Os peixes são a quarta categoria de animais de estimação mais comuns no Brasil. No entanto, muitos donos não sabem que há profissionais que trabalham com medicina veterinária preventiva voltadas para esses bichinhos de aquário
É fato que existem certos procedimentos de rotina – em geral, para cães e gatos – que não se aplicam aos peixes, como vacinação, castração, vermifugação, entre outros. Entretanto, quando seu pet de nadadeiras adoece, ele também precisa de cuidados de um profissional especializado, mas poucos tutores sabem disso.
Os peixes são a quarta categoria de animais de estimação mais comuns no Brasil, atrás apenas de cães, gatos e aves, conforme dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Para o médico veterinário Pedro Henrique Cardoso, os números poderiam ser ainda maiores se fossem considerados os benefícios que os peixes trazem para a saúde e o bem-estar de seus donos.
“Hoje, vivemos uma onda em que muitas pessoas estão estressadas por causa do trabalho. Estudos científicos feitos nos Estados Unidos – maior mercado da indústria de aquarismo – comprovam que parar para observar os animais no aquário acalma e diminui alguns sintomas do estresse”, explica.
Medidas preventivas
O que muitos proprietários de peixes não sabem é que há profissionais que trabalham na área da medicina veterinária preventiva voltado a esses bichinhos. O ideal, segundo Cardoso, é que eles não sejam levados para consultas de rotina, já que isso gera estresse. O profissional é quem deve ir até o local onde o animal está, para avaliar as possíveis causas de distúrbios.
A procura por um especialista ocorre, principalmente, quando o proprietário de peixes percebe altas taxas de mortalidade, ausência de apetite, sinais clínicos na pele, nado irregular, entre outros sintomas. Ou seja, os tutores não devem hesitar em procurar um profissional de medicina veterinária, caso notem alguma alteração física ou comportamental nos peixes.
Segundo o médico veterinário, nem sempre é fácil perceber que há algo errado com o peixinho de estimação ou que ele esteja sentindo dor. Mas algumas medidas podem ser tomadas de forma preventiva.
Qualidade da água e alimentação
Uma delas é conhecer a qualidade da água do aquário onde o animal vive. “Se a água não estiver dentro dos padrões ideais da espécie, o animal pode não estar tão confortável e os sintomas podem levar alguns dias para aparecer”, alerta Cardoso, acrescentando que, hoje em dia, há inúmeros testes de qualidade de água no mercado, que deve ser feito com o auxílio de um profissional capacitado.
A alimentação também deve ser de qualidade. “Os peixes, que não têm uma alimentação adequada, dificilmente vivem por muito tempo. O proprietário deve alimentá-los diariamente, com quantidade suficiente para não faltar nutrientes em sua dieta, nem alimentar excessivamente e acarretar sobras, que podem gerar queda na qualidade da água”, detalha o médico veterinário.
O ambiente ainda deve ser confortável. Por isso, conforme Cardoso, é importante que o proprietário saiba quais são as características comportamentais de todos os habitantes do aquário, bem como a compatibilidade das espécies que vivem em comunidade, para evitar estresse e possíveis doenças.
Comércio cadastrado
Ele orienta o tutor de peixes sobre a importância da quarentena de animais recém adquiridos e os riscos a que estão suscetíveis, além da compra de animais apenas em estabelecimentos com serviço especializado, cadastrados no respectivo Conselho Regional de Medicina Veterinária (CRMV).
Os estabelecimentos que importam e comercializam peixes ornamentais devem funcionar, obrigatoriamente, sob a supervisão de um responsável técnico.
“É necessária a presença do profissional que presta serviços na área já que, muitas vezes, há doenças graves de caráter zoonótico, como a micobacterisose cutânea, que é de difícil tratamento, além de outras não zoonóticas de notificação obrigatória pela Organização Mundial de Saúde Animal”, informa Cardoso.
Atuação profissional
O médico veterinário, além de atuar na parte clínica, trabalha em outras áreas envolvendo animais aquáticos, como é o caso da aquicultura – cultivo de organizamos aquáticos em um espaço confinado e controlado é uma delas.
A elaboração de propostas para despertar o interesse dos médicos veterinários pela aquicultura e contribuir para a capacitação nesse segmento tem sido discutida nas reuniões do Grupo de Trabalho do recém-criado GT de Aquicultura do Conselho Federal de Medicina Veterinária (CFMV), instituído em novembro de 2015.
“O médico veterinário devidamente capacitado na parte de doenças de animais aquáticos pode contribuir para diminuir as perdas por enfermidades e contaminação, uma vez que detém todo o conhecimento, adquirido na formação, que levam ao raciocínio em sanidade e não apenas em patologia”, ressalta o médico veterinário Eduardo de Azevedo, presidente do GT de Aquicultura do CFMV.