Muito se fala que basta multiplicar por sete para chegar à “idade humana” dos cachorros. Mas um recente estudo nos Estados Unidos chegou à conclusao que um filhote de um ano na verdade teria 30 anos de idade
Se existe um mito que persiste ao longo dos anos, sem muita evidência, é que para calcular a idade do seu cão deve-se multiplicar por sete para saber quantos anos eles teriam se fossem humanos. Em outras palavras, um cão de quatro anos seria semelhante em idade fisiológica a uma pessoa de 28 anos.
Mas um novo estudo de pesquisadores da Faculdade de Medicina da Universidade da Califórnia (UC) em San Diego, Estados Unidos, joga essa teoria pela janela. Em vez disso, eles criaram uma fórmula que compara com mais precisão as idades de humanos e cães.
O estudo concluiu que quando os cães são jovens, eles envelhecem rapidamente em comparação aos seres humanos, e ao longo do tempo esse envelhecimento vai desacelerando.
Isto é, um cão de um ano é semelhante a um humano de 30 anos. Já um cão de quatro anos é semelhante a um humano de 52 anos. E aos sete anos, o envelhecimento do cachorro diminui ainda mais. (Veja o gráfico de abertura da matéria).
“Isso faz sentido quando você pensa sobre isso – afinal, um cachorro de nove meses pode ter filhotes, então já sabíamos que a proporção de 1: 7 não era uma medida precisa da idade”, disse Trey Ideker, PhD, professor da Faculdade de Medicina da UC San Diego e do Moores Cancer e um dos autores do estudo.
Idade das células
Segundo o pesquisador, a fórmula é baseada nas mudanças dos padrões de componentes químicos presentes em genomas de cães e humanos à medida que envelhecem.
Como as duas espécies não envelhecem na mesma taxa ao longo da vida útil, verifica-se que não é uma comparação perfeitamente linear, como sugere a regra geral de “1: 7” anos.
A nova fórmula, publicada em 2 de julho no jornal de ciência Cell Systems, é a primeira transferível entre as espécies. Os autores do artigo dizem que ele pode fornecer uma ferramenta útil para veterinários e para avaliar intervenções antienvelhecimento.
O novo método determina a idade de uma célula, tecido ou organismo com base na leitura de sua epigenética – modificações químicas como a metilação, que influenciam quais genes estão “desligados” ou “ativados” sem alterar a própria sequência genética herdada.
Ideker disse que foi a primeira autora do artigo, a doutora Tina Wang, quem primeiro trouxe a idéia do cachorro para ele. “Sempre olhamos para os seres humanos, mas eles são meio chatos”, disse ele. “Então ela me convenceu de que deveríamos estudar o envelhecimento de cães de maneira comparativa”.
“É importante entendermos melhor o processo de envelhecimento”, disse ele, já que os veterinários costumam usar a proporção de 1: 7 anos para determinar a idade de um cão e usar essas informações para orientar as decisões de diagnóstico e tratamento.
Entretanto, existe uma limitação do novo “relógio genético”, uma vez que ele foi desenvolvido usando uma única raça de cachorro, e sabe-se que algumas raças de cães vivem mais que outras.
Os pesquisadores planejam agora testar outras raças de cães, para determinar se os resultados se mantêm usando amostras de saliva e testar modelos de ratos para ver o que acontece com seus marcadores epigenéticos quando se tenta prolongar suas vidas com uma variedade de intervenções.
Fonte: Universidade da Califórnia (UC) de San Diego